Política

Ex-delator acusa Moro de usá-lo para investigar ministros do STJ e outros magistrados

Tony Garcia entregou ao STF documentos que provam que Moro o usou para investigar ministros do STJ  |  Lula Marques

Publicado em 28/09/2023, às 16h27   Lula Marques   Cadastrado por Lula Bonfim

Documentos até então sob sigilo na 13ª vara de Curitiba revelam que Sérgio Moro corroborou um acordo de colaboração premiada que previa grampear, monitorar e levantar provas contra colegas da magistratura paranaense que tinham foro privilegiado e estavam fora, por força de lei, do alcance dele como juiz federal, conforme informações do portal G1.

Enviado pelo delator ao STF (Supremo Tribunal Federal), o documento mostra que a colaboração previa, entre outras coisas, que o réu usasse escutas ambientais em encontros e conversas com políticos e juristas para obter informações sobre desembargadores do Paraná e ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O delator da ocasião era um ex-deputado estadual e empresário, conhecido como Tony Garcia. Ele só obteve acesso formal aos termos que formalizam sua atuação como informante de Moro recentemente, quando o juiz Eduardo Appio, desafeto da Lava Jato, assumiu a 13ª vara e retirou o sigilo que existia há quase 20 anos sobre os autos.

No processo, agora remetido ao Supremo com a intenção de anular todos os efeitos da ação de Moro contra Tony, há registros até de conversas telefônicas do ex-juiz com o réu, cobrando a entrega das tarefas que tinham sido estabelecidas no trato legal.

Os autos mostram que 30 missões foram delegadas ao delator como condição para a colaboração com o Ministério Público Federal, assinada por Moro.

De acordo com o portal, o conteúdo apresentado por Tony Garcia no STF provaria que Moro e o MPF investigaram, na primeira instância, desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que só poderiam ser investigados pelo STJ; e deputados federais, que possuem foro por prerrogativa de função no STF.

Em nota, Moro negou que tenha incorrido em qualquer irregularidade e atacou o ex-delator Tony Garcia.

“Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. Em 2004, fez acordo de colaboração que envolveu a devolução de valores roubados do Consórcio Garibaldi e a utilização de escutas ambientais autorizadas judicialmente e com acompanhamento da Polícia Federal e do MPF. Essas diligências foram realizadas por volta de 2004 e 2005, e todas foram documentadas. Não incluem qualquer gravação de autoridade com foro privilegiado, nem têm qualquer relação com as investigações do Mensalão ou Petrolão. Aliás, a farsa afirmada por Tony Garcia é facilmente desmascarada por ele não ter qualquer gravação de magistrados do TRF4, STJ ou STF”, disse.

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