Polícia

TV Globo acaba com o movimento grevista da PM

Publicado em 09/02/2012, às 16h37   José Bomfim de Oliveira


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Ao exibir no Jornal Nacional de quarta-feira, 8 de novembro, trechos de conversas telefônicas entre o líder da greve (Marco Prisco) e outro policial a emissora dos Marinho quebrou o movimento. E, mais adiante, completou o serviço desmoralizando as reivindicações ao mostrar trechos de conversas de líderes policiais da Bahia com líderes de movimento semelhante do Rio de Janeiro.
A TV Globo deu a entender que as greves dos PMs (Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Ceará)  foram articuladas com o intuito de forçar os governos a atenderem todas suas reivindicações, inclusive a aprovação pelo Congresso Nacional da PEC-300 (um projeto que cria o piso salarial único para bombeiros e policiais militares).
Não se pode negar que o governador Jaques Wagner foi habilidoso em buscar apoio de quem de fato manda nesse país. A Globo e o Judiciário – que autorizou rapidamente as escutas telefônicas, ao contrário do que faz quando a PF investiga grandes empresários. Além disso, seu governo conta com a simpatia de um grande número de programas em Salvador – na TV, no rádio e na internet - que dependem da publicidade governamental e seguem a cartilha oficial.
Quem era contra a greve ficou aliviado, embora a greve ainda não tenha sido, até esse momento encerrada.
Toda essa movimentação mostrou que a esquerda está dividida e tem hoje uma direita – principalmente nos partidos que ainda se adjetivam comunistas - mais fielmente canina ao governador do que a tropa que seguia com viseira o ACM dos anos 80.
A direita da esquerda atual não pensa, não questiona, não critica, apenas segue. E curte.
Alguns anos vão se passar até que a verdade venha mesmo à tona. Havia algo por trás do movimento? A TV Globo e o governo só queriam mesmo salvar o carnaval?
Em 2001, a greve foi uma baderna. Em 2012, também. Só o que mudou de lá para cá foram os posicionamentos de políticos (alguns deles hoje no poder sempre compareceram às “ocupações” de categorias em greve na Assembleia Legislativa e achavam que tudo era legítimo) e dos séquitos. O séquito que segue o governo hoje aplaudiu os militares grevistas em 2001.
Artistas, turistas, foliões, empresários, políticos, donos de programas e de emissoras estão felizes: o carnaval será realizado, todos ganharão dinheiro e esquecerão rapidamente os ônibus queimados; os assaltos; as dezenas de assassinatos; o medo.

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