Salvador

Praia do Flamengo: Moradores apontam de “descaso” e “invasão” em obra de requalificação da orla

Domingo Júnior/BNews
A obra de requalificação da região afeta, segundo eles, o ambiente natural do trecho na Praia do Flamengo  |   Bnews - Divulgação Domingo Júnior/BNews

Publicado em 12/06/2023, às 13h37   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Indignação, desrespeito e apelo. Essas são as três características em comum e presentes em um grupo de moradores do bairro de Praia do Flamengo, em Salvador. Inconformados com a obra de requalificação, realizada na orla da localidade, um extenso coletivo sinaliza para o “descaso” da Prefeitura de Salvador.

A reportagem do BNews esteve no local e conversou com alguns moradores. Durante um trecho da orla, vários indícios da existência da obra foram notados. Segundo os habitantes, a alteração humana tem danificado o restante da vegetação de restinga presente no bairro.

A obra compreende uma extensão territorial superior a 2 km e 164 mil m². Com a inclusão da orla marítima e das ruas de acesso às praias, a obra está no seu princípio. 

“É algo que a gente não gostaria de ver, a nossa natureza sendo invadida pelo concreto. Isso que está acontecendo é uma infelicidade, A prefeitura, que se diz competente, tem invadido a nossa praia para concretizar. É um desabafo, não só meu, mas de todos os moradores da Praia do Flamengo, que amam esse paraíso. Estamos unidos para que a gente veja esse lugar prosperar do jeito que Deus criou, que é com a natureza leve, livre e solta”, explica Fernando Oliveira, de 46 anos. 

A obra de requalificação da região afeta, segundo eles, o ambiente natural do trecho na Praia do Flamengo. Foto: Domingos Júnior/BNews
A obra de requalificação da região afeta, segundo eles, o ambiente natural do trecho na Praia do Flamengo. Foto: Domingos Júnior/BNews

A projeção da gestão municipal da capital baiana é construir quadras esportivas, pista de patins, espaços de convivência, entre outros. Do mesmo modo, a ideia é também construir um viveiro de restinga, de forma a revitalizar a ecologia da orla marítima de Salvador. 

Em contrapartida a isso, os moradores avaliam como prejudicial a intervenção. O trecho corresponde ao de número II - com o I e o III correspondentes a Stella Mares e Ipitanga, respectivamente.Aparência 

Consequência do convênio de R$ 58 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a obra deixa até mesmo turistas abismados com o atual cenário. 

“Estou em Salvador há algumas semanas e voltei à essa praia pela segunda vez. Porém, nas duas, notei que essa obra aqui tira um pouco da beleza da praia. Estão degradando o que deveria ser preservado naturalmente”, dispara uma moradora de Minas Gerais, que preferiu não se identificar.

União

Outro morador do local, que optou por ser identificado apenas com as iniciais G.S, mencionou que um abaixo-assinado foi criado. Até o momento, mais de 3.500 assinaturas foram feitas. O objetivo deles é pedir o processo de licenciamento.

“Eles [a Prefeitura] sinalizaram que existe esse documento. Mas não tivemos acesso aos estudos que eles dizem terem feito sobre os possíveis impactos”, garante. 

Com o desenrolar da obra, o grupo acionou o Ministério Público com um pedido de representação. A solicitação foi aceita, porém não teve retorno. 

Com o desenrolar da obra, o grupo acionou o Ministério Público com um pedido de representação. Foto: Domingos Júnior/BNews
Com o desenrolar da obra, o grupo acionou o Ministério Público com um pedido de representação. Foto: Domingos Júnior/BNews

O BNews entrou em contato com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) que promove a obra do trecho II para saber mais informações. A pasta relata que a “construção do projeto passou pela participação efetiva da comunidade local”.

Confira a nota da Secult na íntegra:

“A construção do projeto passou pela participação efetiva da comunidade local, com reuniões e audiências públicas realizadas com moradores e representantes da sociedade civil organizada para que o projeto alcance seu objetivo, gerando renda para quem vive do local e sendo um ambiente atrativo para baianos e turistas, preservando o meio ambiente da região.

A Requalificação foi projetada para proporcionar um ambiente urbano agradável com a conservação e restauração do meio. A manutenção do coqueiral e a recomposição da cobertura vegetal, com plantio de espécies nativas de restinga de praias, valorizarão ecologicamente o local. A nova iluminação foi projetada de acordo com as orientações do Centro TAMAR/ICMBio para a conservação das tartarugas marinhas. Outro passo dado para a preservação da fauna e da flora locais foi a contratação da Fundação Projeto Tamar para monitoramento de tartarugas e mapeamento da fotopoluição, para verificação da incidência de luz artificial nas praias.

Destaca-se que, durante as obras, é realizado um trabalho de uma equipe ambiental multidisciplinar (biólogos, veterinário, geógrafa e engenheiros ambientais), atuando de forma integrada e comprometida, não somente para atendimento da legislação e condicionantes ambientais, mas para garantir a conservação das espécies que vivem na Orla de Praia do Flamengo.”

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp