Salvador

"Tudo está seguindo como se fôssemos culpados e não somos", diz dona de restaurante sobre novas medidas restritivas

Vagner Souza / BNews
Empresária acredita que problema está na periferia, lanchas e festas clandestinas   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 28/05/2021, às 17h43   Beatriz Araújo


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A adoção de medidas restritivas que visam conter a propagação da Covid-19 em Salvador já preocupa proprietários de estabelecimentos da capital baiana. Conforme publicado nos decretos estadual e municipal, bares e restaurantes da cidade estarão proibidos de realizar qualquer tipo de atividade sonora e não poderão vender bebida alcóolica, inclusive por sistema delivery, desta sexta-feira (28) até domingo (30). Além disso, Salvador teve ainda o horário do toque de recolher reduzido durante o final de semana, quando não será permitido circular pelas ruas entre as 20h e 5h.

Na tarde desta quinta-feira (27), a equipe do BNews esteve na Av. Jorge Amado, no bairro do Imbuí, em Salvador, onde há uma grande concentração de bares e restaurantes, a fim de ouvir responsáveis por esses estabelecimentos acerca das novas restrições.

Para a empresária Flávia Leitão, proprietária do quiosque Nova Alegria, as estratégias do governo do estado e da prefeitura de Salvador para enfrentamento da Covid-19 vêm impactando profundamente o ritmo do estabelecimento.

"Está cada dia ficando mais difícil porque nós temos vários funcionários e quando chega sexta, sábado e domingo, não tem venda. Quando chegar 19h, infelizmente já não pode mais ter ninguém, a gente vai encerrar e isso vai impactar profundamente o nosso estabelecimento”, lamentou.

De acordo com a empresária, a movimentação de clientes no quiosque havia melhorado “um pouco” durante o período de alívio das medidas, quando a venda de bebida alcóolica aos finais de semana foi autorizada e o toque de recolher ampliado até as 22h. Contudo, diante da retomada das restrições, a situação volta a ser difícil para este setor de comércio. “Tinha melhorado um pouco, ainda não era o que nós estávamos esperando, mas tinha melhorado um pouco. Agora nós com certeza voltamos à estaca zero, volta tudo de novo”.

Para Flávia, donos de bares e restaurantes, estabelecimentos mais atingidos pelas medidas restritivas, estão sendo punidos por algo que não têm culpa. “Eu acho que os bares e restaurantes não são culpados disso. Se vocês observarem nossas mesas, elas estão todas seguindo o protocolo. Então não é o bar e restaurante, são aqueles na periferia, são nas lanchas, são nas festas clandestinas”, explica. 

“Isso não quer dizer bar e restaurante. Nós estamos aqui lutando o tempo todo, levando a fama de que a Covid está circulando aqui e não é uma realidade. Na nossa casa nós tivemos uma funcionária que teve Covid e ninguém teve. Então tudo está seguindo como se nós fôssemos os culpados e nós não somos. Nós seguimos todos os protocolos, tem álcool gel em tudo quanto é lugar, tem álcool na entrada, álcool em cima de mesa, é sachê, é guardanapo, tudo empacotado pra evitar que aconteça essas coisas, então não somos nós os culpados”, emendou a empresária.

Questionada se pretende fechar seu estabelecimento neste final de semana, quando as medidas serão mais rigorosas, Flávia afirmou que precisa manter o quiosque em funcionamento, apesar de saber que isso não evita os prejuízos. “Nós precisamos abrir. Não é algo que vai solucionar, mas nós temos aqui 20 funcionários, então a realidade é essa, nós não temos como fechar", concluiu.

Quem também disse estar imaginando os impactos financeiros que a retomada das medidas restritivas deve gerar aos bares e restaurantes é o supervisor do quiosque “Tô de boa”, Tiago Mota.

"Essas medidas impactam em todos os sentidos, até porque aqui é um bar e restaurante. As pessoas não só procuram aqui pra questão de almoço, ou passar uma tarde com a família nos finais de semana, mas pra beber. Então quem vai ao bar, 90% das pessoas vêm pra beber bebida alcóolica, então isso acaba impactando no nosso resultado e consequentemente no nosso financeiro e daí em diante”, relatou ao BNews

“A gente tem que abrir, não tem pra onde correr. A expectativa da gente é que o pessoal venha, almoce. A nossa expectativa hoje está voltada no final de semana em almoço”, acrescentou Tiago.

O responsável pelo estabelecimento disse ainda não acreditar que as medidas restritivas voltadas a bares e restaurantes contribuem com o processo de combate à Covid-19. “Claro que não. Até porque, aqui está funcionando com medidor de temperatura, álcool, as cadeiras e mesas afastadas. Onde eles têm que fiscalizar, eles não fiscalizam, que é nos bairros periféricos, onde tem os paredões, onde as pessoas querendo ou não burlam as leis”, considerou o supervisor. 

“Aqui se você chegar num horário que já não é permitido estar aberto, 30 a 40 minutos antes vai estar fechado e outros lugares vão estar aí com pessoas aglomerando e isso acaba impactando pra gente porque os bairros que são mais visíveis pra eles são aqui, infelizmente”, completou.

Já para o bancário Diego Vandega, que frequenta bares e restaurantes no local, as medidas não são plausíveis no que diz respeito à proibição da venda de bebidas alcóolicas também por sistema delivery. "Nos bares sim, mas delivery não. Acho que o delivery deveria ficar liberado pra gente pedir pra beber em casa pelo menos”, opinou. 

Ainda segundo Diego, as estratégias que vêm sendo utilizadas pelos governos municipal e estadual no combate à Covid-19 não apresentam resultados absolutos, mas para ele, “qualquer ajuda é válida”.

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