Cidades

Superintendente do Iphan baiano esclarece parecer favorável ao La Vue

Publicado em 22/11/2016, às 07h09      Redação Bocão News

O atual superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da Bahia, Bruno Tavares, emitiu nota esclarecendo o parecer favorável que deu para construção do prédio La Vue, na Ladeira da Barra, em Salvador, mas que foi embargado pelo Iphan nacional posteriormente.

O embargo à obra foi o que levou o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), detentor de um apartamento no imóvel, a pressionar o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a pedir demissão por conta da pressão do peemedebista baiano.

Em publicação na rede social Facebook, o ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse que o parecer havia sido aprovado na superintendência regional pelo então coordenador da área técnica, Bruno Tavares, que passou ao posto de superintendente com a chegada do presidente Michel Temer à Presidência da República. 

Tavares, que servidor concursado Iphan desde 2005, afirmou que cabe ao coordenador técnico, cargo que ocupava quando a documentação referente ao La Vue chegou ao órgão regional, avaliar os pareceres encaminhados sobre projetos analisados pelos técnicos do Iphan. Tais estudos, segundo ele, buscam subsidiar a decisão do superintendente pela aprovação ou reprovação de intervenções em áreas protegidas e/ou suas respectivas áreas de entorno. 

"No caso do empreendimento La Vue Ladeira da Barra, quando da sua análise, haviam sido submetidos a mim dois pareceres técnicos: um oriundo do ETELF – Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização, que funcionava devido à celebração de um Acordo de Cooperação Técnica do IPHAN com a prefeitura municipal e o IPAC – órgão estadual de preservação do patrimônio; e outro parecer técnico, elaborado por arquitetos urbanistas da superintendência com uma proposta de poligonal de entorno para os bens tombados na região da Barra, incluídos o outeiro e Igreja de Santo Antônio, Forte de São Diogo, Forte de Santa Maria e o Farol da Barra", descreve Bruno Tavares.

Segundo o então coordenador técnico, a comissão de arquitetos era responsável pela elaboração de propostas de delimitação de poligonais de entorno de diversos sítios históricos na Bahia e foi criada antes da apresentação do projeto do empreendimento La Vue, em consonância com orientações do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan. "Muitas das propostas de delimitação inclusive foram apresentadas em reunião de todos os gestores, diretores e superintendentes, no capítulo de melhores práticas. Tal poligonal proposta pelo parecer já indicava que o empreendimento em questão se encontrava fora dos limites ali delineados, o que levou a coordenação técnica a emitir parecer em favor dos estudos mais aprofundados existentes até aquele momento. O projeto obteve, então, aprovação com base no parecer, por decisão do superintendente, ainda no ano de 2014. A recomendação pela aprovação do empreendimento não ocorreu, portanto, de forma unilateral. Deu-se com base em pareceres elaborados por áreas competentes para a análise do caso", explica o agora superintendente regional do Iphan baiano.

O chefe do Iphan ainda ressalta que a orientação do departamento nacional para embargar a obra neste ano de 2016 foi atendida, "possibilitando-se ao empreendedor a apresentação de nova proposta que respeitasse as limitações estabelecidas pelo IPHAN em Brasília".

Bruno Tavares lembra que outras divergências de posicionamentos dentro do próprio Iphan já aconteceram e atribui isso a "deficiências que a própria instituição possui, principalmente em razão da inexistência de critérios claros de intervenção ou normatização regulamentados para os bens tombados e suas respectivas áreas de entorno, o que ocorre grande parte dos centros urbanos protegidos pelo Iphan no Brasil, inclusive o Centro Histórico de Salvador, Patrimônio da Humanidade".

"Pelo exposto, reitero que a análise procedida por mim em relação ao empreendimento objeto da polêmica envolvendo o Iphan se deu com base em critérios técnicos, em que pese a divergência técnica entre a superintendência e a área central, já equacionada, uma vez que  novas diretrizes já foram estabelecidas pela presidência", defende-se. "Aliás, cabe destacar que quando da minha nomeação para o cargo de superintendente do Iphan na Bahia, o parecer de aprovação referente ao empreendimento já havia sido reformado, e a tramitação do processo ocorria exclusivamente na presidência do Iphan, não cabendo mais manifestação nem havendo possibilidade de interferência da superintendência em relação à questão", afirma Tavares, que ressalta ter sido escolhido "por razões exclusivamente técnicas".

Matérias relacionadas:

Comissão de Ética vai investigar pedido de Geddel sobre obra na Barra
Ex-ministro acusa Geddel de pressioná-lo para liberar obras do La Vue na Barra
PGR pede paralisação das obras do edifício La Vue na Barra
Instituto dos Arquitetos aciona Justiça contra obras do La Vue na Barra
Decisão é evidência que o La Vue passou por cima da legislação, diz Gilmar
Após audência pública, vereador cobra do MP desfecho do caso La Vue na Barra
La Vue retoma obras e garante ter respaldo para a construção
Audiência pública discute a construção do Edifício La Vue
Vereador consegue espaço para audiência sobre La Vue
Após denúncia, incorporadora nega irregularidade em empreendimento na Barra
Sucom aguarda parecer da PGM sobre suspensão de obras do La Vue
La Vue: ex-ministro faz revelações e diz que estudos apontaram até falsificações

 

Classificação Indicativa: Livre


Tags Bahia Iphan superintendente La Vue bruno tavares