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Operação Condotieri: PF aponta envolvimento de ex-deputado e Justiça decreta bloqueio de R$ 420 mil dos investigados

Suspeitos, entre eles um ex-vereador e assessores, se serviram de pelo menos duas empresas de “fachada” para emissão de notas “frias”  |  Arquivo / BNews

Publicado em 30/08/2018, às 08h48   Arquivo / BNews   Redação BNews

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (30), a Operação Condotieri, que mira crimes eleitorais cometidos em 2016 por um então candidato, eleito vereador, da cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. 

Mais de 100 policiais federais cumprem 29 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de medidas cautelares diversas da prisão e 61 mandados de intimação nos municípios baianos de Vitória da Conquista, Itabuna, Wenceslau Guimarães, Salvador e Lauro de Freitas, além do Rio de Janeiro e em Cuiabá.

Segundo a polícia, a ação decorre de uma investigação iniciada no ano passado pela Delegacia de Polícia Federal em Vitória da Conquista, sobre o crime de corrupção eleitoral e falsidade durante a eleição de 2016, em que um vereador, então candidato, oferecia empregos no novo Presídio do município, que estava prestes a ser inaugurado, em troca de apoio na campanha e de votos. 

A investigação desvendou que a organização criminosa instalada se utilizou da estrutura de outros órgãos públicos, como o Departamento de Trânsito do Estado da Bahia e a Zona Azul, para o mesmo objetivo, omitindo receitas e falsificando recibos entregues na prestação de contas à Justiça Eleitoral. Os investigados se serviram de pelo menos duas empresas de “fachada” para emissão de notas “frias”, que eram utilizadas para a prestação das contas.

Além do vereador, estão envolvidos no esquema um ex-presidente da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, o assessor de um deputado federal, um ex-deputado estadual da Bahia, assessores, o ex-diretor do 4º CIRETRAN de Conquista, membros da empresa que administra o novo presídio, sócios administradores do consórcio Zona Azul, além de outras pessoas. Eles responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica, patrocínio infiel e estelionato.

A Justiça Eleitoral determinou ainda o bloqueio de bens e valores de membros da organização criminosa na ordem de aproximadamente R$ 420 mil, em razão do valor potencial do desvio. Além disso, dois dos mandados cumpridos na operação são em desfavor de empresários alvos na operação Calicute, que representou a 37ª fase da operação Lava Jato, que em 2016 desvendou esquema e corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em obras do Rio de Janeiro.

O nome da operação é uma alusão à obra de Nicolau Maquiavel denominada “O Príncipe, que trata das teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano, servindo de guia para como se chegar e manter-se no poder. Os “condotieri” (mercenários), citados na obra, eram contratados pelos governantes da época com o intuito de obter conquistas territoriais na península Itálica do século XVI, utilizando-se de força ilegítima e sem qualquer ética política, sob o argumento de que "os fins justificam os meios".
 

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