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Planejamento familiar na adolescência

Publicado em 10/09/2010, às 00h18   Marcelo G. Reis




*Marcelo G. Reis

Não é raro encontrarmos adolescentes grávidas em nosso meio. Todos nós já nos deparamos com este problema ou na esfera familiar ou entre amigos próximos.
Todos nós sabemos que a gravidez na adolescência é perigosa, tanto para a mãe quanto para o feto.
Filhos de adolescentes são comumente abandonados à sua própria sorte, quando conseguem nascer, ou são abortados criminosamente, abortos esses que já ceifaram as vidas de milhões de fetos e milhares de mães.

O mundo moderno sempre utilizou o sexo como superstar de quaisquer reclames publicitários, novelas, músicas, etc. induzindo a prática sexual em crianças, adolescentes, adultos e velhos de uma forma irresponsável, absurda e principalmente distorcida, deseducada e leviana.
O que nós, geração pós-Beatles, estamos fazendo diante dos frutos e dos efeitos colaterais das nossas idéias e práticas liberais? Será que vamos continuar sonegando aos nossos filhos as informações médicas absolutamente necessárias ao planejamento familiar? Será que vamos deixá-los aprender com os seus próprios erros? Será que vamos deixar que a gravidez indesejada limite os seus horizontes culturais e profissionais? Será que vamos continuar a nos esconder atrás desta hipócrita máscara moral que, até hoje, só tem contribuído para aumentar o número de abortos criminosos, o número de adolescente mutiladas psíquica e fisicamente ou mesmo o número de adolescentes assassinadas pela desinformação e pela ignorância?

O sexo entre pessoas sadias nunca foi problema, pois é um ato fisiológico que não somos (se normais) capazes de evitá-lo.
O problema é a gravidez indesejada.
A ciência já, de há muito, coloca à disposição dos nossos adolescentes: condons, diafragmas, DIUs, espumas e geléias espermaticidas, anticoncepcionais hormonais orais e injetáveis, métodos comportamentais e, principalmente, o conhecimento da fisiologia e da anatomia dos aparelhos genitais masculino e feminino, e nós, até hoje, continuamos a preferir “confiar” nos nossos filhos, sem pelo menos dar a eles o direito ao acesso às informações necessárias à sua proteção contra a gravidez indesejada.

Colocamos sobre eles a responsabilidade de evitar o inevitável.
Será que nos esquecemos dos nossos tempos e quantos riscos corremos?
Nós invadimos sinais e nossos filhos também vão de invadi-los, pois disso depende o progresso da nossa sociedade.
Se pecamos em muitas coisas, acertamos em muito mais!

Não podemos cometer os mesmos erros dos nossos pais e educadores, que, pressionados por arcaicos conceitos morais, esconderam dos adolescentes as informações já sabidas, produziram um sem-número de infelizes casamentos na adolescência, mães solteiras, meretrizes e cadáveres.
Temos que colocar a sexualidade e o planejamento familiar no currículo escolar e bem no início da adolescência, para que nossos filhos não engravidem, ou não coloquem uma criança no mundo que não são capazes de educar, ou não abortem, ou não morram. Sexo eles ou vão fazer ou vão continuar fazendo, porque é fisiológico.
Nós, médicos, estamos à disposição.  
* Marcelo G. Reis é médico ginecologista e obstetra.

Classificação Indicativa: Livre

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