Justiça

MPF denuncia vice-governador do Pará e mais 31 pessoas por organização criminosa

Desvios chegam a quase R$ 40 milhões e maior parte era para compra de merenda escolar  |  Reprodução

Publicado em 09/01/2020, às 09h38   Reprodução   Yasmin Garrido

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o vice-governador do Pará, Lúcio Vale, por fazer parte de uma organização criminosa que desviou R$ 39,6 milhões de dez municípios paraenses por meio de fraudes em licitações entre 2013 e 2017, principalmente com o uso de empresas de fachada.

De acordo com o órgão federal, a maior parte dos recursos deveria ter sido destinada à compra de merenda escolar. Também foram identificados desvios de recursos da saúde e da assistência social.

Outras 31 pessoas também foram denunciadas, a maioria também por participação na organização, crime que tem pena de até oito anos de prisão e multa. Outros são acusados dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e peculato, cujas penas, somadas, chegam a 39 anos de prisão, e multa.

Segundo o MPF, os recursos foram desviados dos seguintes municípios: Viseu (R$ 31.877.107,15), Ipixuna do Pará (R$ 1.986.331,88), Mãe do Rio (R$ 1.795.542,23), Cachoeira do Piriá (R$ 1.597.546,64), Marituba (R$ 1.401.152,60), Santa Maria do Pará (R$ 687.075,32), São Miguel do Guamá (R$ 223.011,24), São Caetano de Odivelas (R$ 88.148,30), Ourém (R$ 16.101,58) e Marapanim (R$ 14.850,96).

A denúncia, que foi assinada por 15 procuradores é baseada em investigação iniciada em 2017, que contou com a participação da Polícia Federal, Receita Federa, Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), responsáveis pelas operações Carta de Foral, de novembro de 2018, e Vissaium, de dezembro de 2019.

Ainda segundo o MPF, as investigações identificaram e delimitaram núcleos por atuação no esquema criminoso. Do núcleo político participavam integrantes do Partido Liberal (PL), antigo Partido da República (PR), e agentes políticos relacionados, como administradores municipais e afins, principais beneficiários do esquema.

Além de Lúcio Dutra Vale, atual vice-governador do Pará e ex-deputado federal, participavam desse núcleo os irmãos dele, Cristiano Dutra Vale, deputado federal e ex-prefeito de Viseu, e Leonardo Dutra Vale, atual prefeito de Cachoeira do Piriá. O atual prefeito de Viseu, Isaias José Silva Oliveira Neto, também integrava o núcleo político.

Já o núcleo de agentes públicos era formado por servidores municipais, atuando como o elo entre o núcleo político e o núcleo empresarial, este liderado por David Gonçalves Marialva. O grupo era composto por empresas de fachada, com laranjas e testas de ferro, funcionários que realizavam fraudes e pagamentos de vantagens. A denúncia trata, ainda, do núcleo da lavagem, integrado por pessoas físicas e jurídicas que foram indicadas por integrantes dos núcleos político e empresarial para serem destinos de recursos.

Veja os denunciados:

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