Salvador

Greve da UFBA: Professores se opõem a plebiscito pedido por colegas e mantêm paralisação

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Professores estão em greve desde o dia 29 de abril  |   Bnews - Divulgação Divulgação/UFBA
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 16/05/2024, às 14h36 - Atualizado em 17/05/2024, às 16h31



A greve instalada na Universidade Federal da Bahia (UFBA) desde o dia 29 de abril permanecerá. É a decisão tomada por 154 dos 329 professores que participaram da assembleia realizada na tarde de quarta-feira (15). Outros oito docentes votaram pelo fim da greve, enquanto seis se abstiveram. 

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Muito além da greve, o corpo docente vive uma "guerra" interna entre professores que desejam continuar realizando as reuniões para realizar as decisões sobre a greve, e profissionais que desejam o plebiscito, ou seja, a consulta pública.

Conforme os professores, a consulta pública seria a melhor alternativa para decidir a manutenção da greve, visto que a paralisação causa impacto na vida dos universitários. Para outros educadores, no entanto, a história é diferente.

"A gente discorda, em primeiro lugar, porque fere um princípio de que os trabalhadores decidem greve, decidem em espaços democráticos, onde trabalhadores discutem. Como você vai discutir com alguém que está em casa e que vai voltar em um plebiscito eletrônico se quer greve ou não?", questionou o professor de História da UFBA e membro do Comando de Greve, Carlos Zacarias, entrevistado pelo BNews

"Os professores que pedem plebiscito se supões maioria. Entretanto, abriram um abaixo-assinado eletrônico que em cinco dias recolheu menos de 300 assinaturas", disse.

"Imagine a gente querer fazer uma greve e ter que deliberar com plebiscito sobre essa greve? Isso dificulta imensamente o movimento dos trabalhadores, isso seria um princípio do sonho de qualquer patrão, isso inviabiliza qualquer greve dos trabalhadores porque as pessoas vão votar de suas casas e não vão discutir, perceber os argumentos, [será uma visão] completamente de fora", completou o docente.

A mobilização dos professores é nacional, e acontece em 48 universidades e 78 Institutos Federais de Ensino. A manifestação inclui ainda os servidores técnico-administrativos, que estão paralisados desde o dia 11 de março.

Os professores reivindicam ao governo reajuste salarial em 22,71%, dividindo a porcentagem ao longo de três anos (2024, 2025 e 2026), além da reestruturação da carreira de docentes e recomposição orçamentária para as universidades, que, para os profissionais, necessitam de melhores condições.

"As universidades estão muito precarizadas, as condições de trabalho são muito ruins. Eu sou professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, sou professor do curso de História. Em São Lázaro, onde funciona o meu curso e outros cursos, as salas não são climatizadas, algumas são, a maioria não é climatizada, nem sequer tem ventilador. Há prédios que desabaram durante a pandemia e não foram recuperados, as paredes não vêem tinta há muitos anos. É tudo muito precário, isso não é só uma condição da minha faculdade, mas de todas as outras", protestou.

Sobre o reajuste salarial, o professor explica que o governo vem propondo um aumento de 9% para janeiro de 2025 e mais 3,5% para maio de 2026, mas nenhum reajuste para este ano, o que insatisfaz o corpo docente, que exige parte do aumento ainda em 2024.

Apesar de se negarem a firmar a proposta dos governantes, Zacarias garante: "Não é uma greve contra o governo. (...) A gente compreende o esforço desse governo, mas não adianta palavras amigas, juras de amor. [Tem que ter] ação. Outras categorias do serviço público tiveram aumento desse ano, e nós não tivemos", afirma o professor.

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