Política

Direto de Ilhéus: Wagner reconhece ajuda de Bolsonaro mas diz que repasse de R$ 200 milhões "será insuficiente"

Senador diz que se dividir o repasse pelas milhares de vítimas não será suficiente pare reconstruir estradas  |  Jaques Wagner em Ilhéus, em uma das bases montadas pelo governo, para acompanhar situação das chuvas - Lara Curcino/BNews

Publicado em 28/12/2021, às 09h36 - Atualizado às 09h52   Jaques Wagner em Ilhéus, em uma das bases montadas pelo governo, para acompanhar situação das chuvas - Lara Curcino/BNews   Lara Curcino* e Luiz Felipe Fernandez

O senador Jaques Wagner (PT), presidente da Comissão do Meio Ambiente no Senado, reconheceu nesta terça-feira (28) a importância do repasse federal de R$ 200 milhões para ajudar nos estragos causados pela chuva no sul e sudoeste da Bahia.

O ex-governador do estado, contudo, ressaltou que o valor será "insuficiente" para atender os milhares de desabrigados que ficaram com suas casas alagadas e também para recuperar rodovias federais que ficaram parcialmente destruídas e deixam diversos municípios isolados.

Em Ilhéus, onde fica uma das bases de apoio montada pelo governo da Bahia, Wagner disse ao BNews que vê com naturalidade a ação do presidente Jair Bolsonaro, mesmo como adversário político do governador Rui Costa (PT) no estado.

Segundo o petista, seria "muita mesquinharia" se em um momento tão sensível o presidente estivesse "pensando em política eleitoral".

"Acho que nessa hora todas as divergências políticas ficam de lado, seria um absurdo com gente desabrigada, morrendo, uma tragédia dessas, alguém pensando em política, seria muita mesquinharia. Da nossa parte e entendo que do governo federal, essas coisas são colocadas de lado, na hora do palanque nós teremos palanque", assegurou o parlamentar.

"Agora, R$ 200 milhões são bem vindos, mas posso garantir que para a recuperação de vias federais, como a BR-030 e a BR-415, várias questões de responsabilidade federal, esse dinheiro será insuficiente. Se você dividir R$ 200 milhões por 2 mil, 3 mil, 4 mil desabrigados, fora as estradas que tem que recuperar...Mas eu sei que estão trabalhando. Quero ver com o ministro Marinho [Desenvolvimento Regional] o que ele está pensando para ampliar isso", complementou.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, chega ao sul da Bahia nesta manhã para sobrevoar a região e se reunir com o ministro da Cidadania, João Roma. No mesmo voo chegam ainda os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.

Wagner destacou a ajuda da Cesta do Povo, que anunciou a doação de 10 toneladas de alimentos para serem destinados às vítimas das chuvas e enchentes, e cobrou de outras empresas que geram renda e emprego, empenho para minimizar os efeitos da tragédia climática.

A Bahia contabilizou, até esta segunda-feira (27), 31.405 desabrigados e 31.391 desalojados, de acordo com dados enviados pelas prefeituras e totalizados pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). O total de municípios afetados chega a 116, sendo que 100 deles já decretaram situação de emergência.

Foram registrados ainda 358 feridos e 20 mortos.

MEIO AMBIENTE

Na liderança da Comissão do Meio Ambiente, Wagner atribui ao menos parte do problema aos "maus tratos" do ser humano com o "planeta" em geral. Segundo o petista, construções irregulares em locais próximos a rios e barragens são arriscados, e fornecer uma moradia digna e segura será o principal desafio na recuperação da infraestrutura das cidades.

"Não vou dizer que é tudo por conta dos maus tratos que o ser humano tem dado ao planeta, mas muito é por conta disso. Edificação de um lado, muita água sobrando de outro, chuva totalmente fora de tempo. E quem sofre mais são as pessoas mais simples, que acabam procurando lugares não adequados para morar na falta de oferta de outro lugar, e tem que ir para beira do rio, encosta de morro", lamenta.

"Vamos abrir linha de financiamento para melhorar a retomada dos comerciantes. Vai ter que construir muita casa em local seguro para transferir essas pessoas", prevê o ex-ministro.

CONVOCAÇÃO

Mesmo em recesso, o senador avisa que em caso de emergência os parlamentares podem ser convocados para eventualmente votar um projeto de lei ou medida provisória destinada ao auxílio das vítimas na Bahia.

Ele tem mantido diálogo com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que teria mostrado disponibilidade em ajudar.

"Falei com ele [Pacheco] que o que a gente mais necessitava é saber se o Senado tem orçamento que possa ser liberado para ajudar na recuperação [...] o Congresso, na verdade, está em recesso, mas sempre mantém uma comissão permanente, mesmo que seja feita a convocação, mesmo por via virtual, tenho certeza que as pessoas atenderão se for essa a motivação", diz.

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* A repórter viajou para Ilhéus para cobertura das enchentes no sul da Bahia.

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