Saúde

Veneno de peixe pode ajudar em tratamento de asma, aponta estudo

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Pesquisa feita pelo Instituto Butantan identificou que uma substância derivada do veneno de peixe tem potencial para tratar asma  |   Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 24/08/2023, às 19h50   Cadastrado por Victória Valentina


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Um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Toxinologia Aplicada (Leta), do Instituto Butantan, descobriu que um derivado do veneno do peixe niquim pode ajudar no tratamento de asma.

A doença crônica tem como principal característica a dificuldade de respirar. O tratamento consiste apenas em melhorar a qualidade de vida do paciente por meio do controle dos sintomas e do aprimoramento da capacidade pulmonar.

De acordo com a pesquisa, o peptídeo atenteado TnP pode ser um valioso aliado no tratamento da doença. A substância é obtida através da espécie niquim, muito comum no Nordeste brasileiro, que pode ser encontrado tanto na água doce como na salgada.

Os cientistas compararam grupos de animais com asma tratados com TnP e com dexametasona, remédio comumente utilizado para tratar a doença, e animais não tratados. Como no tratamento convencional, a substância reduziu em mais de 75% o número de células totais que causam inflamação e  dano tecidual no pulmão. No caso dos eosinófilos, responsáveis pela inflamação em cerca de metade dos pacientes com asma, a redução foi de 100%.

O tratamento com TnP também impediu a remodelação das vias aéreas e reduziu a hiperplasia das células brônquias que produzem muco, fundamental para alivar os sintomas da asma, como a redução da função pulmonar e obstrução do fluxo aéreo.

A pesquisa também não identificou efeitos adversos – diferente das terapias convencionais, que podem causar sintomas como taquicardia, agitação, dor de cabeça e tremores musculares.

“Nós submetemos o veneno do peixe a uma cromatografia para identificar peptídeos e testamos várias moléculas. Essas toxinas provocam dor, edema, necrose. Até que chegamos a uma fração de peptídeos que não causava nenhuma ação danosa e isso nos chamou atenção. Esse tipo de descoberta é o outro lado da moeda”, explicou a pesquisadora Mônica Lopes-Ferreira, responsável pelo estudo.

Após os testes, o passo seguinte foi  fazer o sequenciamento da proteína para identificação da sua estrutura e, posterior, reprodução em laboratório – desta maneira, as pesquisadoras deixaram de depender da extração do veneno do peixe e passaram a testar moléculas sintéticas.

Em uma pesquisa divulgada anteriormente, publicada na revista PLOS One, cientistas descobriram que a molécula tem potencial contra a esclerose múltipla, atrasando o aparecimento de sintomas e reduzindo a gravidade da doença em camundongos. 

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