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Ao BNews, Flávio José critica invasão do sertanejo no São João e diz que 'modismo' atrapalha forró

Vagner Souza / BNews
Para o sanfoneiro, ele e outros forrozeiros tiveram redução na agenda, e que outros artistas nem tem oportunidade  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 25/06/2018, às 09h10   Tiago Di Araujo


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Uma polêmica que há alguns anos passou a rondar o São João voltou à tona neste ano de 2018: a invasão do sertanejo nas principais festas juninas da Bahia e do Brasil, privadas e públicas. O fenômeno deixa alguns forrozeiros tradicionais chateados com a falta de prioridade dada ao gênero característico da festa, o forró.

O assunto foi o tema da entrevista concedida ao BNews pelo cantor Flávio José momentos antes do seu show, na cidade de Amargosa. "Eu acho que, de qualquer forma, não deixa de atrapalhar", afirmou, ao lembrar que muitos forrozeiros não têm tido oportunidade de representar seu gênero.

"Eu conheço muitos artistas novos que já jogaram a toalha, se entregaram, porque não têm apoio. Infelizmente, os contratantes nunca dão oportunidade a quem não é conhecido. Agora, se você não tiver oportunidade, como é que vai ser conhecido?", questionou. 

Apesar do questionamento e sendo um dos mais conhecidos nomes do forró tradicional, Flávio não esconde que fica incomodado com a questão. "Mas, isso daí, é como eu sempre digo: aquilo que a gente não pode mudar, a gente aprende a conviver".

Questionado se é prejudicado, mesmo sendo referência, o sanfoneiro foi enfático. "Claro que sim. Hoje o que está mandando no mercado é o modismo. A gente que faz um trabalho altamente cultural, a gente fica para depois", reclama.

Para justificar, o cantor exemplificou com números de shows no período. "Eu digo isso porque geralmente no mês de junho a gente fazia 24 a 25 shows. No ano passado a gente fez 14. Nesse ano, tem uns três ou quatro a mais, e tudo por conta disso", explicou.

No entanto, o artista deixou claro que não tem nada contra o sertanejo. "Eu não tenho nada contra estilo musical nenhum, mas eu acho que 'cada macaco em seu galho', cada um em sua época", defendeu.

O sanfoneiro ainda destacou que outros artistas renomados no forró estão sofrendo com o mesmo problema. "A gente reuniu, esse ano, 29 artistas e fizemos um disco só para resgatar as músicas do São João. Esse disco tem o nome de 'Forró, Festa e São João', e até agora, por onde tomei conhecimento, não encontrei nenhum local que tivesse pelo menos quatro desses 29 na programação de São João", exemplificou. 

Para ele, essa é uma prova que o forró está sendo desvalorizado com a invasão do sertanejo nas festas juninas. "Então, a prova está aí. De 29 artistas que fizeram um disco de São João, grandes nomes, você olhar para todo canto e não ter nem quatro em uma programação, é no mínimo estranho", concluiu. 

O álbum que Flávio José se refere traz nomes conhecidos como Adelmário Coelho, Alcymar Monteiro, Anastácia, Antônio Barros, Assisão, Cecéu, Chambinho, Elba Ramalho, Flávio José, Flávio Leandro, Fulô de Mandacaru, Genival Lacerda, Geraldinho Lins, João Lacerda, Joaquinha Gonzaga, Jorge de Altinho, Leonardo de Luna, Maciel Melo, Maira Barros, Nádia Maia, Nando Cordel, Petrúcio Amorim, Quinteto Sanfônico do Brasil (Targino Gondim, Gel Barbosa, Marquinhos Café, Sebastian Silva e Rennan Mendes), Raimundinho do Acordeon, Santanna, Targino Gondim, Trio Nordestino e Waldonys. 

Classificação Indicativa: Livre

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