Coronavírus

Deputado do PT quer negros e pobres em vacinação prioritária na Bahia

Jorge Solla defende estudos que apontam para vulnerabilidade de grupos  |  Arquivo/BNews

Publicado em 11/03/2021, às 16h41   Arquivo/BNews   Redação BNews

O deputado federal baiano Jorge Solla (PT) anunciou ao BNews que vai encaminhar um ofício ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) anexando estudos científicos para defender a vacinação prioritária a negros e população de baixa renda, assim que forem vacinados todos os grupos prioritários previstos no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Segundo ele, entre os estudos, o mais recente é de pesquisadores do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), "Cor da Moradia: apontamentos sobre raça, habitação e pandemia". O estudo detalha os índices de letalidade do coronavírus por idade e raça, e demonstra que em todas as faixas etárias, a proporção de negros falecidos por Covid-19 é maior que sua proporção na população, ocorrendo o oposto com os brancos. 

"Esse estudo demonstra que aspectos como o acesso aos serviços de saúde e a qualidade da moradia e transporte multiplicam as chances de morte por coronavírus. É uma espécie de comorbidade social, que não pode ser ignorada em nosso plano de vacinação. São pessoas que, dada a habitação precária, não conseguem ficar em isolamento adequado, e não tem empregos que comportam o trabalho remoto, precisam sair de casa para ganhar o pão, pegam transporte público lotado”, destacou, em nota enviada para a reportagem.

O petista salienta que o recorte racial também precisa ser considerado na priorização das vacinas. Ele cita estudo da King's College de Londres, que equalizou as diferenças de renda entre brancos e negros infectados pelo coronavírus, retirou os casos de pacientes com doenças crônicas, e ainda assim pacientes negros seguem com risco de internação 2,2 vezes maior que brancos. 

Outro recorte válido para análise que o estudo aponta são as zonas especiais de interesse social (Zeis), áreas que podem ser usadas como instrumento de proteção à habitação popular/social. Em Salvador, percebe-se a sobreposição das Zeis – algumas delas classificadas como favelas – com áreas de concentração da população negra.

"É um vírus que ainda está em estudo, mas a ciência já tem elementos para dizer que negros tem maior probabilidade de agravamento do que brancos. Precisamos, logo, dar prioridade a quem tem maios risco. É o que manda a ciência", completou.

Uma nova remessa de vacinas contra a Covid-19 chegou à Bahia na terça. Trazidas em um voo comercial que pousou no aeroporto de Salvador às 23h10, as 178.600 doses do imunizante produzido pelo Butantan começaram a ser distribuídas para o interior na manhã desta quarta. Este é o sétimo envio que chega ao estado. Com esta carga, a Bahia totaliza 1.289.800 doses recebidas, entre Coronavac e Oxford, desde o dia 18 de janeiro, quando chegou a primeira remessa.
 

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