PF investiga morte de três girafas trazidas da África do Sul

A Polícia Federal passou a investigar a morte de três girafas que foram trazidas para uma empresa brasileira da África do Sul, sob alegação de criação de um centro de conservação. O grupo com 18 girafas estava no Portobello Resort & Safári, em Mangaratiba, a duas horas do Rio de Janeiro. Na primeira tentativa de caminhada ao ar livre, seis girafas fugiram. Após serem recapturadas, três delas acabaram morrendo.

As girafas não saem mais para o espaço externo desde o dia 14 de dezembro de 2021, todas elas ficam em baias de 40 metros quadrados. Cada baia tem três girafas. A previsão é de que elas saiam nos próximos dias.

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Apesar dos responsáveis alegarem que o projeto visa à conservação dos animais e que eles vieram de reservas privadas de manejo sustentável de fauna e não foram capturados na natureza, três instituições – Fórum Nacional de Proteção Animal, Ampara Animal e Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil – entraram com uma ação na Justiça do RJ pedindo esclarecimentos do ocorrido e a cobrança de multa milionária.

Claudio Mass, responsável pelo antigo Portobello Resort & Safári, que agora leva o nome de BioParque, explicou que o "processo de transição, de habituação, onde o animal precisa criar uma relação positiva com o novo tratador, com a nova equipe. E, após esse processo, que pode demorar um mês, dois, três, até seis dependendo do indivíduo, eles vão lentamente tomando confiança, segurança, até que possam vir para cá”.

Os responsáveis pela empresa ainda afirmaram que a instituição de origem foi aprovada pelos órgãos competentes no Brasil e na África do Sul. “O objetivo da vinda desses bichos para o Brasil é compor um pool genético para revigorar a população brasileira. Uma parte desses animais, quando a gente tecnicamente entender que eles estão preparados e habituados, eles vão para o BioParque ou para outros mantenedores de acordo com as recomendações genéticas dos grupos de zoológicos que trabalham com esses bichos hoje no Brasil”, disse Claudio Mass.

A reportagem do G1 teve acesso ao documento onde o Ibama concede a licença, com o selo da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites). Nele, a mesma letra aparece em toda lista de animais: w, de wild, em inglês, que significa selvagem. Essa classificação é feita pela Cites, que define o código w como animais retirados da natureza.

Uma portaria do Ibama prevê que não será autorizada a importação de animais da fauna silvestre exótica provenientes de captura da natureza e destinados a comercialização.

As instituições que entraram na Justiça contra a empresa pedem multas de R$ 50 mil por dia, além de R$ 1 milhão por danos coletivos, por causa das três girafas que morreram.

“Não faz sentido, em termos de conservação, você trazer 18 animais de origem de vida livre para um projeto inexistente no Brasil de conservações de girafa. Isso é um contrassenso na biologia da conservação”, disparou Mauricio Forlani, gerente de projetos da Ampara Animal ao G1.

O Ibama garantiu que irá apurar eventuais irregularidades cometidas pelo importador e explicou que só foi emitida a autorização para a importação do grupo de girafas após avaliações de regularidade e da capacidade do importador de receber os animais.

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