Varíola dos macacos: Veja o que dizem especialistas sobre transmissão sexual da doença

Uma pesquisa realizada pelo New England Journal of Medicine afirmou que a transmissão da varíola dos macacos é transmitida através do sexo em 95% das vezes. A informação foi publicada na última terça-feira (23) e já causou muitos questionamentos sobre o tema, principalmente para grupos de pessoas específicos já que 98% dos diagnósticos foram em homens gays ou bissexuais.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar da pesquisa ter identificado que a prevalência da transmissão foi entre homens que fazem sexo com outros homens, é muito cedo para afirmar que esse vírus é sexualmente transmissível. Afinal, ainda não há confirmação de que o vírus se propague através de fluxos sexuais, como o sémen, por exemplo. Muito menos que ele afete mais um determinado grupo da população em detrimento de outro.

“A principal forma de transmissão do vírus da varíola dos macacos e através de contato pessoa – pessoa, pele a pele. O ato sexual em si não parece ser uma forma de transmissão. É que no ato sexual o contato da pele de uma pessoa com outra é realmente muito intenso e isso facilita a transmissão do vírus. Pelo menos, é esse conhecimento que a temos até agora”, explicou o médico infectologista e clínico geral, Adriano Silva de Oliveira.

Para o infectologista também é muito prematuro afirmar que a prevalência da transmissão se dá em um determinado grupo de pessoas. “De fato 95% dos casos registrados foram em pessoas homossexuais, mas não sabemos até que ponto isso vai continuar assim. Só as pesquisas e a observação dos casos no futuro irão nos responder. Talvez esteja pegando esse grupo agora, mas depois vai se espalhar para os outros”, disse Oliveira.

O médico aproveitou para esclarecer e acalmar a população ao afirmar que “nem tudo que aparece na pele é varíola dos macacos”. Ele explica que os sintomas da doença são basicamente comuns de doenças virais como dor de cabeça, dor pelo corpo, cansaço e fraqueza. Mas, o que caracteriza a doença são as lesões na pele “atingindo universalmente o corpo”. “Essas pústulas são pequenas lesões com pus dentro, diferente da catapora que apresenta como característica vesículas com água interna”, explicou

No último sábado (23), a Organização Mundial de Saúde começou a tratar a doença como uma emergência de saúde pública. Em nota, após o Brasil atingir 1.066 contagiados divididos em 16 estados do país, o Ministério da saúde já classificou o vírus como “surto”. Diante desse cenário, o Governo brasileiro iniciou as tratativas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para a compra da vacina contra a varíola dos macacos. Atualmente, apenas um laboratório fabrica a vacina no mundo: a empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, que não tem representante no Brasil.

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