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O preço do petróleo ultrapassa U$ 70 dólares, mas não deve ficar por aí

Imagem O preço do petróleo ultrapassa U$ 70 dólares, mas não deve ficar por aí
Bnews - Divulgação

Publicado em 22/05/2019, às 12h51   Lucas Valladares*


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O preço do barril de petróleo, no mercado internacional, subiu aproximadamente 30% desde o começo do ano. Com o WTI (petróleo norte-americano) e o Brent (petróleo europeu de referência) apresentando seu melhor desempenho trimestral desde o 2º trimestre de 2009.

Como podemos visualizar no gráfico abaixo, após a queda da faixa de U$ 85 dólares para U$50 dólares, no fim do ano passado, prever um crescimento tão rápido no preço do barril na primeira metade de 2019 fazia parte de uma perspectiva otimista minoritária no mercado, especialmente depois do breve pânico relativo aos prognósticos sombrios sobre o crescimento da demanda por petróleo para 2019. Agora, no meio do 2º trimestre, aparecem sinais de que a desaceleração da demanda pode ter sido um pouco exagerada, o que pode impactar na dinâmica do preço do petróleo.

A combinação entre uma demanda resiliente e oferta ainda apertada por parte de membros da OPEP (principalmente da Arábia Saudita), resultou em um empurrão forte para recuperação do preço. No fim das contas, isso significou que o mercado operou com um excedente de 700.000 barris/dia no 1º trimestre, uma abundância maior que a esperada.

Já que o Brasil não participa dos acordos de cortes de produção com a OPEP, a previsão para a indústria petroleira brasileira é boa para o resto de 2019. Especialmente com a retomada da produção após as paradas para manutenção previstas até junho. Espera-se que a produção brasileira tenha média de 3,84 milhões de barris por dia, 15% a mais que no ano passado, com a iniciação das operações de 4 novas plataformas, entre outubro e dezembro, pela Petrobras.

Se veremos mais crescimento significativo no preço internacional do barril, o momento mais provável é no 3º trimestre de 2019. Além da tensão no Oriente Médio entre os Estados Unidos e o Irã, a incessante belicosidade entre a Arábia Saudita e o Iêmen, existe o fato de que a demanda por petróleo geralmente alcança seu ponto máximo nesse período. A produção das refinarias deve subir em 2,2 milhões de barris/dia entre o 2º e o 3º trimestre, segundo a IEA.

Para o Bank of America o resultado da guerra comercial entre China e EUA também influencia o mercado de petróleo consideravelmente. No caso da prolongação desse embate, o preço do barril pode cair para a faixa de U$50. Por outro lado, num cenário de acordo entre as duas maiores potências do mundo, a confiança nos negócios pode resultar num dólar desvalorizado e crescimento global mais forte. Caso isso coincida com a prevista mudança nas regras da Organização Marítima Internacional (OMI) sobre o combustível das frotas, que deve passar a conter teor de enxofre menor que 0,5% (comparado com os 3,5% atuais), é possível um pico no preço para a faixa de U$90.

Em suma, o mercado do barril vê risco dos dois lados da balança, fazendo com que os contratos de compra e venda futura de petróleo (mercado de futuros com vencimento de até 12 meses) sejam negociados a preços subapreciados atualmente.

*Lucas Valladares - Pesquisador do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC) da Faculdade de Economia da UFBA. Graduando em Economia pela Faculdade de Economia da UFBA

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