Baianos que vivem no exterior contam ao BNews clima de tensão por causa do coronavírus; assista

Ruas desertas, escolas e universidades fechadas, supermercados com prateleiras vazias e farmácias com falta de máscaras cirúrgicas e álcool em gel. Essa é a realidade de quem vivem em algumas cidades mundo afora, onde o coronavírus já preocupa a população, em razão do grande número de casos confirmados.

O BNews foi em busca de baianos que moram na Itália, onde já morreram mais de mil pessoas com Covid-19, Portugal, Alemanha e Estados Unidos, e os relatos, gravados em vídeos (veja abaixo) são semelhantes em se tratando de comportamento da população para prevenir novos casos da doença.

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Moradora de Lisboa desde 2016, a baiana Ana Reis, 57 anos, disse ao BNews que já não consegue encontrar álcool em gel nas farmácias - indicado para fazer a assepsia das mãos, principal transmissora do coronavírus. “Tem sido estranho ir às ruas. Precisei ir ao médico para buscar uma receita e a forma de abordagem dos profissionais já foi bem diferente, com mais cautela, todos de máscara, desde a recepção”, contou.

Ainda de acordo com ela, nos noticiários lusitanos não há outro assunto que não o coronavírus. Até às 11h do dia 13 de março, já tinham sido confirmados 112 infectados pelo coronavírus em Portugal, sendo que 5.674 pessoas estão sob vigilância e outras 1.308 são suspeitas de terem Covid-19.

“Não acredito que o pânico vá levar a lugar nenhum, mas também não podemos desconsiderar a gravidade da situação”, disse Ana. O governo de Portugal anunciou que o estado de alerta no país pode ser prolongado até 9 de abril.

Na Itália, morador da cidade de Veneza, Indianara Conceição de Araújo disse ao BNews que as ruas parecem ambientes de guerra - “paradas e com supermercados de prateleiras quase vazias”. Com essa definição, ele destacou que a situação está crítica, principalmente quanto ao estoque de alimentos. “A gente não pode ficar nas ruas. Os mercados fazem filas para organizar a entradas das pessoas, já que o contágio maior é pelo ar e eles querem evitar aglomerações”.

Ainda de acordo com Indianara, a depender do trabalho, a pessoa está, inclusive, impossibilitada, de exercer a atividade. “Estamos todos de quarentena. Pode sair de casa quem é médico, bombeiro, quem trabalha em transporte público, que é o meu caso. Quando alguém desautorizado sai, pode ser flagrado pela polícia e ter de pagar multa”, contou. A Itália já registrou mais de mil mortes por causa do Covid-19 e tem 15.113 casos confirmados de coronavírus, sendo o país europeu mais afetado.

Também na Itália, mas província de Latina, Fernando contou ao BNews que a situação “está tensa, porque o ministro decretou que todos os cidadãos precisam ficar dentro de casa e, no entanto, algumas pessoas, por falta de crença na doença, desrespeitam essa medida”. Além disso, o baiano disse que somente farmácias e supermercados ficam abertos, enquanto os demais estabelecimentos suspenderam as atividades.

Já Luciene, que viajou para a Alemanha para fazer um curso, ressaltou que a situação no país é mais branda do que na Itália. “As pessoas ainda estão circulando normalmente, mas, por precaução, a partir desta segunda, as escolas vão estar fechadas, inclusive o curso no qual estudo já avisou que só vai retomar as atividades a partir de 19 de abril”.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, pediu, nesta quinta-feira (12), que eventos com mais de mil pessoas sejam cancelados. Ela também recomendou que os hospitais deem prioridade aos pacientes com Covid-19, cancelando operações e tratamentos que não sejam estritamente necessários.

Nos Estados Unidos, a cantora baiana Renata O’Hara, 37 anos, que há mais de 20 mora no país, na cidade de Fort Lauderdale, também dividiu com o BNews a preocupação dela e da família com a situação de pandemia mundial decretada por causa do coronavírus. “Muitos lugares fechados, desde lojas, restaurantes, a própria Disney. Tudo isso como forma de precaução contra o coronavírus”, detalhou.

Ainda segundo ela, em muitos supermercados já está difícil encontrar alimentos. “Peguei uma fila enorme para conseguir comprar carne. Isso depois de ter ido a vários lugares onde não encontrei o produto. As pessoas estão estocando, porque ninguém sabe até quando vai durar a pandemia”, disse.

Também natural de Salvador e moradora de Fort Lauderdale, Lila Costa, apesar de reconhecer que é necessário ter atenção à pandemia de coronavírus, ela acredita que existam muitas outra intenções por trás da espetacularização do surto.

“Nos Estados Unidos tem muita gente em pânico, estocando papel higiênico, água, tudo guardado como se fossem passar por um furacão. Esse vírus tem uma taxa de letalidade muito pequena, ainda mais comparada à taxa da cura. O que é grande é o índice de contaminação. Já passamos por coisa muito pior, como o H1N1. Então, o alarde do governo para que haja a prevenção é todo pensado na manutenção da economia”, explicou.

Nos Estados Unidos, até às 15h desta sexta-feira (13), já haviam sido confirmados 1.678 casos de coronavírus, com 41 mortes já registradas. As ocorrências foram relatadas por 46 estados e pelo distrito de Columbia, sendo a maioria referente a pessoas repatriadas do Japão e Wuhan, na China, onde o surto começou.

Um leitor do BNews, que preferiu não se identificar, está em um cruzeiro e contou que o navio foi proibido de atracar em Portugal. “Descendo na quinta em Tenerife, na Espanha, mas, após deixarmos o país, fomos comunicados que o governo de Portugal proibiu que os passageiros desembarquem em Lisboa”, disse.

Desde o surgimento do vírus no fim de dezembro, mais de 134.300 pessoas foram contaminadas em 121 países e territórios, incluindo o Brasil. Na China continental faleceram 3.176 pessoas, na Itália 1.016 e no Irã 514 - os três países mais afetados pela Covid-19.

Veja abaixo o relato dos baianos que estão enfrentando o coronavírus no exterior: