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Desmascarando o mito criado pela pornografia: qual é a verdade sobre squirt e a ejaculação feminina?

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Frequentemente o squirt é confundido com a ejaculação feminina, mas são duas coisas totalmente diferentes; entenda  |   Bnews - Divulgação Ilustrativa/Pexels
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 08/11/2023, às 10h46


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Quem assiste conteúdo adulto provavelmente já se deparou com uma cena típica desse universo: “A atriz começa a estimular a vagina para se masturbar e quando atinge o clímax, um líquido transparente sai de sua vagina: acaba de ocorrer o que é conhecido como squirt (esguicho em inglês). O que nem todos os telespectadores sabem é que, na indústria pornográfica, que movimenta anualmente cerca de 100 bilhões de dólares (mais de R$ 488 bilhões na cotação atual), tudo é sempre calculado com frieza, até mesmo o squirt.

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A atriz colombiana Amaranta Hank, figura conhecida na indústria pornográfica, revela que o esguicho, nem sempre é o que parece nos filmes. Através de um vídeo que alcançou mais de 1,4 milhão de visualizações, Amaranta Hank demonstrou que o squirt, um elemento frequentemente explorado no pornô, pode ser falsificado com habilidades e técnicas bem ensaiadas. As informações são do portal O Globo.

Hank enfatiza que, ao longo de sua carreira na indústria pornográfica, aprendeu a simular o esguicho, principalmente devido à natureza das cenas que frequentemente são rápidas e repletas de pressão. Para facilitar a filmagem, diversas técnicas são utilizadas, incluindo o uso de garrafas de água, bolsas de água nas costas das atrizes e até enemas.  

O mito em torno do esguicho, popularizado pela pornografia nos últimos anos, sugere que esse fenômeno é o clímax máximo do prazer feminino, equiparando-o à ejaculação masculina. No entanto, Amaranta Hank destaca que isso nem sempre reflete a realidade, e o esguicho pode ser encenado com treinamento adequado. Além disso, muitas mulheres experimentam orgasmos satisfatórios sem a necessidade de liberar qualquer líquido.

Foi criada uma fantasia sexual em torno do squirt que a pornografia tornou moda nos últimos anos. No portal de pornografia Pornhub existem mais de 200 mil vídeos com o título "squirting" ou "como conseguir um squirt", segundo dados da empresa atualizados em 2021.

Embora esteja em evidência nos dias de hoje, os registros remontam à Antiguidade, quando o médico Hipócrates mencionou o "sêmen feminino" no século 4 a.C. A sexóloga Almudena M. Ferrer esclarece que, embora muitas pessoas confundam o squirt com a ejaculação feminina, esses são dois processos distintos, diferindo tanto em composição quanto nos órgãos e mecanismos que os produzem. Enquanto o squirt envolve a expulsão de um líquido diluído contendo uréia, ácido úrico e creatinina das glândulas de Skene, a ejaculação feminina é a liberação de um líquido esbranquiçado, espesso e escasso da chamada próstata feminina. Importante notar que ambos podem ocorrer sem a necessidade de atingir o orgasmo.

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A falta de estudos científicos aprofundados sobre a ejaculação feminina tem contribuído para a circulação de lendas urbanas e informações imprecisas. Em 1993, o diretor do Instituto Andaluz de Sexologia e Psicologia, Francisco Cabello, tornou-se pioneiro no estudo desse fenômeno na Espanha, após perceber que muitas mulheres reprimiam seus orgasmos ao confundir o squirt com a necessidade de urinar durante o sexo. Na época, a informação sobre o assunto era escassa, levando Cabello a realizar pesquisas que comparavam a urina pré-orgásmica com a urina pós-orgásmica em busca de diferenças nos marcadores do líquido seminal masculino. Os resultados surpreenderam, revelando que 75% das mulheres apresentavam níveis de PSA (antígeno específico da próstata) na urina pós-orgásmica, indicando que parte da composição do squirt era, na verdade, urina.

Trinta anos após essas descobertas, o squirt ganhou destaque devido à influência da pornografia, embora seu entendimento e aceitação ainda sejam desafios. Norma Ageitos Urain, sexóloga, socióloga e membro do Conselho Diretor da Associação Estatal de Profissionais de Sexologia (AEPS) da Espanha, enfatiza que o squirt é uma reação fisiológica natural do corpo e não deve ser pressionado nas relações sexuais, já que os parceiros muitas vezes buscam replicar o que veem na pornografia, o que é frequentemente irreal.

Um mito comum em torno do squirt é que ele representa o ápice de um orgasmo, mas isso nem sempre é o caso. Diana Lozano, psicóloga, sexóloga e responsável pela área de terapia sexual do Centro TAP, esclarece que é possível experimentar um squirt sem atingir o orgasmo e ainda assim desfrutar do momento íntimo.

Além disso, exemplos como o de Amaranta Hank, que só experimentou o squirt durante a pandemia ao explorar seu próprio corpo, destacam a singularidade de cada experiência e a necessidade de alta excitação e concentração para alcançar esse fenômeno.

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