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A fidelidade canina de João Leão

O vice-governador João Leão está prestes a assumir o governo, caso Rui Costa seja confirmado na chapa para o Senado  |  

Publicado em 07/03/2022, às 06h15      Victor Pinto

A publicação deste artigo acontece no dia 07 de março de 2022. Se o atual desenho da chapa majoritária da situação se concretizar, faltam apenas 27 dias para Rui Costa (PT) deixar o governo da Bahia e passar o comando do Executivo baiano para o secretário de Planejamento e vice João Leão (PP). Essa possível transição tem provocado especulações das mais diversas.

Setores da base ainda desconfiam das futuras posturas que podem ser adotadas pelo vice-governador quando estiver com a caneta na mão. Sejam elas das interferências da ala mais forte do PP nacional ligada a Jair Bolsonaro (PL), uma possível candidatura própria a reeleição do pepista em detrimento da chapa da “situação” ou até mesmo uma possível ligação com o ex-prefeito ACM Neto (UB), principal rival do grupo.

Na entrevista da Piatã FM na última semana, comigo, o deputado federal Cacá Leão (PP), praticamente um primeiro-ministro de toda essa condução, afirmou que seu pai terá uma “fidelidade canina” ao grupo, que não buscará fazer peripécias e deixa clara a sua ideia de ser, caso seja concretizado, um governo de continuidade e não de transição.

ACM Neto também negou categoricamente possuir qualquer tipo diálogo com o PP baiano, mas até a estátua de Tomé de Souza na Praça Municipal sabe da sua excelente relação com Cacá. Os meandros do núcleo leonino no poder, caso ocorra e tudo leva para esse caminho, será acompanhado de perto de maneira minuciosa pelos partidos, até então, aliados.

Cacá, também na entrevista, disse que o pai deve seguir o script. Mas, vejamos: Leão passará um trator para conseguir fazer uma proporcional forte na Assembleia Legislativa e, principalmente, na Câmara Federal, algo que tem tirado o sossego de outras siglas do teodolito, vide PT e PSD.

Assim que assumir o mandato, terá, em média, 10 substituições do secretariado para fazer entre interinos e os que deixarão o posto por força da legislação eleitoral, além de espaços de segundo escalão vagos até hoje. Trocas que podem desagradar até Rui Costa, quem sabe, não estão fora do radar.

A reunião de Otto com Leão na Seplan, na última semana, foi bastante representativa nesse aspecto de costurar uma “lealdade”, algo que tem mexido com o sono do pessedista, apesar dele negar até a alma oficialmente. Mesmo o senador taxá-lo como “cortesia”, muito se sabe que o encontro serviu para selar apoios, desenhar estratégias e garantir espaços. O senador Angelo Coronel (PSD), embaixador de Otto, foi um dos participantes e, muito em breve, assumirá o papel de coordenador de uma futura campanha e estabelece um diálogo, até então, bem “a lá vontê" com os pepistas.

Se a fidelidade for canina ou leonina, de fato, só constataremos a partir de 2 de abril quando Leão se tornar inquilino do Palácio de Ondina. No rugir do tempo, saberemos ao certo como o ainda vice-governador conduzirá a sua biografia política. A conferir.

 

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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