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Saltur monta estratégia para resgatar imagem de Salvador

Roberto Viana
George Barreto apresenta estratégia para o turismo e os sete pontos mágicos da cidade  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana

Publicado em 23/04/2013, às 18h50   Luiz Fernando Lima e Juliana Costa



A Empresa Salvador Turismo (Saltur) vem trabalhando com quatro eixos estratégicos nesta nova gestão. A ideia, conforme o diretor de Marketing, George Barreto é consolidar o fluxo turístico aproveitando os eventos: Copa das Confederações e do Mundo.

O plano foi apresentado à reportagem do Bocão News durante o II Salão Baiano de Turismo, realizado na primeira quinzena de abril. Paralelo ao evento da secretaria estadual de Turismo aconteceu a Brasil National Travel Mart (BNTM).

Barreto enumerou os pontos estratégicos – Infraestrutura; Qualificação da cadeia produtiva; Serviços turísticos; e Promoção internacional e nacional. “A nossa intenção com isso é reposicionar a marca Salvador. A marca de uma cidade que é cultural, marcada pela diversidade e a primeira capital do Brasil”.

Confira a entrevista na íntegra:


Bocão News: George, qual a avaliação que a Saltur fez da BNTM e do Salão de Turismo?

Este ano foram 280 buyers internacionais, que são os vendedores mundiais do destino Salvador. Grandes operadoras e jornalistas importantes, além de grandes compradores nos seus diversos mercados, de 15 países, que fretam voos. Este ano nós mantemos contato com uma empresa que, em junho, vai abrir um voo para Miami com escala no Caribe e tem chance de fazer uma linha direta para Salvador. Sabemos que existe um aumento (do Turismo) para a Bahia, mas outros destinos como Fortaleza e Recife estão crescendo também, então precisamos encontrar modelos de formas não convencionais de marketing para atrair mais visitantes. Exemplo: desenvolvemos junto com a Ecopa, escritório da Copa, um aplicativo que funciona para Ipad e Android. É a única cidade-sede que tem esse aplicativo, que traz todas as primeiras informações relativas à Copa das Confederações e contem a tabela de todos os jogos. Além disso, tem informações sobre os chamados sete pontos mágicos de Salvador, que são os pontos mais visitados da cidade  eleitos por turistas do mundo inteiro. A ideia é lançar no final da Copa das Confederações um aplicativo para a Copa do Mundo, contendo o calendário de eventos da cidade.

Já temos um esboço deste calendário?

 O calendário de eventos é outra forma agressiva que estamos pensando para convidar as pessoas para não só ver Salvador, mas viver Salvador. Como foi feito na semana do aniversário da cidade. Foram diversos eventos, administrados pela Saltur, que fizeram parte de uma programação com 105 eventos. No mês da Copa das Confederações serão 150 eventos. A Secretaria de Cultura junto com a Saltur querem criar um calendário permanente com 40 eventos ao ano. A ideia é mudar o índice de ocupação hoteleira. Serão 25 organizados diretamente pela Prefeitura e 15 pela iniciativa privada.

Sobre os eixos. Como estão divididos?

Em Infraestrutura, começamos com a integração da Barra. A primeira etapa do Farol até o Barra Center, com R$ 16 milhões do Ministério do Turismo, já acontece de junho até fevereiro e a outra etapa do Farol até o Porto. Teremos ainda R$ 1 bilhão do Pacto das Cidades. A Secretaria de Turismo conseguiu junto ao Ministério e ao Iphan que R$ 240 milhões viessem para cá, sendo que R$ 100 milhões desses sejam voltados para o turismo.  Temos a intenção de revitalizar os sete pontos mágicos até a Copa do Mundo. A curto prazo, em 180 dias, já vai estar melhor e aprazível para as vistas dos turistas. Mas ainda queremos mais. Destes R$ 76 milhões (do Ministério do Turismo), tem R$ 20 milhões para investir nos sete pontos que vão provocar mudanças de grande porte na cidade.

Quais são os sete pontos?

A Península de Itapagipe; Itapuã-Abaeté; Barra; Dique do Tororó; Contorno-Comércio; Baía de Todos os Santos e Centro Histórico-Pelourinho. No curto prazo, vai sair, até junho, uma licitação para implementação de um projeto de acessibilidade para os sete pontos mágicos. Recebemos R$ 500 mil do Ministério do Turismo, e o termo de referência já foi aprovado. Então, não é só ter uma rampa para deficiente, mas tudo para que as pessoas com algum tipo de deficiência possam se locomover.  A empresa irá fazer o plano que será executado pelo governo do estado. O governo federal encaminhou R$ 3 milhões para o estado executar este plano. São 500 mil para fazer o plano e R$ 3 milhões para executá-lo.

Mais adiante, há a possibilidade de criar um centro de artesanato baiano, com uma escola de artesanato de tudo que é produzido aqui. Terá a escola, além de projetos de desenvolvimento e renda. Algo diferente do que é o Mercado Modelo, que hoje é um shopping de produtos que não necessariamente são produzidos em Salvador ou na Bahia.

