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200 anos do martírio de Joana Angélica pela independência da Bahia

Madre Joana Angélica morreu defendendo o Convento da Lapa da invasão dos portugueses  |  

Publicado em 21/02/2022, às 11h24      Victor Pinto

Em 20 de fevereiro de 2022 rememoramos um fato importante para o Estado da Bahia: 200 anos do martírio de Madre Joana Angélica de Jesus. A Sorór soteropolitana fora brutalmente assassinada a golpes de baioneta ao tentar impedir a entrada de soldados portugueses no mesmo Convento da Lapa no Centro de Salvador, na mesma avenida que recebeu seu nome. A partir disso, em 1822, eclodiu uma revolta popular de percurso de Guerra Santa contra os portugueses.

Lembro que a primeiro vez que li ou soube da sua história de maneira até superficial foi nos idos da 3ª ou 4ª série. Me desdobrei a aprofundá-la já no Ensino Médio, isso por gostar muito de ler e entender a história política da Bahia e o grande marco que foi a Independência do Brasil em nosso Estado, que no próximo ano também completa 200 anos.

O nosso povo sabe muito pouco da nossa própria história. Se faz necessário introduzir de maneira mais assertiva nas grades curriculares das escolas municipais, estaduais, particulares, nas primeiras séries ao Ensino Médio o que aconteceu no nosso Estado e reposicionar a luta pela independência da nossa gente. Quem realmente foi as ruas lutar e o desdobramento acarretada em todo País.

O 2 de Julho, como reza a nossa Constituição Estadual em seu artigo 6º, § 3º: “data magna da Bahia e da consolidação da Independência do Brasil, é feriado em todo o território do Estado”. O feriado, muito além da Bahia, deveria ser nacional.

Sobre Joana Angélica, cujo processo de beatificação segue empacado desde 2001, os 200 anos de sua morte e referência ao seu mausoléu, onde estão seus restos mortais na Lapa, são importantes. Mas, pena, se para se tornar beata está difícil, pior segue uma eventual canonização, seja pelo parco material encontrado nas documentações existentes, seja pela falta de incentivo financeiro que também se alinha por trás desse tipo de ação na Igreja Católica. O Cardeal e Arcebispo de Salvador, Dom Sergio da Costa, quando o provoquei em coletiva, se colocou no compromisso de desbravar ainda mais esse assunto.

Coube meramente a Arquidiocese de Salvador e a Paróquia de São Pedro, Dom Sérgio e Padre Aderbal Galvão, respectivamente, o registro do ato religioso e cívico no mesmo dia da morte freira. Presença, inclusive, de membros do IGHB.

Nada institucional fora feito, seja pela Prefeitura, seja pelo Governo do Estado. Importante destacar que, até então, nada foi apresentado, por exemplo, pela gestão de Rui Costa (PT) de como serão as comemorações futuras. Tudo leva a crer que devem ser extremamente tímidas. Para quem governou a Bahia nesses oito anos, minimizar a cultura histórica se tornou praxe. Cultura e Turismo sempre estiveram muito aquém onde estiveram algum dia no posicionamento nacional e internacional.

 

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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