Governo e prefeitura pecam em realizar obras de requalificação em pontos turísticos na alta estação

A primeira capital do Brasil é conhecida pelas belezas naturais, culinária, música, cultura e sua história. Andar pelas ruas de Salvador é como voltar as nossas raízes, refazer a trajetória de nossos ancestrais, entender a história de um povo. Mas, os turistas que visitam Salvador, neste verão, não estão podendo aproveitar a oportunidade de maneira plena. Obras em vários locais turísticos da capital baiana atrapalham os passeios de quem vem conhecer Salvador.

A primeira rua do Brasil, por exemplo, vizinha ao Elevador Lacerda, está em obras desde setembro do ano passado. Segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), a “proposta do Governo do Estado com o projeto ‘Pelas Ruas do Centro Antigo de Salvador’ é a criação de uma nova estrutura na Rua Chile, proporcionando, assim, a melhoria da acessibilidade e valorização do patrimônio histórico além de, ao mesmo tempo, atrair novos negócios e alavancar a economia da região”.

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Questionada o motivo da obra está sendo realizada em pleno verão, quando o número de turistas cresce em Salvador, a Conder explicou ao BNews que por ser um território tombado precisa de autorizações e existem prazos. “Antes do início da obra foi necessário a elaboração de projeto arqueológico e sua aprovação pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). Durante a realização dos serviços, um arqueólogo vem acompanhando sua execução em cada um dos trechos. A equipe de operários que estão trabalhando na execução dos serviços também está sendo orientada pela equipe de arqueologia”, explicou a Conder em nota.

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O ex-secretário de Turismo da Bahia, José Alves, explicou durante o programa "BNews Entrevista", da BNewsTV, que acompanhou de perto essas obras, mesmo não fazendo parte de sua pasta: Ali houve um problema de seguir a Legislação, e tem que seguir mesmo, que é um problema de arqueologia. Veio uma determinação do Iphan de que fizesse um estudo de arqueologia, está sendo feito uma escavação para ser descoberto o que tem lá embaixo. descobriu trilhos, pedras, coisas para serem aproveitados, os trilhos estão subindo para a superfície para manter aquele ar nostálgico, então está sendo feito dessa forma. Como o governador fala: 'hoje o problema existe, mas ele é temporário; o benefício vai ser permanente'.

Já a praça do Terreiro de Jesus, a principal do Pelourinho, que é de responsabilidade da Prefeitura também está em obra desde agosto. Segundo a Superintendência de Obras Públicas (Sucop), como se trata de uma obra que requer estudos arqueológicos, só poderá ter seguimento após a conclusão desses estudos, determinados pelo Iphan.

Ao BNews, Claudio Marcelo Alves de Paiva, comerciante no Pelourinho, explicou que não tem como os visitantes verem as belezas do Centro Histórico com as obras e os tapumes. Ele afirmou que entende que é preciso fazer melhorias no local, mas deveriam ser realizadas na baixa estação: “O governo deixa para fazer umas obras dessas na alta estação, é muito complicado, pois atrapalha, não mostra realmente a beleza do Centro Histórico”.

Um guia turístico, que está no ramo há mais de 30 anos e não quis se identificar temendo represália, afirmou que as obras atrapalham o trabalho dos guias e, consequentemente, prejudicam a visitação dos turistas. Os profissionais se queixam do conjunto de obras na alta temporada, que limita a circulação das pessoas: “Temos algumas coisas que estão atrapalhando o nosso trabalho. Além das obras, a dificuldade de estacionar, as festas que são feitas em via pública e atrapalham a nossa circulação. Nós temos muitas dificuldades, principalmente no Mercado Modelo, não tem onde parar para desembarcar e embarcar os turistas por causa das obras no entorno”.

Para ele, a obra na Rua Chile também tem atrapalhado o desembarque dos carros de turismo nas imediações do Elevador Lacerda. A obra no Terreiro de Jesus também acaba prejudicando os turistas, que precisam andar no meio da rua, já que não tem a praça para poderem se locomover. Outra reclamação do guia é em relação à liberação de circulação dos táxis pelas ruas do Pelourinho: “Isso tem causado muito transtorno, tem dificultando muito a circulação dos grupos de turistas”.

“Para a cidade que pretende trazer o turista de volta, que pretende recuperar o seu espaço no ranking das cidades visitadas, Salvador precisa consertar algumas coisas, tomar cuidado com essas obras, principalmente na temporada. A circulação dos carros também está prejudicando as excursões, circulação em alguns trechos mais apertados, tem momentos em que o turista tem que se espremer nas paredes”, explicou o guia.