Cidades
Publicado em 02/05/2015, às 14h13 Gilberto Jr. / Bocão News Tiago Di Araujo (twitter: @tiagodiaraujo)
O cenário é completamente desastroso. Cinco dias após a tragédia na localidade do Barro Branco, na Avenida San Martin, que fez 11 vítimas fatais, o que se vê no local na manhã deste sábado (2), é uma cena de drama composta por companheirismo e solidariedade. Em meio ao “mundo” de lama, as retroescavadeiras trabalham sem parar, mas parecem não fazer nenhuma diferença pelo tanto de barro que tomou conta das casas que ali estavam.
Mesmo assim, o trabalho continua, iniciando todos os dias pontualmente às 7h e praticamente sem hora para terminar, chegando até às 23h. Ao redor das máquinas, outras casas que por pouco também não fizeram parte da tragédia e tiveram que ser interditadas por segurança. Quem tem parentes por perto continuou na região, quem não tem saiu do local e alguns estão em um hotel próximo, que segundo alguns moradores, foi disponibilizado pela Prefeitura.
A recepção das doações quem faz é José Luiz, morador do local há 30 anos. Em meio a toda correria para atender aqueles que chegam para ajudar, ele fala qual a maior necessidade no momento. “Recebemos muitas doações, mas estamos precisando agora de alimentos e produtos de limpeza”, disse após ser interrompido por diversas vezes por doadores e moradores. O pouco de alimento que tem é compartilhado entre os que moram no local e os que trabalham por lá.
Porém, ao mesmo tempo em que agradece cada apoio, Seu Zé, como é carinhosamente chamado pelos vizinhos, lamenta os furtos das doações ocorridos na última noite. “Infelizmente, estamos sem segurança e algumas coisas estão sumindo. É difícil de acreditar, mas é verdade, isso que está acontecendo”, contou nitidamente abatido. Enquanto fala, Seu Zé ainda tem que organizar o trânsito na estreita Avenida Bolera, dos carros que chegam com doações e as caçambas que retiram o barro do local da tragédia, já que os militares do Exército chegaram no fim da manhã.
E após uma semana difícil, mesmo sem conseguir imaginar o fim de todo sufoco, para Seu Zé resta apenas acreditar na melhoria. “Acho que com tudo isso que aconteceu, pelo menos alguma iniciativa vai ser tomada para melhorar. Nem que seja só para melhorar 50% da nossa situação”, projetou ao deixar uma frase no ar. “Eu acredito”.