Política

Veto e interferência em áreas importantes: Qual o poder de Janja no governo Lula?

Segundo apuração do Estadão, senadores e deputados petistas dizem que Janja se colocou como um poder entre o gabinete presidencial, a base aliada e ministros  |  Ricardo Stuckert / PR

Publicado em 18/06/2023, às 12h46   Ricardo Stuckert / PR   Cadastrado por Edvaldo Sales

A socióloga e primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, está sendo vista como problema para o governo por velhos amigos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros e líderes de partidos. Segundo apuração do Estadão, senadores e deputados petistas dizem que Janja se colocou como um poder entre o gabinete presidencial, a base aliada e ministros.

A reportagem afirma que Janja – a qual se instalou num gabinete de 25 metros quadrados bem ao lado da sala do presidente, no terceiro andar – participa de reuniões do presidente com ministros, impõe medidas para as áreas econômica, social e política, dá palpite sobre o relacionamento com os militares e afasta Lula de deputados e senadores.

Além disso, ainda de acordo com o Estadão, a primeira-dama tem interferido em questões de governo, especialmente na publicidade, indo além de meras opiniões sobre peças de campanhas e com poder de veto. Janja também determina mudanças, trocas e até barra campanhas importantes. 

O jornal revela que foi a primeira-dama que barrou uma proposta do PT de remunerar blogueiros alinhados ao governo e que a primeira-dama também defende uma comunicação mais voltada para as TVs abertas. O governo nega que Janja tenha interferência na área de comunicação ou publicidade institucional.

O Estadão diz ainda que um integrante do primeiro escalão contou que Janja atropelou o rito de conversas com a equipe econômica ao fazer um pedido expresso para redução dos juros do cartão de crédito e que auxiliares da Fazenda foram destacados para tocar a medida. No entanto, todos temem falar abertamente sobre Janja. As frases mais ouvidas quando o assunto se refere à primeira-dama seriam: “Me tira dessa” ou “Imagine se eu falar alguma coisa”.

Ainda conforme a reportagem, pelo relato de um interlocutor do Planalto, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, comentou numa reunião com Lula sobre a crise na articulação política. “Ao fim do encontro, a primeira-dama o acompanhou até a porta. Na despedida, Janja pediu a ele que não levasse mais aquele tipo de problema para o presidente”, diz o jornal. O ministro negou o diálogo.

O Estadão escreve também que um interlocutor contou que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), procurou Lula para alertá-lo sobre a insatisfação de companheiros com atitudes de Janja. O presidente teria dito, então, que ele não deveria mais repetir a crítica, caso quisesse preservar uma amizade de décadas. Wagner disse que “não há nenhum fundo de verdade nesse tipo de comentário”.

Quem também parece estar insatisfeito com as interferências da primeira-dama é o ministro da Casa Civil, Rui Costa. No círculo restrito dele há o entendimento de que Janja prejudica a interlocução política ao impedir que o presidente almoce com parlamentares e use mais o fim de semana para dar atenção aos representantes da base aliada.

A relação de Janja com o titular da Defesa, José Múcio Monteiro, também não é das melhores, aponta o jornal. Ela o acusou de não “proteger” o presidente como deveria no dia 8 de janeiro. “Interlocutores de Lula relatam que Janja já deu respostas ríspidas a Múcio, em cenas descritas como constrangedoras. Recentemente, contudo, a primeira-dama teria começado a se aproximar dele”, afirma a reportagem.

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