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“Mercado turístico baniu Salvador da prateleira”, afirma presidente da ABIH-BA

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Apesar de uma pequena melhora, Glicério Lemos explicou que 90% dos hotéis ainda operam no vermelho  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 17/01/2019, às 16h24   Shizue Miyazono


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Nos últimos anos, Salvador vem sofrendo com a crise do turismo. Apesar da prefeitura e do governo do estado divulgarem que cresceu o número de turistas no último ano, o trade afirma que nada se compara ao movimento de sete, dez anos atrás, quando a capital baiana respirava turismo.

Em outubro, por exemplo, bem na época que começa a alta estação, a população baiana foi surpreendida com a notícia do fechamento de mais um hotel na capital baiana. O Othon Palace, tradicional hotel localizado no bairro de Ondina, foi mais um grande empreendimento que fechou as portas em Salvador.

Apesar de políticos e alguns empresários mostrarem uma expectativa positiva com o tímido aumento de turistas em 2018 e início deste ano, o setor hoteleiro ainda vem demonstrando queda na taxa de ocupação média e os hotéis continuam trabalhando no vermelho.

Em entrevista ao BNews, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Glicério Lemos, explica as dificuldades do setor, fala sobre a expectativa da abertura do Centro de Convenções e afirma que Salvador foi banida do mercado turístico.

BNews: Qual a sua avaliação do setor hoteleiro no ano de 2018?

Glicério Lemos: Nós tivemos um crescimento acumulado em torno de 7% (de janeiro a outubro). A perspectiva nossa é de uma temporada melhor do que o ano passado. A nossa dificuldade é que não estamos conseguindo aumentar a nossa diária média, que está estacionada há cinco anos, que é fruto da falta do Centro de Convenções. Nós temos uma taxa de ocupação acumulada de 61% nos dez primeiros meses esse ano e se nós tivéssemos o Centro de Convenções estaríamos com uma taxa de 78 a 80%, essa diferença é justamente onde está a nossa lucratividade, o equilíbrio financeiro das agências de turismo. A nossa taxa de ocupação hoje ainda não está pagando nossos custos, e temos 90% operando no vermelho.

BNews: Então, com a construção dos Centros de Convenções municipais e estaduais a tendência é que melhore a ocupação do setor hoteleiro?

G.L.: Nós temos uma perspectiva única que é o Centro de Convenções da Prefeitura porque o Estado ainda não tem nada concreto. A gente espera que se concretize, mas até o presente momento não se concretizou nada ainda. O da prefeitura só inaugura em setembro de 2019, até lá nós ainda vamos sofrer muito. Salvador é uma cidade com 3 milhões de habitante e é imprescindível um Centro de Convenções, uma cadeia de turismo grande, que precisa aumentar, crescer, gerar mais riqueza, a única indústria que pode crescer aqui é a indústria do turismo. O Centro de Convenções é um equipamento importantíssimo, de alta relevância para qualquer cidade.

BNews: A previsão para 2019 é que a situação ainda seja difícil para o setor hoteleiro?

G.L.: Sim, porque a gente ainda não tem a materialização do Centro de Convenções, só vai melhorar com a abertura, quando tiver as grandes convenções, que vai ter um impacto em grandes hotéis. Os grandes hotéis não sobrevivem sem um Centro de Convenções, os grandes hotéis têm grandes estruturas que requerem um Centro de Convenções funcionando com grandes eventos para que tenha taxa de ocupação de diária média que dê sustentabilidade ao negócio.
Nós começamos a trabalhar muito forte no segmento pra que Salvador voltasse a prateleira do turismo. Salvador foi banida, o mercado turístico baniu Salvador, retirou das prateleiras do turismo. De 2016 pra cá a ABIH fez um trabalho juntamente com a Secult de capacitação de hoteladores e agentes de viagem. É um trabalho de base, de recomeço, para que os operadores vendam e saibam da requalificação da qual Salvador passou. Esse trabalho só começou a colher os frutos em junho do ano passado, que a gente começou a ter um crescimento pequeno. O trabalho continua, esse é o terceiro ano. Esse ano já capacitamos mais de 3,5 mil agentes operadores e temos 16 polos emissores para Salvador. Nós fazemos uma pesquisa e identificamos esses polos e capacitamos para que Salvador seja reposicionada na venda ao turista, o vendedor, o operador que oferece esses pacotes tem que saber como salvador melhorou, como Salvador está. A ocupação está crescendo, porém ainda não conseguimos crescer a diária média.

BNews: Por que Salvador foi banida do mercado turístico?

G.L.: Parou de ser vendida porque a Prefeitura e o Estado não fizeram esse trabalho, a imagem de Salvador estava péssima, Salvador estava acabada. Então, afugentou os turistas. Tinha também o problema de segurança, os pontos turísticos e praças todos acabadas. Houve uma requalificação, uma nova orla, museus novos, pontos turísticos novos e isso atrai os turistas, isso é dinâmico. Nós temos uma coisa excelente em Salvador, nossa gastronomia, nossa história, nossa cultura, nós temos um Pelourinho maravilhoso. O aeroporto também estava abandonado, tinha um problema sério e agora está sendo requalificado. Então, a cidade sendo requalificada e o aeroporto melhorando, o Centro de Convenções voltando, é um tripé que estava faltando para Salvador e com a retomada a gente espera que em 2020 tenha uma recuperação de toda a cadeia do turismo.

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