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Motorista do primeiro Uber apreendido em Salvador volta a rodar e relata ameaças

Publicado em 14/04/2016, às 11h24   Tiago Di Araujo (twitter: @tiagodiaraujo)



Na última sexta-feira (8), taxistas comemoram em Salvador a apreensão do primeiro carro, que presta serviço para empresa Uber, na capital baiana e descreveram como um troféu para categoria. Segundo os taxistas, o motorista de 45 anos, que seria filho de taxista, chegou a ser conduzido para depor na 1ª Delegacia e teve o veículo levado para o pátio da Transalvador, onde foram aplicadas multas pelo transporte clandestino. 
Porém, em entrevista ao Bocão News, o motorista, que não autorizou a divulgação da sua identidade, rebateu a versão dos taxistas e falou sobre o caso. "Um cliente soliticou o veículo, peguei no endereço e percebi ele bastante assustado dentro do carro. Ao olhar pelo retrovisor, percebi uma moto da Prefeitura em que o motociclista estava anotando a placa do carro enquanto estava parado na sinaleira. Quando chegamos no Dique, uma viatura da Prefeitura com dois policiais me abordaram e solicitaram documentos do veículo, alegando que receberam uma denúncia de transporte clandestino. Nesse momento, o cliente, que acredito ter sido um taxista, saiu do carro e entrou em um táxi que estava logo atrás", contou. 
Após abordagem, o motorista disse que foi solicitada a condução do veículo para o pátio da Transalvador, na avenida Barros Reis, sendo acompanhado por um policial. "Chegando lá eu liguei para o número disponibilizado pela Uber, que me deram todo suporte. Em cerca de 35 minutos, o advogado da Uber me ligou para me orientar. Em seguida, a Uber pagou todas as multas, em torno de R$ 900, inclusive multa de remoção do veículo, sendo que eu mesmo conduzi o carro para o pátio, e o veículo foi liberado rapidamente", detalhou. O motorista garantiu que não pagou nenhum valor do próprio bolso. "Não desembolsei nada. Todas as multas aplicadas foram pagas pela Uber", ressaltou ao esclarecer que não precisou depor e nem ficou detido em momento nenhum.
Com o veículo liberado, o motorista revelou que já voltou a trabalhar. "Voltei a trabalhar normalmente", mas disse que vem sofrendo ameaças. "Estou sofrendo ameaças, minha família não quer mais andar em meu carro. Alguns clientes estão receosos em pegar o carro e isso está me prejudicando porque é o meio que tenho para trabalhar. Não tem emprego em lugar nenhum, então é uma maneira digna de trabalho que achei". 
No entanto, o sistema está sendo visto como vilão dos taxistas, que receberam apoio dos órgãos responsáveis, assim como, do prefeito ACM Neto, que declarou "guerra" contra o sistema de transporte. Nesta quarta (13), taxistas realizaram uma carreata em apoio à Prefeitura de Salvador nas operações que vêm sendo realizadas em combate aos veículos que fazem transporte através do aplicativo.
Apesar disso, o motorista não teme em ter o carro apreendido novamente. "Não tenho medo de ser apreendido porque temos um suporte da Uber, mas tenho medo de retaliação. A empresa disse que já está ciente que isso aconteceria e se acontecer quantas vezes for, o veículo vai ser liberado", contou ao criticar a apreensão. "Eu posso exercer minha profissão de motorista particular. O aplicativo apenas é uma ferramenta de intermediação entre cliente e motorista". 
A apreensão também foi repudiada pela Uber, que através de nota ressaltou a Lei Federal que autoriza o tranporte particular no Brasil. O que não intimidou o secretário de Mobiliada, Fábio Mota, que garantiu ser um sistema clandestino e que será combatido na capital baiana. 

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