Saúde

“Simples problemas de visão podem causar cegueira", alerta oftalmologista

Divulgação/ Instituto dos Cegos da Bahia (ICB)
Durante todo esse mês, o “Abril Marrom” fomenta uma campanha de conscientização sobre a prevenção e o tratamento das diversas doenças oculares  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ Instituto dos Cegos da Bahia (ICB)
Camila Vieira

por Camila Vieira

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Publicado em 20/04/2023, às 05h40 - Atualizado às 05h40


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No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O último censo (2020), divulgado em dezembro de 2022, não descreve o cenário da deficiência visual e cegueira na Bahia. 

O médico oftalmologista e cirurgião, Luiz Spinola, afirma que mesmo diante da carência de dados oficiais, os casos de pessoas com problemas na visão e perda total do sentido tem aumentado muito. O especialista aproveita ainda para alertar que simples doenças visuais podem evoluir para cegueira, caso não sejam identificadas e tratadas.

Arquivo Pessoal
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Durante todo esse mês, o “Abril Marrom” fomenta uma campanha de conscientização sobre a prevenção e o tratamento das diversas doenças oculares que podem levar à cegueira. Uma bactéria no olho esquerdo fez com que o filho caçula da diarista Cristiane Silva, 46 anos, perdesse a visão. A mãe conta que o garoto, com apenas 8 anos, apresentou sintomas como coceira, vermelhidão e lacrimejamento.

“Passei meses e meses sem ligar muito. Ele sempre reclamava, a gente então lavava com soro e aliviava. O problema é que com tempo começou a se queixar da visão embaçada e quando chegamos no médico ele já tinha perdido quase 100% da vista de um olho, por causa da bactéria que pegou de cachorro na rua”, contou.

A demora em buscar um especialista diante dos primeiros sinais terminou sendo um agravante no caso do garoto, que hoje enxerga apenas com o olho direito. Arrependida, a mãe aproveita para alertar outras mães. “Eu deveria ter buscado o médico logo na primeira semana, poderia ter evitado que perdesse a visão”, afirma.

A busca rápida do oftalmologista em casos de sintomas na visão, sejam eles quais forem, é considerada fundamental pelo oftalmologista e cirurgião, Luiz Spinola, que é também diretor do hospital Santa Luzia-Fundação Colombo Spinola.

“O aparelho visual é muito complexo, portanto é também muito delicado e frágil. Nós nos expomos diariamente a várias circunstâncias e sofremos de doenças que vão de leves a graves. E todas elas podem afetar a visão. Esses problemas podem ir evoluindo com o tempo e senão cuidados, a tempo, podem evoluir para cegueira”, assinala o profissional.

De acordo com o especialista, os cuidados com a saúde do olho devem começar com o bebê, através do teste do olhinho feito na maternidade para verificar se a visão tem alguma patologia associada. Ainda segundo o médico, atendimentos regulares com oftalmologistas devem ser realizados ao longo da vida de qualquer pessoa.

“O simples uso de lente e óculos precisa de orientação. O oftalmologista tem tecnologia no consultório para identificar todas as questões e deficiências do aparelho visual”, ressalta o médico. No rol de patologias mais comuns da visão estão o glaucoma, as doenças da idade, como catarata, e ainda os problemas visuais em decorrência de doenças como diabetes, hipertensão e quadros reumáticos.

O especialista salienta a importância das ações preventivas que inclui a realização de exames que contam com muita tecnologia. “A detecção precoce faz toda diferença no tratamento”, reforça.

Instituto dos Cegos - Atendido há um ano pelo Instituto dos Cegos da Bahia (ICB), André França dos Santos, 38 anos, conhecido como “Ceguinho da Bahia", deixa a cidade de Mata de São João em busca do atendimento na unidade que funciona no Barbalho, em Salvador. Há quaro anos, ele perdeu totalmente a visão e precisou reaprender a realizar atividades básicas da vida como escovar os dentes, pentear o cabelo e comer.

 “Cheguei aqui e daqui não saio mais, faço terapia, música e quero fazer tudo que oferecem. Resgatei minha confiança. O Instituto é uma maravilha. Até como usar a bengala eles ensinam, aqui também ganhei uma”, fala emocionado.

Divulgação / ICB

Atualmente, o Instituto dos Cegos da Bahia (ICB) atende cerca de 56 mil pessoas por ano, realizando mais de 250 mil procedimentos por ano, mesmo assim não consegue suprir a demanda. De acordo com o instituto, a espera por atendimento pode chegar a três meses.

"Somos a única instituição da Bahia a oferecer de prevenção, diagnóstico da cegueira e baixa visão e habilitação, reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência visual que, se não tiverem um diagnóstico precoce, ou não forem reabilitadas a tempo", explica a presidente do ICB, Heliana Diniz. A entidade filantrópica recebe doações. Interessados em conhecer o trabalho da instituição podem acessar a página @institutodecegosdabahia

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