Saúde

Endometriose: Especialista tira dúvidas sobre doença que atinge Anitta

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Recentemente, a cantora Anitta revelou ter sido diagnosticada com endometriose  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram (@anitta)

Publicado em 10/07/2022, às 05h50   Beatriz Araújo



Desde que Anitta revelou ter sido diagnosticada com endometriose, muito tem se questionado respeito da doença. A cantora, que vinha sofrendo dores intensas, relatou, ainda, que irá passar por uma cirurgia em breve para tratar a enfermidade. Além disso, a artista chamou a atenção de mulheres para que, em caso de sintomas, busquem um atendimento médico.

Para tirar dúvidas sobre a doença, o BNews entrevistou a ginecologista Carolina de Queiroz, que explica o que é a endometriose. “É uma doença que causa uma espécie de inflamação pélvica, causando dor crônica e pode também causar infertilidade. Muitas mulheres demoram para ter o diagnóstico e só descobrem que têm endometriose quando a doença já está muito avançada”, informou.

Diagnóstico

De acordo com a especialista em ginecologia e ultrassonografia, o diagnóstico da endometriose pode ser feito através de exames e também história clínica da paciente, baseada nas queixas e características das dores que a mulher costuma sentir.

“O ginecologista pode pedir um exame laboratorial, que pode ajudar no diagnóstico. O padrão ouro é a videolaparoscopia, que é o exame principal, mas ele é um exame e também é uma cirurgia, porque entra com a câmera no abdômen da paciente, é um exame mais invasivo. Mas a gente tem também a ultrassonografia com preparo intestinal, que pode identificar a endometriose, e a ressonância pélvica, que também pode fazer o diagnóstico”, explica Carolina.

Sintomas

Assim como relatado por Anitta, que disse ter sentido dores insuportáveis em razão da doença, inclusive depois de “comemorar com o boy”, a médica conta que a dor pélvica, dor durante as relações e dor no período menstrual costumam ser sintoma de endometriose.

“Geralmente é uma cólica que vai piorando, cada mês é mais forte. Também, algumas pacientes têm dor crônica e um sintoma muito comum, que chama muita atenção, é o de dor ao ter relação sexual. Esse também pode ser um sinal de endometriose”, disse. “E a infertilidade em algumas pacientes, que acabam não conseguindo engravidar”, completou.

Fatores de risco

Conforme aponta a ginecologista, o único fator de risco para a doença está associado à hereditariedade. “Às vezes tem o histórico de uma irmã que teve, que já tentou engravidar e teve dificuldade, e quando a paciente vai investigar, ela também tem”, considerou.

Além disso, a especialista informou que a doença atinge mulheres na fase reprodutiva, desde a primeira menstruação, até a menopausa.

Cirurgia

Carolina acredita que a doença já deve estar mais avançada na cantora Anitta, que irá passar por um procedimento cirúrgico nos próximos dias. A médica explicou como funciona a cirurgia e qual a importância da realização. “Essa cirurgia que ela vai fazer é a videolaparoscopia, que é uma cirurgia que vai ver os pontinhos de endometriose dentro do abdômen dela”, iniciou.

“Eles [cirurgiões] cauterizam esses pontos de endometriose, veem o ovário, também podem se formar cistos ou endometrioma no ovário, e se tiver, já tira os cistos também e faz uma cauterização dos pontos de endometriose, porque eles se espalham pela pelve”, acrescentou a médica.

Ainda segundo a especialista, a cirurgia pela qual a cantora será submetida também é uma especie de diagnóstico. “Vai ver qual é a extensão da doença, até onde tem os pontos. Pode ser que ela tenha aderência, ela pode ter as trompas fechadas, por isso que dificulta para engravidar. O ovário, às vezes, fica como se tivesse colado, com aderência também, então a trompa não consegue ir até o ovário e pegar o óvulo, fica tudo como se fosse congelado por causa dessa inflamação pélvica”, detalhou.

Tem cura?

A ginecologista afirma que antes da menopausa, a endometriose não tem cura. “Cura não tem, mas tem tratamento, tem controle, tem medicação, tem hormônios que a gente usa que ajudam bastante e junto com essa cauterização dos pontinhos pela videolaparoscopia”, destacou.

“Depois que a mulher entra na menopausa e os hormônios diminuem, aí ela cura, porque não tem mais os hormônios”, emendou Carolina.

Por isso, segundo a especialista, mesmo após realizar o tratamento cirúrgico contra a endometriose, vai continuar tendo a doença. “Vai ter, vai precisar fazer o controle, tem o tratamento hormonal. Diminuir o grau de inflamação no corpo da mulher também ajuda, então a alimentação saudável também auxilia no controle dessa inflamação pélvica”, elencou.

Prevenção

A médica afirmou, ainda, que não há como prevenir a endometriose, no entanto, o diagnóstico precoce é um importante aliado para o tratamento da doença. “O melhor é diagnosticar cedo, para já fazer o tratamento. Sempre ir a um ginecologista, fazer os exames de rotina, e se tiver esses sinais e sintomas, investigar a doença”, relatou.

Em caso de identificação de sintomas associados à doença, Carolina chama a atenção para a necessidade de recorrer a um atendimento médico com um ginecologista.

Embora essa seja a preocupação de muitas mulheres, Carolina garante que o diagnóstico da endometriose não define que a mulher não pode engravidar. “Algumas mulheres conseguem engravidar. Mesmo se ela tiver a trompa obstruída, tem tratamento. Além disso, tem algumas endometrioses que são mais leves. Tem graus leves aos mais acentuados”, finalizou a ginecologista.

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