BNews Turismo
Publicado em 25/01/2019, às 18h38 Adenilson Nunes/BNews Shizue Miyazono
“Não existe mais turismo em Salvador, turista desce em Salvador e vira para a direita [Linha Verde e Litoral Norte]”. Assim começa o desabafo de um empresário, dono de alguns bares e restaurantes de Salvador. Sem querer se identificar, por medo de retaliação, o empresário afirma que o turismo hoje na capital baiana é quase zero. A matéria faz parte da série de reportagem do "Turismo em Crise", do BNews.
Ele explica que a Bahia sempre foi conhecida pela sua música, pela sua alegria e pela culinária. “A música trataram de destruir, não sabem mais fazer música na Bahia. O turista não vem mais para aqui por música e agora não vem mais conhecer a culinária também? Eu tenho algumas lojas em Salvador e a gente não recebe quase turista. Turista estrangeiro é zero”.
Ao BNews, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na Bahia, Luiz Henrique do Amaral, afirmou que dados da Junta Comercial do Estado da Bahia (JUCEB) mostram que, desde 2016, cerca de 2 mil bares, restaurantes e lanchonetes fecharam na Grande Salvador.
Apesar dos números, Amaral vê uma recente reação do trade turístico: “A partir de junho começou a reagir. Nos pontos turísticos onde tem bares e restaurantes essa reação foi notada positivamente”.
Ainda de acordo com o diretor-executivo da Abrasel, a expectativa é do fortalecimento do turismo neste ano e que os turistas voltem a circular pela cidade. O setor de bares e restaurantes espera de 10 a 15% de aumento em comparação ao verão do ano passado.
Ao contrário da expectativa positiva de Amaral, o empresário não se anima com a alta estação. Para ele, “Salvador perdeu a alma” e a falta de atrativo somada a violência e os erros dos políticos fazem com que a crise no turismo esteja longe de acabar.
“Se você for para Fortaleza ou Natal, volta de lá se sentindo um lixo como soteropolitano porque lá é turismo o ano inteiro. Nossos políticos erraram em tudo, deixaram as maiores companhias [aéreas] irem para outros locais, nosso governador não fez o que tinha que ser feito para baixar o ICMS do querosene do avião. É uma sequência de erros, erros em cima de erros”, desabafa o empresário.
Questionado sobre o que seria necessário para reverter esse quadro, ele é categórico: É só procurarem aprender com a gestão de Fortaleza e Natal como é que se faz turismo, é fácil, é só ver o que estão fazendo lá para entender. Aqui me parece que os gestores acham que sabe tudo e tem que aprender com quem sabe fazer.
O empresário contou que a crise no turismo afetou em cheio os seus negócios e que um de seus estabelecimentos, que fica na Barra, está a ponto de fechar. “A gente tem sobrevivido com o público local, mas o turismo é zero. Para driblar a crise, estamos fazendo promoções. Produtos em promoção o tempo inteiro, margem muito baixa de resultado, quando tem resultado em alguma loja. Não está fácil”.