Política
Publicado em 13/05/2021, às 12h35 Agencia Brasil JULIA CHAIB, RICARDO DELLA COLETTA E WASHINGTON LUIZ, Folhapress*
Nesta semana, os depoimentos do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, e do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten ao colegiado deixou o presidente acuado.
A pesquisa Datafolha mostra ainda que temas relacionados à situação que o país enfrenta por causa do coronavírus têm abalado a imagem de Bolsonaro.
Entre os que declaram estar vivendo normalmente durante a pandemia, ele tem 36% das intenções de voto, um empate técnico com Lula (33%). Do outro lado, aqueles que dizem estar totalmente isolados apoiam Lula de forma maciça (58%), contra apenas 8%, Bolsonaro.
Outro dado negativo para o atual chefe do Executivo constatado no levantamento é a rejeição. De acordo com a pesquisa, Bolsonaro tem o maior índice entre todos os adversários.
Se considerado apenas o Nordeste, o índice é de 62%. Em seguida, aparecem Lula, com 36%, João Doria (PSDB), com 30%, e Luciano Huck (sem partido), que tem 29%.
Diante desse cenário, o Planalto teme que novas pesquisas repitam os resultados apontados pelo Datafolha e causem um processo de perda de apoio do Bolsonaro junto ao centrão.
Para tentar reverter a situação, nomes ligados ao presidente defendem o uso das redes bolsonaristas para desqualificar a pesquisa e destacar que ela difere muito de levantamentos recentes, que mostram Lula e Bolsonaro em disputa acirrada.
De maneira geral, líderes do centrão avaliam que a sociedade está polarizada e que não deve surgir um terceiro nome como uma nova via na eleição de 2022.
O Datafolha mostrou um terceiro lugar embolado no primeiro turno, em que aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT), com 6%, Huck, com 4%, Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).
Para congressistas, esse cenário pode colaborar com a eleição de Bolsonaro.
A possibilidade de um terceiro nome para tentar ganhar a disputa é defendida pelo PSD, que tem se afastado do governo. Senadores e deputados da legenda dizem que é possível surgir outros nomes na disputa e afirmam que o partido trabalha para ter candidatura própria.
O PL, no entanto, que também que integra o centrão, ficou dividido. Embora esteja na base de Bolsonaro, integrantes do partido apostam no crescimento ainda maior de Lula e começam a pregar um apoio ao PT no próximo ano.
O ex-presidente já iniciou as articulações para tentar recuperar o apoio de legendas consideradas peças-chaves para a eleição de 2022.
Após ter sido imunizado com as duas doses contra a Covid-19, Lula viajou a Brasília na semana passada, onde teve encontros com representantes de diversos partidos.
Além de contatos com a esquerda, ele também conversou com líderes do centrão e até do MDB, partido que capitaneou o impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.