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Roubar a liberdade não

Imagem Roubar a liberdade não
Líder espírita comenta repercussão da censura a livros com beijo gay na Bienal do Livro do Rio  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/09/2019, às 09h09   José Medrado*


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No Dia da Independência, o Brasil se viu diante de uma ironia dantesca, quando o pessimamente avaliado prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, investe, inconformado, contra a proibição de confisco que ele tentou fazer ao livro Vingadores, a cruzada das crianças, vendido na Bienal. Insiste, querendo roubar a independência dos brasileiros. Recorre da decisão e é favorecido pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, desembargador Cláudio de Mello Tavares. Registre-se que o desembargador que acolheu a iniciativa do prefeito já havia decidido em 2009, em palavras de sua decisão que “não se pode negar o direito de lutar, de forma pacífica, para conter os atos sociais que representem incentivos à prática da homossexualidade”. Parece incrível que um homem que deveria trabalhar na defesa do direito tenha posição tão vinculada a preconceitos inaceitáveis nesses dias do século XXI. Perdeu. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Tofolli, recompôs a ordem democrática.

Vozes se levantam, ações se formalizam, o Brasil não aceita o autoritarismo que bloqueia o ser simplesmente cidadão. Parabéns ao youtuber Felipe Neto que convocou os espectadores de seu vídeo a se unirem e anunciou que compraria 14.000 unidades de livros com tema LGBT para distribuir gratuitamente na própria Bienal, devidamente ensacados e rotulados com um aviso: Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas. Não precisa dizer que o povo aderiu, famílias foram para fila com os seus filhos receber o presente. Golaço do youtuber.

Felipe ainda em grande estilo, admoesta: “Crivella, não tem como você reprimir a população em pleno 2019. Isso foi só um exemplo do que nós podemos fazer para lutar contra o autoritarismo e a vontade ditatorial de colocar as regras que vocês têm para si, para todos os outros”. Fica o exemplo, e o nosso não descanso para que as pessoas sejam livres, em suas autodeterminações, sem tutela de agentes do Estado que insistem em fazer de questões de foro pessoal, determinismo de governo, muito menos aos que “erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sacerdotes da ética e dos padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da república”, nas palavras de ordem do ministro Celso de Mello. Fiquemos atentos, principalmente nós baianos que temos a conclamação em nosso hino: “Nunca mais o despotismo/ Regerá nossas ações / Com tiranos não combinam / Brasileiros corações.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.

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