O Mercado Modelo deixou de ser um ponto de visitação importante?

Ele será totalmente revitalizado. Temos investimentos na ordem de R$ 10 milhões previstos. Serão quatro fases de revitalização. A primeira é a fase legal, com recadastramento de cada vendedor do mercado. A segunda, buscaremos o modelo ideal de gestão, da operacionalidade funcional. O terceiro passo é da infraestrutura, a curto e médio prazo. A última parte é a de comercialização. Verificamos que muitos produtos do mercado são encontrados em muitos outros lugares do Brasil e do mundo. A gente quer uma adequação disso e do mix de produtos do Mercado Modelo, que é hoje o centro artesanal mais importante do Brasil. Mas queremos torná-lo extremamente atrativo também para eventos. Lá há um espaço autorizado pelo Ministério Público para realizar eventos de até 1.5 mil pessoas. 

Passamos para o segundo eixo estratégico

Nos 16 anos do “Carlismo” experimentamos um programa extremamente importante: o Qualitur - um programa que qualificou 192 empresas e mais de 10 mil pessoas foram treinadas. Ele certificava, em padrão ISO 9000, toda a cadeia produtiva do turismo. Tanto o profissional recebia essa certificação, quanto a empresa também recebia a certificação mundial e precisava manter de 6 em 6 meses. Com a mudança de governo, cortaram o programa. A gente vai reviver este programa e adaptar a uma proposta de qualificação de QualiSalvador, que venha atender pelo menos 100 empresas.

O Pronatec não cumpre um papel semelhante?

Temos reuniões mensais com o Trade Turístico. Falamos sobre o Pronatec, que também é um tipo de qualificação, mas não é do mesmo estilo. Estamos fechando o planejamento estratégico aliado ao planejamento do governo municipal. Dentro dele, a qualificação é um dos setores fundamentais. Ela não irá se restringir apenas ao QualiSalvador, que só pode treinar e certificar. Não existe nenhum programa de qualificação da cadeia produtiva do turismo no Brasil que já tenha certificado de qualidade como foi o Qualitur. O Pronatec e outros programas não tem o mesmo direcionamento, eles são de treinamento imediato. A empresa que tem o Qualitur precisa manter a certificação.

Outra coisa importante da qualificação é treinar o agente ou operador de viagem, no mercado nacional e internacional, de como vender o destino Salvador. Nós desenvolvemos um DVD de treinamento para o agente, em 11 idiomas (além dos seis que a Fifa exige para um país sediar a Copa), com fotos em alta resolução, filmes de 30 segundos a 1 minuto e meio dos sete pontos mágicos, do carnaval, da atmosfera de Salvador.

Além disso, nós temos um treinamento da nossa força tarefa, como os guardas municipais, baianas de acarajé, taxistas e toda a cadeia de serviços. Tem ainda outro vetor, que são os voluntários da Copa da Mundo. A previsão de quase 1.5 mil voluntários. Eles vão passar por uma bateria de informações e treinamento, e nós da Saltur já conseguimos incluir o nosso treinamento sobre os destinos turísticos de Salvador.

Sobre a Copa e seus legados

Nós acreditamos que a Copa nos deixará três legados: o de Infraestrutura, que deixa tudo o que foi investido, como a Arena, os viadutos e o metrô; o Social, fruto dessa qualificação; e o legado da imagem, que é o mais importante e o mais renegado. A Espanha passou de quatro milhões para 40 milhões de turistas, em 10 anos, depois das Olimpíadas. Isto aconteceu devido a imagem que ela mostrou de um lugar aprazível de se viver. E aí nós precisamos investir na cadeia produtiva para que isso seja traduzido nos serviços.

Como o destino Salvador pode ser “vendido”?

É o quarto ponto: a promoção internacional e nacional do destino. Vamos investir em treinamento do agente operador estrangeiro aliado a cinco coisas que a gente utiliza do ponto de vista cultural que são: festivais gastronômicos, desfiles de moda, exposições de arte, show musical e show de dança. Nossa equipe já realizou isso em 35 países. Nós pretendemos fazer um grande festival gastronômico na Europa, num grande hotel, que haja um treinamento dos agentes operadores locais. Articulado com a embaixada do Brasil, vamos oferecer o festival ao trade local, inicialmente, e nos outros dias ao público final. Vamos estimular uma pitada do gosto baiano. Isso porque toda a atratividade do turismo se apega muito a cultura. Já fizemos uma exposição de arte em Lisboa e foi um sucesso. Show de música, com Carlinhos Brown, em 2004, em Barcelona. Queremos levar outros artistas que representam o carnaval para que sejam reforçadores do turismo. Então, nossa intenção com isso é reposicionar a marca Salvador. A marca de uma cidade que é cultural, marcada pela diversidade e a primeira capital do Brasil.


Nota originalmente postada às 12h do dia 23

Classificação Indicativa: Livre

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