Após a morte do ex-presidente Fernando Boulhosa, foi convocada novas eleições para definir a diretoria do Conselho Municipal do Carnaval de Salvador. O comandante da Associação Brasileira das Agências de Viagens na Bahia (Abav-BA), Pedro Costa, capitaneia a chapa única que se inscreveu para o pleito que seria realizado nesta terça-feira (15).
Uma liminar da 5ª Vara da Fazenda Pública da capital suspendeu as eleições do Conselho do Carnaval e da coordenação executiva da festa. A decisão foi fruto de uma ação de 130 entidades carnavalescas contra a prefeitura da capital.
Após a confirmação do adiamento da eleição, o Bocão News entrevistou o presidente da chapa única, Pedro Costa, que falou sobre o imbróglio judicial, os desafios para os próximos carnavais e a expectativa de deliberar sobre a maior festa popular do mundo.
Bocão News: Uma ação movida por entidades carnavalescas questiona a legalidade do processo eleitoral, que causou o adiamento das eleições do Conselho. As entidades alegam que não foi obedecido o regimento interno da própria entidade. Diante disso, qual é a postura da chapa?
Pedro Costa: Isso não existe. Ninguém se manifestou contra. Fizemos tudo de acordo com o estatuto: foram convocadas reuniões, obedecidos todos os prazos e essas ações foram amplamente divulgadas em imprensa. Além disso, existe uma liminar que determina a minha permanência na presidência do Conselho Municipal do Carnaval.
BN: O que o senhor considera o maior desafio do carnaval de Salvador?
Pedro Costa: A nossa grande proposta fazer uma gestão democrática com a participação democrática das entidades e da população. O fortalecimento das entidades carnavalescas também é muito importante. Hoje, já temos um carnaval profissional, com estrutura. Pretendemos dar sequência ao trabalho e fazer um carnaval forte em todos os circuitos, igualitário e marcado pela democracia.
BN: Essa democracia a que o senhor se refere passa pelo fortalecimento do carnaval dos bairros?
Pedro Castro: Claro que passa. Queremos fazer uma distribuição justa da festa por vários locais de Salvador. E, para isso, precisamos fortalecer o carnaval dos bairros, oferecendo atrações de qualidade e uma estrutura qualificada para quem preferir curtir a festa longe dos principais circuitos da folia.
BN: Na opinião do senhor, qual é o ponto mais deficiente do carnaval de Salvador?
Pedro Castro: Sem dúvidas, é a distribuição do carnaval pelos circuitos. Eu explico: a festa não tem a mesma condição se formos comparar os circuitos Batatinha e do Campo Grande, em relação ao Barra/Ondina, por exemplo, tanto com relação à infraestrutura, quanto às atrações. A estrutura do Batatinha e do Campo Grande não está no mesmo nível, mas isso não é porque alguém escolheu que fosse assim. É da própria estrutura dos locais.
BN: E o que pode ser feito para equilibrar o carnaval entre os circuitos?
Pedro Castro: É isso. Precisamos, na medida do possível, trazer atrações de qualidade e estrutura para os circuitos do Campo Grande e do Batatinha. Precisamos também ouvir o povo, as entidades, provocar os debates para que cheguemos a um carnaval mais igualitário e bom para todos.
BN: Recentemente, muito se questionou sobre a ordem de desfile dos trios. O senhor considera justo o atual modelo?
Pedro Castro: Quem criou esse atual formato foi muito feliz. Acho muito justo que sejam privilegiados os blocos mais antigos, mais tradicionais e que mais contribuíram para nossa festa. Isso não quer dizer que vai ser assim para sempre. Mas, por enquanto, esse modelo está funcionando. Futuramente, se acharmos que o melhor poderá ser mudar esse formato, vamos pensar e discutir democraticamente o melhor modelo de apresentação dos blocos.
BN: Qual é a sua expectativa para os próximos carnavais?
Pedro Castro: Pretendemos fazer uma festa bonita e para todos. O carnaval de Salvador exige que permaneçamos sempre repensando ações e estratégias para fortalecer a festa. O Conselho Municipal do Carnaval é o fórum para essas discussões. Com a entidade forte, quem ganha é o Carnaval de Salvador, e consequentemente, a cidade.
Fotos: Rodrigo Soares
Originalmente publicada no dia 15 de maio de 2012, às 17h55
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