Salvador

Baianas de Acarajé usam praia como banheiro por falta de estrutura no Largo das Baianas em Amaralina

Dinaldo Silva/ BNews
As baianas afirmam que conseguem utilizar banheiro e acesso a água dos bares, mas quando fecham precisam recorrer a praia  |   Bnews - Divulgação Dinaldo Silva/ BNews

Publicado em 10/08/2022, às 11h44 - Atualizado às 12h38   Yasmim Barreto


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Uma reforma para turistas. É assim que os funcionários, em especial, as baianas de acarajé, enxergam a revitalização do Largo de Amaralina, também conhecido como Largo das Baianas, já que, mesmo após as obras, as quituteiras trabalham em más condições e são submetidas a situações precárias, como ausência de banheiro, água e energia no local. 

Ao BNews, a baiana Joselice Batista, que trabalha no ramo há 36 anos no bairro de Amaralina, relatou sobre a dura realidade que ela e suas colegas vivem ao trabalhar no Largo das Baianas. Sem um banheiro específico, a quituteira contou que a praia virou um “banheiro natural” para fazer suas necessidades básicas. 

“Quando o bar tá fechado a gente tem que ir na praia fazer alguma necessidade, porque sem bar aberto, a gente precisa ir na praia mesmo”, disse Jojo, como é conhecida. 

Joselice Batista - baiana de acarajé

De acordo como a baiana, os donos e gerentes dos bares da região são solidários e deixam seus banheiros disponíveis para as quituteiras utilizarem. Contudo, com o funcionamento atrelado ao movimento do dia, fica para as baianas se apegar a sorte para que os estabelecimentos estejam abertos enquanto elas trabalham. 

Além disso, outros problemas são enfrentados pelas mulheres. “A gente usa o banheiro do bar, para pegar água o pessoal do bar também dá pra gente fazer as coisas, porque nós não temos um ponto de água, tem que ficar usando o do bar, não temos uma tomada para carregar as máquinas pra trabalhar. A reforma daqui foi feita somente para quem vem visitar, porque não tem estrutura para as baianas de acarajé que vendem aqui”, desabafou Jojo. 

Enquanto batia a massa de acarajé da sua banca ‘Acarajé da Jojo’, a mulher ainda completou: “já temos muitos anos sem banheiro, mas agora com essa reformar achávamos que teríamos um banheiro pra gente, um lugar pra gente guardar nossas coisas, agora esse abrigo é para as pessoas da rua”. 

O que foi reiterado pela gerente de um dos bares, Bete Aparecida. Segundo a administradora, a revitalização não foi benéfica para as baianas, já que, além de todos os problemas, elas ainda sofrem com dias chuvosos. 

“Antes era um pouco melhor, porque era diferente o modelo, ficávamos mais abrigadas, muito aberto, muito exposto e quando chove as vezes até preciso emprestar um sombreiro pra elas porque molha tudo”, afirmou. 

Bete Aparecida

O que diz a Limpurb?

Procurada, a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) novamente enviou à reportagem uma nota informando que o Largo das Baianas, localizado em Amaralina, é contemplado com os serviços de varrição e coleta diariamente. "Além disso, também é realizada a lavagem de segunda a sábado durante a madrugada", disse em nota. 

Já sobre os banheiros, o órgão ressaltou que :"referente a ausência dos banheiros químicos na localidade, a Limpurb esclarece que não há registros de solicitação dos equipamentos na área. Orientamos que as solicitações sejam feitas através de Ofício ou do 156, número do Fala Salvador. Feito isso, será realizada uma análise  para verificar a viabilidade de instalação dos equipamentos no local".  

Entretanto, também foi questionado se, ao ter conhecimento da demanda das baianas de acarajé, o órgão não deveria atender a demanda. Em nota, a Limpurb disse que vai encaminhar uma equipe pra avaliar a real necessidade do equipamento no local.

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