Política
Publicado em 24/08/2018, às 09h31 Folhapress Folhapress
Ex-secretário da Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), Layr Luchesi Junior deixou a prisão na última sexta-feira (17) e, se tudo desse certo, viajaria com a família nesta quinta-feira (23) para a Bahia. Mas não deu. A Justiça rejeitou o pedido.
Luchesi, que foi secretário da Casa Civil e de Esportes da ex-prefeita Dárcy Vera, que segue presa em Tremembé, é um dos réus da operação Sevandija –parasita– libertados após decisão do TJ (Tribunal de Justiça), que considerou entre os motivos para a liberdade provisória o excesso de prazo sem julgamento. Ele estava preso desde maio do ano passado. A Promotoria alega que o motivo é improcedente.
A Sevandija foi deflagrada em setembro de 2016 e levou ao surgimento de seis ações penais. Nelas, são processadas 47 pessoas –cinco estão presas. Os réus são acusados de fraudar licitações cujo montante chega a R$ 256 milhões.
O ex-secretário deixou a prisão, mas sua liberdade deve obedecer algumas restrições, como não sair de casa diariamente das 20h às 6h. Ele também teve de entregar seu passaporte à Justiça e só pode deixar Ribeirão Preto com autorização judicial.
A viagem de Luchesi terminaria apenas no dia 30. O juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, rejeitou o pedido nesta quinta sob a alegação de que a viagem era para lazer.
Em abril, a Promotoria pediu a prisão de oito ex-vereadores, três empresários e dois ex-funcionários da Coderp (companhia de desenvolvimento) por organização criminosa, fraudes em licitações, peculato e corrupção ativa e passiva.
Conforme a denúncia, a empresa Atmosphera era utilizada para abrigar funcionários indicados por agentes públicos, como vereadores, em troca de apoio político para Dárcy na Câmara.
Contratos da prefeitura com a Coderp tinham como objetivo a prestação de serviços de informática, mas a Atmosphera era terceirizada para funções que nada tinham a ver com o setor.
Documentos obtidos pela investigação davam conta inicialmente de que os contratos entre a empresa e a Coderp somavam, entre 2012 e 2016, R$ 49 milhões, mas o valor foi revisado e chegou a R$ 105 milhões.
Além da prisão preventiva, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista, pediu a proibição dos acusados de contratar com o poder público e de disputar cargos eletivos por oito anos.
Luchesi é acusado de corrupção ativa e passiva, de integrar organização criminosa, de fraude em licitação e peculato. A Folha tentou, sem sucesso, contato com a defesa de Luchesi Junior na tarde desta quinta.