Entrevista

Jabes Ribeiro: “O PP não está só apoiando esse governo, nós somos parte dele, nós ajudamos a ganhar”

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Bnews - Divulgação

Publicado em 14/09/2021, às 10h11   Victor Pinto


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O secretário geral do PP da Bahia, Jabes Ribeiro, é firme na opinião de que o jogo da formação da chapa governista de 2022 ainda não está jogado. Afirma, categoricamente, que não há planos do PP baiano nessa articulação sem a figura personalíssima do vice-governador João Leão (PP), fato que obrigará uma manobra e um arranjo complicado da engenharia política local. 

Para o ex-deputado federal e ex-prefeito de Ilhéus, o grupo não pode vacilar com ACM Neto, deve fazer escolhas com inteligência e defende a posição de Leão como candidato a governador, a senador ou o “bonitão” tomar conta do Palácio de Ondina nos últimos oito meses do próximo ano com uma possível candidatura de Rui Costa ao Senado. 

Sobre Otto argumenta não tem briga entre PP e PSD, pois todos fazem parte de um mesmo grupo. Crê em três candidaturas majoritárias na Bahia, pois Bolsonaro precisa de palanque e acredita na força da eleição nacional no Estado. 

Jabes recebeu, na sede do PP, em Salvador, o editor de política do BNews, Victor Pinto, e concedeu a seguinte entrevista:

BNews: O PP, partido que você faz parte, tem dois cargos importantes na esfera nacional: tem a Casa Civil do governo Bolsonaro e da presidência da Câmara dos Deputados. O PP tem sustentado a governabilidade do País e do governo Bolsonaro. Essa aproximação do PP com Bolsonaro interfere com vocês aqui na Bahia que já demonstram manter unidade sobre de Lula, Wagner e Rui Costa? Como fica essa situação nacional aqui na Bahia?

Jabes Ribeiro: O sistema partidário brasileiro é algo que certamente precisa melhorar: você tem um número muito grande de partidos, são mais de trinta partidos efetivamente e gera sérios problemas pra governabilidade de qualquer governo. O PP como um partido de centro, o partido sem uma visão ideológica nem de esquerda e nem de direita, tem um objetivo claro de trabalhar exatamente na governabilidade e quando você trabalha na governabilidade de alguma forma, seja o governo de direita, seja o governo de esquerda, você busca exatamente contribuir com o governo pra que ele possa alcançar as suas finalidades, os seus objetivos, mas tudo tem limites. É verdade que a presença do Ciro Nogueira, senador Ciro Nogueira, no Ministério da Casa Civil é uma espécie de símbolo, pois a Casa Civil é muito importante em qualquer governo e gera, portanto, uma ideia de que o partido tá absolutamente dentro do governo. Não é tanta verdade. Até porque antes de se comprometer totalmente com o governo, o partido se compromete com a sua sobrevivência. A eleição é no próximo ano. Significa que até pelo histórico do PP ele quer formar grandes bancadas tanto no Congresso Nacional, tanto no Senado quanto na Câmara Federal. O histórico do PP é exatamente com essa visão, com esse objetivo claro de formar grandes bancadas, de considerar importante respeitar as esferas estaduais do partido. Tem sido assim historicamente, não é de hoje. Algum tempo atrás o partido, o setor, digamos, o nordeste brasileiro tinha uma posição muito mais favorável de Lula e Dilma e o sul e sudeste do partido, algumas exceções estaduais, tinha uma visão diferente dentro do partido então se colocavam contra os governos do PT sobre o que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, entre outros. Centro-Oeste, por exemplo. Nesse aspecto, eu, na minha visão, e aqui falo muito pessoalmente aquilo que acredito, aquilo que vejo, eu acho que tudo tem limites, por exemplo, não acredito que o progressista caminhe em nenhuma situação de afronta a Constituição e os dados são muito claros, as preparações são muito claras: há um limite, porque ninguém interessa nesses tempos do Brasil de voltar um regime, entendeu? Ultrapassar as linhas da Constituição? Não. É óbvio que o que aconteceu em Sete de Setembro é assustador porque o presidente tomou uma decisão que crê, ele mesmo deve tá arrependido pela interpretações que ele deu na quinta-feira né? Ele se excedeu, ele ultrapassou os limites quando desrespeita a Constituição e não compreende a independência dos poderes constituídos e isso é ruim, é ruim pro País, é ruim pra economia, isso é ruim de modo geral. Não creio que o partido em situações desse tipo alimente essas teses. Muito pelo contrário. 

BNews: Então aqui na Bahia vocês vão seguir despedidos do nacional?

Jabes Ribeiro: Então, aqui na Bahia, eu sinto que outros estados também, nós temos posição de compreensão da situação nacional, ao mesmo tempo que nos reservamos que temos uma aliança local que já vai de algum tempo, de 2007, 2008, do governo Wagner e temos contribuído no cenário nacional com quatro federais eleitos pelo PP dentro dessa aliança. Pelo menos daquilo que sei e converso não vejo mudança nesse cenário. Aqui temos liberdade, independência, de construir esse propósito. 


Foto: Victor Pinto

BNews: Qual sua análise da visita do ex-presidente Lula aqui no Estado? Muito se falou, nos bastidores, da ausência do vice-governador Leão, que é o presidente do partido e está sentado na cadeira de vice-governador. Teria ele, em determinados momentos, facilitado, vamos colocar assim, a colagem da imagem, por exemplo, do senador Otto Alencar que conseguiu uma unção de Lula no evento da Assembleia Legislativa da Bahia para o Senado e isso deixou o PSD mais à vontade, mais confortável. Por que não houve essa colagem do PP? 

