Salvador

‘Me isolei das pessoas, mas não dos fantasmas’, diz baiana que passou quarentena em casa mal-assombrada

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Moradora de Cajazeiras diz que aparições sobrenaturais aumentaram durante pandemia  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Google Street View

Publicado em 21/12/2020, às 19h35   Gabriel Moura


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Como se o coronavírus não fosse assustador o suficiente, uma baiana ainda teve o desprazer de ter passado a quarentena dentro de uma casa mal-assombrada. 

Assim foram os últimos meses de Rebeca Andrade*, estudante de 21 anos e moradora de Cajazeiras. Sem sair de casa e ver pessoas que não são de sua família, a jovem descobriu da pior forma que as regras de distanciamento não estão sendo adotadas no além.

Não que as experiências sobrenaturais sejam novidade em sua vida. “Quando era mais nova, por exemplo, eu tive um sonho que meu irmão iria morrer. No dia seguinte ele suicidou. Também tive o mesmo tipo de sonho na noite anterior à morte de meu avô”, lembra, Rebeca. 

Só que na quarentena as experiências sobrenaturais estão se intensificando. “Consegui me isolar das pessoas, mas não do mundo espiritual”, brinca. Só em 2020 a estudante ouviu passos, sentiu cheiros estranhos e viu pessoas mortas caminhando pela sua casa.

De todas as experiências que teve, duas foram mais marcantes: primeiro quando estava no banho e ouviu alguém andando e mexendo em objetos no quarto de sua mãe. “Liguei para meus pais para saber se eles tinham voltado para casa e eles disseram que estavam na rua ainda”, disse ela que se trancou no banheiro e esperou o inquilino indesejado sair do local.

“Mas o pior dia mesmo foi quando estava chovendo bastante e as luzes se apagaram de uma hora para outra. Fiquei morrendo de medo e comecei a ouvir vozes. Fui para a sala e perguntei ‘se tinha alguém aí’, mas ninguém respondeu. Então, de repente, eu desmaiei e acordei toda machucada. Eu não me lembro de nada, não sei o que me feriu. Minha única reação foi orar desesperadamente por Nossa Senhora”, narra.

Rebeca mora em casa com seus pais, que saem para trabalhar a deixando sozinha por diversas vezes. Dentre os residentes, apenas ela tem essas experiências sobrenaturais. De família católica, ela já chegou a receber atendimento religioso para tentar descobrir as causas e curar a paranormalidade. Em vão.

“Às vezes acho que isso é coisa da minha cabeça, outras penso que aquilo está ocorrendo de verdade. Fato é que eu vejo e sinto coisas, só não sei se são reais ou não. Eu, até como mecanismo de defesa, acabo esquecendo a maioria das experiências que tenho. Por isso anoto todas num diário, que está lotado”, revela.

Sem ajuda
Reais ou não, Rebeca por enquanto está sem poder recorrer a alguém da Igreja Católica. Isso porque, atualmente, Salvador está sem padre exorcista. Esta função é delegada pelo arcebispo e como o Cardeal Sérgio da Costa está há pouco tempo no cargo, ainda não houve tempo para uma nomeação.

Lugares mal-assombrados de Salvador
Se você não tem uma casa mal-assombrada para chamar de sua, mas está querendo viver esse Scooby-Doo às avessas - com humanos de máscara e fantasmas reais -, Salvador tem alguns lugares ditos apavorantes.

Um dos mais famosos são os porões do Mercado Modelo, onde escravizados africanos costumavam ficar, serem torturados e mortos. Ainda hoje há quem jure de pé junto que ouve gritos e pedidos de socorro no local, principalmente à noite.

Outro ponto bem famoso é a Casa das Sete Mortes - apelido exagerado pois, na verdade, foram “só” quatro assassinatos cometidos no local. Os crimes, ocorridos em 1755, jamais foram solucionados. Mas reza a lenda que tudo foi armação de uma empregada que, querendo se vingar de uma desilusão amorosa, resolveu envenenar algumas pessoas. A casa fica na rua Ribeiro dos Santos, na Baixa dos Sapateiros.

Já se você estiver à procura de um fantasma com quem você possa ter uma proximidade maior, com direito a chamá-lo pelo nome, o Teatro Vila Velha é seu local. Por lá, dizem as histórias, que perambula é João Augusto, um dos fundadores do teatro. A aparição mais famosa de Joãozinho foi descrita por um segurança noturno que trabalhava na casa de espetáculos. A entidade teria alertado ao trabalhador para não descer as escadas. O homem, obediente, imediatamente seguiu a ordem e nunca mais voltou.

*Rebeca é um nome fictício para preservar a identidade da fonte

Classificação Indicativa: Livre

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