Coronavírus

Especialistas divergem sobre suspensão de vacinação em adolescentes em Salvador

Bruno Concha/Prefeitura de Salvador
Bnews - Divulgação Bruno Concha/Prefeitura de Salvador

Publicado em 16/09/2021, às 13h47   Pevê Araújo


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O Ministério da Saúde enviou uma nota técnica, nesta quinta-feira (16), recomendando a suspensão da vacinação para adolescentes sem comorbidades. Assim, a capital baiana restringe a vacinação, a partir de hoje, apenas a jovens entre 12 e 17 anos  que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade. A suspeita é que a suspensão tenha sido recomendada após a morte de um adolescente em São Bernardo após a aplicação da 1ª dose da Pfizer.

Em entrevista para o Bnews, o virologista Gúbio Soares afirmou que as reações são comuns em qualquer imunizante utilizado para conter o avanço do Coronavírus e que efeitos colaterais já aconteceram no mundo inteiro.

"A reação adversa nessas vacinas atuais contra a doença Covid existe. Já existe morte fora do Brasil, na Nova Zelândia, na Itália, pessoas adultas que tiveram efeito adverso. Qualquer medicação nesse nível tão moderno, nessa plataforma tão moderna de RNA, vão causar efeito adverso", contou o virologista.

Soares disse também que a suspensão imediata da aplicação dos imunizantes nos adolescentes neste momento é uma atitude correta. Para ele, é necessário fazer uma avaliação sobre a situação do jovem que morreu após receber a dose.

"A atitude de suspender a vacinação nesses indivíduos é para fazer uma avaliação, qual era a comorbidade que tinha essa criança, qual foi a vacina que deu. Tem que fazer uma avaliação, é o correto a fazer. Você não pode ter um fator adverso e não avaliar, seria um crime. O governo está certo em parar para fazer uma avaliação", afirmou Soares.

"Isso acontece no mundo inteiro. Na Bélgica suspenderam a vacinação adulta quando teve um efeito adverso para se avaliar, então a atitude do governo é correta para saber qual é o fator que levou a esse efeito adverso", completou.

Gúbio Soares alertou para os perigos de suspender definitivamente a vacinação para os adolescentes e afirmou que a compra de imunizantes de dose única seria uma das opções para diminuir as chances de reações adversas.

"Não deve suspender a vacinação. Isso é uma avaliação bem delicada que o governo terá que fazer. Suspender a vacinação é um risco grande para essas crianças também, porque elas estarão expostas à infecção pelo vírus. O ideal seria também a dose única, trazer as vacinas da Janssen, da Moderna, que é dose única e pronto", pontuou o médico. 

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O infectologista Antônio Bandeira foi ainda mais enfático ao afirmar que a vacinação não deve ser interrompida. O médico disse ao Bnews que a aplicação de imunizantes deve continuar apesar dos efeitos colaterais, previstos no mundo todo e que apresentam números pequenos em relação ao risco de pegar Covid-19. 

"Todas as vacinas tem efeitos colaterais, mas que isso aí em em nenhum momento fez os órgãos regulamentadores tirarem a vacina da Pfizer/BioNTech em relação a adolescentes. Isso está sendo feito no mundo todo. Assim como a AstraZeneca tem efeitos colaterais, já teve mortes associadas à vacina da AstraZeneca, mortes associadas à outras vacinas e você não necessariamente deixa de vacinar as pessoas, até porque esse número é extremamente pequeno", relatou Bandeira.

Em entrevista à rádio Metrópole nesta quinta-feira (16), o secretário de Saúde do Município de Salvador, Leonardo Prates, afirmou a suspensão da vacina é uma precaução até que "os fatos fiquem claros".

"A notícia do agravo em São Paulo nos pegou de surpresa, apesar de alguns casos, não temos nenhuma confirmação. Por precaução, decidimos pela suspensão da vacina em adolescentes, preocupado em cuidar da vida dos adolescentes, nós concordamos que é a melhor medida, até que os fatos fiquem mais claros", disse Prates.

Para Bandeira, a medida é arriscada. O infectologista mencionou a variante Delta e declarou que uma apuração do ocorrido com as vacinas suspensas para adolescentes levaria tempo. 

"Isso aí vai levar tempo para saber. Quem define que a vacina tinha que ser suspensa ou não é a Anvisa, que liberou a vacina aqui, como outros órgãos liberam a vacina em outros países", falou. 

"Ao meu ver essa é uma péssima recomendação que o Ministério está fazendo, porque a gente está com a variante Delta hoje já em vários estados, a gente tem que conter a variante Delta e a vacina é a forma da gente conseguir efetivamente dar conta de rapidamente criar um escudo de proteção", completou Bandeira. 

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