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Crise no Pelô: sem acesso, comerciantes cobram do IPAC após baixa nas vendas

Publicado em 08/03/2016, às 11h05   Caroline Gois e Tony Silva (Twitter: @bocaonews)


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O acesso que liga a Baixa dos Sapateiros ao Pelourinho através de um estacionamento tornou-se o motivo de insatisfação por parte de comerciantes da região. Isso porque, em agosto do ano passado, o acesso foi fechado e, até o momento, não há respostas sobre o que, de fato, será feito. Enquanto isso, clientes e vendedores da região reclamam dos trantornos causados pela ação do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC), responsável pelo local.
O motivo da insatifação teve início após o IPAC fechar os portões que davam acesso do estacionamento do quarteirão cultural, que fica na Baixa dos Sapateiros, até a Praça das Artes, no Centro Histórico de Salvador. Proprietários da empresa que administra o estacionamento e que preferiram não ter a identidade revelada, alegam prejuízos para seu estabelecimento e também para os comerciantes que precisam atravessar a Praça das Artes para acessar o Pelourinho. 
Segundo os empresários, de forma arbitrária, a direção do IPAC instalou portões e trancou com cadeados, impedindo que as pessoas tivessem acesso e obrigando todos a rodearem pela JJ Seabra. Ainda de acordo com os empresários, além de se tornar incômodo, o trajeto para o Pelourinho é perigoso, principalmente à noite. Em um ano do impasse, já houve uma queda de mais de dois terços dos clientes e os prejuízos já chegam a 80% na arrecadação. “Temos alguns andares que estão vazios todos os dias. As pessoas simplesmente pararam de estacionar, porque não têm mais como acessar o Pelourinho pelo corredor da praça”, comenta.
Segundo os empresários, o IPAC alegou que estaria realizando uma obra no local e,por isso, a passagem pela Praça das Artes estaria bloqueada. A reportagem do Bocão News foi ao local e nenhuma placa, aviso ou indício de obra foi encontrada.  Seguranças não quiseram dar informações. Comerciantes falaram com a reportagem do site e desabafaram sobre o transtorno. Juscelino dos Santos, 41 anos, proprietário de uma loja de confecções disse que o perigo no trajeto é evidente. “Fazer essa volta pela J.J. Seabra e pelas ruas de trás, a depender do horário é muito arriscado, porque principalmente a noite, a insegurança é maior”, explica.
Outros comerciantes que não quiseram ser identificados disseram que a Praça das Artes fechada é uma contradição ao próprio nome. “Essa praça fechada é um prejuízo para a arte e para todos que precisam desse espaço”, disse. O proprietário de uma loja de artesanato disse à reportagem que alunos de um grupo de teatro de uma escola se revoltaram ao se deparar com a praça fechada. “Eles vieram com instrumentos e outros materiais para ensaiar uma peça teatral e deram de cara com o portão fechado. Se revoltaram e prometeram fazer uma manifestação”, conta.
A reportagem também conversou com o presidente da Associação dos Empreendedores da Baixa dos Sapateiros, Barroquinha e Adjacências (Albasa), Rui Barbosa, que reiteirou os comentários. "Não tem obra nenhuma. Isso é ruim para os dois lados porque somos interligados. Tirar um dos acessos prejudica porque é tirar uma passagem para o outro lado", ressaltou. Segundo Barbosa, a Albasa não teve conhecimento deste fechamento.
Já o presidente da Associação Comercial Pelourinho (ACOPELÔ), Lenner Cunha, também reclamou do fechamento dos portões. "O IPAC chamou a ACOPELÔ pra falar que não tinham condições de manter a segurança na praça. Nós participamos desta reunião. Mas, a gente achou que seria uma coisa rápida, mas se prolongou e tem prejudicado muito. Especialmente quando eles (oa clientes) descem e não querem dar a volta para chegar até o Pelourinho porque não há policiamento nas ruas", afirmou.
Ainda conforme Lenner, a questão da obra foi outra colocação feita pelo IPAC, "que também se prolongou e até agora nada. Iremos enfrentar a baixa turística por causa da estação a partir de maio e o fechamento irá prejudicar ainda mais. Queremos todos unidos. IPAC e comerciantes para promover o comércio da região", ressaltou o presidente da ACOPELÔ.
O outro lado
A assessoria do IPAC foi procurada pela reportagem e através de nota afirmou que "existem nove vias de acesso (ruas e ladeiras) em perfeitas condições de uso e que são utilizadas permanentemente pela população, entre a Avenida José Joaquim Seabra/Baixa dos Sapateiros e o Pelourinho, e que atendem ao fluxo de pessoas, a saber: 
Ladeira do Aquidabã
Ladeira dos 15 Mistérios/Rua Ramos de Queiroz
Rua Padre Agostinho/Taboão
Ladeira do Ferrão
Rua Frei Vicente
Rua Inácio Accioly
Ladeira da Ordem 3ª de São Francisco/Ladeira do Pax
Rua 28 de Setembro/Rua São Francisco
Ladeira da Praça
Ainda conforme o IPAC, a Praça das Artes é uma área de propriedade do Estado que está passando por reforma estrutural já que apresenta riscos se segurança predial.
O instituto não respondeu sobre os prazos da obra e nem sobre os valores envolvidos. 

Publicada orignalmente às 16h do dia 7 de março

Classificação Indicativa: Livre

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