Saúde

O famigerado SUS e a fila da saúde

Imagem O famigerado SUS e a fila da saúde
População espera até quatro horas para marcação de consultas  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 05/11/2012, às 16h00   Caroline Gois (Twitter: @GoisCarol)


FacebookTwitterWhatsApp

Na manhã desta segunda-feira (5), cerca de mil pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) se concentraram na porta do anexo do Hospital Santa Isabel, no bairro do Barbalho, afim de conseguir uma das 400 senhas para marcar consultas e exames.
No local, idosos e crianças aguardavam por mais de quatro horas, sendo que por volta das 9h, as 400 senhas já haviam sido distribuídas. A equipe de reportagem do Bocão News já tenta contato com a direção do Hospital, mas aina não obteve retorno.
Em julho deste ano, o Ministério da Saúde divulgou os resultados de uma pesquisa desenvolvida com o objetivo de avaliar o grau de satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde em relação a diferentes aspectos da assistência à saúde no Brasil, tais como, acesso e qualidade, percebidos tanto na atenção básica quanto na urgência e emergência, mediante inquérito amostral.
A pesquisa considera como “satisfação” o grau de contentamento – ou de alcance de expectativa – de uma pessoa frente a determinada situação, serviço ou mesmo outros indivíduos. Isso significa que “satisfação” não é propriamente um conceito fixo ou imutável, pois pode ser diferente para cada indivíduo.
No campo da saúde diversos aspectos costumam ser avaliados quanto ao grau de satisfação, tais como: acesso, tempo de espera, acolhimento.
A pesquisa foi realizada pelo Departamento de Ouvidoria Geral do SUS, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, por meio de contato telefônico, em dois períodos distintos: de 30 de junho a 29 de julho de 2011 e de 08 de novembro de 2011 a 09 de janeiro de 2012. Seu público-alvo constituiu-se de cidadãos com 16 anos ou mais e dependentes abaixo desta idade que tivessem utilizado o SUS nos últimos 12 meses, para procedimentos diversos.
Em linhas bastante gerais, a pesquisa demonstrou que as mulheres são as que mais procuraram o SUS, com 66,5%, enquanto entre os que não utilizam o SUS elas representaram 54,8%. O atendimento pela Saúde da Família é maior para os que detêm menores níveis de escolaridade.
Assim, os que são apenas alfabetizados somaram 60,1% dos atendimentos, enquanto pessoas com ensino superior representaram apenas 39,6%. Informação interessante é a de que aqueles que utilizaram o SUS têm perfis são bastante semelhantes àqueles que não o utilizaram nos últimos doze meses, fixando-se as características de idade e cor/raça. Dentre os que não utilizaram o SUS, o nível superior representou quase o dobro daqueles com a mesma escolaridade dentre os que não o utilizaram.

Constituem ainda aspectos dignos de nota na pesquisa:
1.    A maior procura foi por consultas, 78,7%, seguida de medicamentos com 52,7% e exames com 49,2%; Para os menores de 16 anos, o atendimento mais buscado foi vacinação (68,4%).
2.    O maior número de entrevistados atendido pela Estratégia de Saúde da Família ocorreu na região Nordeste (62%).
3.    Cerca de 36% dos entrevistados que foram atendidos no último ano avaliaram o SUS como “bom” ou “muito bom”, 34% como “regular” e 28,6% como “ruim” ou “muito ruim”.
4.    Já entre os que não buscaram o SUS, 25,2% avaliaram o mesmo como “bom” ou “muito bom”, 29,7% como “regular” e 45% como “ruim” ou “muito ruim”.
5.    Dentre os que utilizaram o SUS nos últimos 12 meses 23,3% possuem plano de saúde, enquanto dentre aqueles que não utilizaram o SUS esse índice é de 49,5%. 
Em estudo publicado em novembro do ano passado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) aponta que 89,7% dos baianos são usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) e que apenas 10,3% do nosso povo têm acesso aos planos e convênios médicos. Em números, dos 13.633.969 habitantes baianos estimados pelo Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) de 2010, mais de 12,2 milhões depende o Sistema Único de Saúde. Apenas 1,3 milhões de baianos têm planos de saúde. No estudo sobre acesso a saúde no Brasil, a Bahia só perde para os Estados do Maranhão e do Pará. No Estado de São Paulo, dos seus 41.252.160 habitantes estimados, 44,5% têm plano de saúde.
Em 20 de setembro deste ano, um caso chamou a atenção para o atendimento realizado na saúde pública. Deivisson Luís Barbosa, 23, foi Vítima de leptospirose. O jovem veio a óbito no Hospital Couto Maia. Ele passou por exames no Hospital do Subúrbio e foi liberado sem o diagnóstico.
Após a morte, familiares e outros manifestantes ocuparam a entrada do Hospital do Subúrbio e incentivados por um carro de som e brados de protesto invadiram as dependências do equipamento público. Para o secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla, a ação foi coordenada por agentes políticos da região interessados em desgastar o governo.

Matéria originalmente publicada às 09h15 do dia 05/11.

Veja galeria de imagens

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp