Política
Publicado em 02/11/2018, às 07h39 Padre Alfredo Dórea*
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?"
O texto de Fernando Pessoa (Poema em linha reta) mostra toda a sua atualidade, mormente na recém concluída campanha eleitoral no Brasil, onde desfilaram super heróis infalíveis e irrepreensíveis: nunca erraram, nunca falharam, nunca pediram desculpas. Quanta hipocrisia!
Combatendo as manifestações das mentiras e engodos, expressas como fake news, corrupção, calúnias, os que postulavam representação popular não hesitaram em descaradamente mentir, dissimular, negar o inegável, subestimando a capacidade de discernimento do eleitorado.
Senti falta de estadistas corajosos e sinceros, pessoas com discurso coerente, que comporta tanto o "mea culpa" quanto o arrependimento e o propósito de corrigir-se. Quem nunca errou, atire a primeira pedra.
Não foi o que assistimos perplexos. O grande Fernando Pessoa legenda, mais uma vez, os recentes fatos:
"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo."
Vida que segue.
*Padre Alfredo Dorea escreve quinzenalmente para o BNews, e é arcebispo da Igreja Anglicana Tradicional do Brasil. Graduado em filosofia e teologia. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Atua no diálogo interreligioso, combate às violências, discriminações e preconceitos, defesa dos direitos humanos e das pessoas mais vulneráveis e empobrecidas, sobretudo as que vivem com o HIV AIDS.
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