Hóspedes denunciam ação truculenta da Guarda e PM em hotel na Liberdade, mas órgãos negam

Pessoas em situação de rua, que estão hospedadas desde o início da pandemia no Hotel Vênus, localizado na Liberdade, denunciaram ao Bnews uma suposta ação truculenta de policiais militares e guardas municipais no início da manhã desta segunda-feira (10).

Segundo eles, uma travesti, que também é hóspede do espaço, sentiu falta dos seus documentos e de uma quantia em dinheiro. Após um bate-boca, funcionários do estabelecimento chamaram as autoridades para tentar resolver a situação. 

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Mas, ainda segundo os hóspedes, ao chegar no hotel, os policiais e os guardas espancaram a travesti em um dos cômodos. Um outro homem que presenciou a cena e que sugeriu denunciar a ação dos profissionais à Corregedoria de Polícia também foi espancado. 

"Nós começamos a gravar e eles pediram para gente parar. Não tinha a necessidade de chegar assim, quebrando todo mundo. Aqui moram pessoas em situação de rua, mas isso não justifica. A travesti ficou bem alterada e xingou eles", contou um hóspede que preferiu não se identificar. 

Na manhã desta terça-feira (10), viaturas foram vistas estacionadas em frente ao hotel e os denunciantes temem uma retaliação já que imagens de parte da ação do dia anterior foi registrada. 

Outro lado

A reportagem entrou em contato com assessoria da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), que cuida do acolhimento de pessoas em situação de rua. Os órgãos deram uma versão diferente dos denunciantes. 

Em nota, a Sempre informou que a travesti chegou à unidade sob efeito de substâncias psicoativas, e ao despertar, sentiu falta dos documentos. Logo depois, iniciou agressões verbais e físicas aos educadores sociais.

"Diante da continuidade das agressões, a equipe solicitou o apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar, que acompanharam a retirada dos pertences do quarto ocupado pela assistida e a sua saída. Os técnicos da Sempre permanecem atuando para que a assistida restabeleça a autonomia e a gestão da própria vida. Ela continua a ser acompanhada pela equipe, está residindo, temporariamente, na casa de um amigo e teve o Auxílio Moradia liberado", diz trecho da nota enviada pela Sempre.

Ainda de acordo com o órgão, ela também está recebendo todo o apoio para retirada de novos documentos para que possa sacar o benefício e alugar um novo imóvel.

Já a Guarda, também por nota, informou que foi chamada pelos educadores do espaço e que acompanhou, junto com a PM, a retirada dos pertences do quarto ocupado pela assistida e a sua saída do local. 

A PM informou que não tem registro de operação realizada no bairro na data da ocorrência, mas destacou que qualquer cidadão que se sentir vítima em alguma ação da corporação deve registrar o fato na Corregedoria, localizada na Rua Amazonas, n° 13, bairro da Pituba.

"Vale ressaltar que o sigilo da fonte é garantido. A denúncia também pode ser feita através do site www.pm.ba.gov.br, no link da Ouvidoria, ou por meio do 0800 284 0011", destacou a equipe de comunicação da corporação.