Eleições
Publicado em 16/08/2016, às 05h00 Reprodução Alexandre Galvão e Victor Pinto
Salvador, conhecida pela divisão entre Cidade Alta e Cidade Baixa, guarda outras repartições talvez pouco conhecidas pelo eleitorado: a divisão de bairros entre os vereadores da Câmara Municipal.
Os 43 edis "delimitam" a cidade em busca de votos e disputam áreas – muitas vezes, nem mesmo respeitando o fato de serem do mesmo espectro político. Na divisão, o Bocão News identificou três tendências de repartições mais comuns. Há vereadores que atuam apenas em bairros, outros sustentam seus mandatos apenas em aspectos ideológicos e outra parcela mescla as buscas pelos eleitores.
Vereador de primeiro mandato, Beca (PPS) atua unicamente nos bairros e concentra suas atividades em cinco regiões da cidade: Matatu, Luis Anselmo, Cosme de Farias, Sete de Abril e Lobato. "A gente vive o cotidiano da comunidade. O importante é você ficar perto do povo e ouvir as demandas: de resolver problema de iluminação, de pavimentação, ajudar em projetos sociais e assim ajudar todo o povo".
Sobre a campanha em si e suas mudanças, o membro do PPS sinalizou como positivas. "A campanha como estava só favorece quem tinha dinheiro. Agora, cada vez mais, prevalece quem tem serviço prestado", analisou.
"Valorizamos a presença nos bairros para constatar os problemas e buscar as solução através do Executivo ou na criação de Projetos de Lei", descreveu. Perguntado sobre qual eleitorado era mais difícil de conquistar - nos bairros ou de opinião -, o vereador tergiversou: "Salvador é uma cidade que cresceu desordenada e com arrecadação ainda muito menor do que outras capitais. A atenção às regiões mais pobres em uma cidade como a nossa é fundamental. Não dá pra viver de 'gogó' com tanta gente precisando do Poder Público nas ruas".
"O trabalho nas comunidades é o de quem ouve as necessidades. Ouvimos, anotamos e ecnaminhamos ao prefeito, que autoriza a execução das obras. Fazemos tudo que a comunidade deseja e está ao nosso alcance", asseverou Pepê, que tem atuação destacada em Engomadeira, Cabula e Saboeiro.
Além destes, Alemão (PHS) tem atuação em Sussuarana, São Marcos e Bariri, Alferdo Mangueira (PMDB) atua principalmente na Liberdade, Cajazeiras e Cidade Baixa, Antônio Mário (PSC) em Valéria, Arnando Lessa (PT) na Fazenda Grande do Retiro e Marotino, Henrique Carballal (PV) tem presença na Boca do Rio, Nova Brasília e Valéria, Carlos Muniz (PTN) na Engomadeira, Sussuarana, Nova Brasíli e Tancredo Neves, Eliel (PV) em São Cristóvão e Bairro da Paz, Euvaldo Jorge (PPS) marca presença no Imbuí e Valéria, Kiki Bispo (PTB) está no São Caetano, Cajazeiras e Castelo Branco, Léo Prates (DEM) atua em Cajazeiras e Cosme de Farias, Odiosvaldo Vigas (PDT) em Itapuã, Orlando Palhinha (DEM) Alto da Terezinha, Plataforma e Periperi, Paulo Câmara (PSDB) na Cidade Baixa, Cajazeiras, São Caetano e Subúrbio, Sabá (PV) na Fazenda Grande do Retiro, Bom Juá e Marotinho, Tiago Correia (PSDB) com atuação pulverizada pela cidade, Toinho Carolino (PTN) na Bocão do Rio e Itapuã e Vado na Cidade Baixa.
IDEOLÓGICOS - O Bocão News identificou nove vereadores que buscarão a reeleição em nichos específicos. Os grupos vão desde igrejas, passando por sindicatos e chegando à causa animal.
Para ela, o voto de opinião é mais difícil de conquista do que o de serviço. "Aho que é mais difícil (voto de opinião). Muita desilusão da população com a política. A gente tem que mobilizar para mostrar que tem que acompanhar o parlamento para qualificar. Qem trabalha muito na faixa de serviço vai na ausência do poder público. Estruturas da prefeitura favorecem alguns candidatos - com asfalto, que é sempre uma coisa valorizada pelas pessoas das comunidades", acusou.
Aém de Aladilce, Ana Rita Tavares (PMB) atua junto à causa animal, Cátia Rodrigues (PHS) busca seus votos na Igreja Internacional da Graça de Deus, assim como Isnard Araújo (PSDB) e Luiz Carlos, que são ligados à Igreja Universal do Reino de Deus e Heber Santana (PSC), que tem sua base na Assembleia de Deus. Hilton Coelho, do Psol, se aninha junto a grupos de esqueda. Já Edvaldo Brito (PSD), é jurista, ex-prefeito e tem respaldo de votação junto com intelectuais. Vânia Galvão (PT) tem seu eleitorado concentrado, principalmente, dentro do PT, da esquerda e no movimento de mulheres.
MISTOS - Vereador de primeiro mandato, Silvio Humberto (PSB) atua junto ao movimento negro e tem também um trabalho junto à comunidade do Garcia.
Para o socialista, o voto ideológico e o de serviço passa por outras searas. “Você tem aquele voto ligado ao partido que é mais consolidado e voto ligado a posicionamentos, como aquele que você é contra ou favor do Uber. É um assunto complexo de se analisar. O voto de serviço do bairro passa por uma transição, pois antes só ganhava o voto quem levava asfalto, luz e etc. Nesses 12 anos a mentalidade do povo mudou, então isso não deve ser levado em conta como prioridade”, disse.
Além de Humberto, outros vereadores mesclam suas atuações: Alberto Braga (PSC) tem sua sbases na Vila Canária, Alto de Coutos e na Igreja Renascer em Cristo, Gilmar Santigo (PT) em Cosme de Farias, Calabetão e Embasa, J. Carlos Filho (SD) em Plataforma, Subúrbio e Sindicato dos Rodoviários, Joceval Rodrigues na Igreja Católica e São Caetano, Kátia Alves (SD) em Cajazeiras, Itapuã, questões ligadas à segurança pública e ao público LGTB, Leandro Guerrilha (PTB) reúne votos de radialistas, mas também em Luís Anselmo, Cosme de Farias, Matatu e Cajazeiras, Moisés Rocha (PT) atua no Curuzu, na Liberdade e tem apoio do voto da consciência negra e de pessoas ligadas ao samba e Suíca (PT) em Pernambués, Nordeste de Amaralina e Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Urbana.