Jabes Ribeiro: O PP esteve presente em praticamente em todos os eventos com a presença com Lula. Leão, particularmente, teve em um jantar em Ondina. Esse jantar foi restrito, estavam lá o governador, Wagner e Otto também. As informações que tenho é de que foi maravilhoso, foi uma conversa muito tranquila e se discutiu não apenas a Bahia, mas se discutiu o plano nacional. Ficou muito claro que existe um interesse grande de Lula em que Leão possa contribuir com uma ponte com as lideranças do partido no plano nacional. Leão foi cinco vezes deputado federal, foi líder de governo, trabalhou na comissão do orçamento por muitos anos, portanto tem um bom relacionamento e da mesma forma que o PSD vai com Otto para fazer essa ponte, pela liderança importante que Otto tem, creio que Leão também pode cumprir esse papel. Pelas informações que tive, não estive presente, evidentemente, se discutiu nessa possibilidade dessa perspectiva de união e fazer um pouco esse trabalho, essa ponte com as lideranças nacionais do partido e de vários estados. Em Narandiba Leão foi. Na reunião dos partidos políticos eu estive presente e Leão também. Não foi para ALBA por uma questão simples: naquele dia Lula foi pra governadoria, acabou que Leão bateu papo um papo, conversou com todos e o próprio Leão tinha um grupo de empresários que ele tava já marcado, o pessoal veio de fora aqui e ele foi receber. Possível até que poderia ter ido a ALBA, análise minha pessoal, mas já tinha jantado com Lula, já tinha conversado… Mas eu quero me restringir a reunião dos partidos. Na reunião dos partidos o discurso do senador Wagner foi muito claro, na presença de Rui e na presença do Lula e de todos os partidos. Wagner foi muito claro: “Gente eu tenho esse papel na Bahia, coordenar esse projeto desde o início, entendeu?  Não há chapa formada, não há ninguém com espaço já definido, inclusive eu que tenho o meu nome indicado pelo PT, pela minha história, por tudo isso, mas é um processo que está sendo discutido”. Então aquele discurso que o Lula fez, eu acho que um pouco no movimento, na empolgação, na energia do momento, eu até brinco, né? Otto botou a bola na marca do pênalti, o Lula foi e chutou, não é? Natural isso, tá certo? Mas a reunião dos partidos, onde as coisas efetivamente acontecem, ficou muito claro. O Wagner chegou a dizer que nós teríamos que continuar trabalhando, compreendia a pré-candidatura de Leão, um órgão natural dentro de um processo em que os partidos se apresentam. A eleição será em um ano. Os partidos colocam os seus melhores quadros, de qual o quadro hoje está mais evidente. Wagner diz o seguinte: isso é natural gente, isso é natural. Vamos chegar em dezembro, janeiro e vamos então tentar amarrar, formatar direitinho a chapa. Deixa eu dizer uma coisa: nesse processo inteiro nós, do PP, temos dito o seguinte que nós não estamos aqui apoiando esse governo não, nós somos parte dele, nós ajudamos a ganhar e ajudamos a governar, nós nos sentimos parte desse processo. Ao contrário do que alguns possam entender, nós somos parte dele. Nós queremos que esse projeto continue, nós defendemos na Bahia esse projeto. Então essa é uma premissa que é básica. Nós não trabalhamos contra o projeto, nós não temos outras conversas, nós não temos outros caminhos, esse é o nosso caminho. Bem o ponto dois é que você tem necessidade de formatar uma chapa pra 22, você tem vários nomes importantes e nessa chapa você tem três lugares, amigo, tem três espaços: candidato ao governador, candidato a vice, candidato ao Senado. Leão não pode ser mais candidato a vice por conta da legislação vigente, legislação eleitoral. Então pode ser o que? Candidato a governador ou candidato a senador.

BNews: Você coloca nessa composição a unidade, de fato, mas é pouca vaga para muito partido. Isso é reconhecido pela própria base de que os três maiores são o PT, o PP e o PSD que formam o teodolito citado por João Leão. Vocês sempre tiveram uma participação numa figura personalíssima de Leão, mas é um jogo que dependente de vários fatores para Leão continuar na chapa ou até mesmo Rui ser candidato ao Senado e Leão ficar governador. Qual é o plano A e B do PP com essas diversas projeções?

Jabes Ribeiro: Dos planos A e B nós só temos um: plano L de Leão. Por tudo que ele representa, seu trabalho, sua luta, ele acredita nos sonhos e os transforma em realidade. Leão é o nosso nome. Nós trabalhamos com Leão na chapa. A nossa ideia é que se não pode ser senador que pudesse ser o candidato a governador da base e não vejo nada errado nisso de um partido que tem mais de 100 prefeitos, nove deputados estaduais e quatro federais. Da mesma forma que compreendemos que o PT ter indicado Wagner que é um belo companheiro. Problemas nenhum. Ou podia ser Otto. Dos três cargos possíveis só podemos trabalhar com dois. Se Leão não for o nome da base para o governo, para nós não tem problema, pode ser Wagner, pode ser Otto, mas aí teríamos só o Senado para disputar. Isso aí, meu amigo, é engenharia política. Essa turma tem um compromisso com a vitória para o desenvolvimento da Bahia.

BNews: Mas se ficar com a vice, vocês não teriam um novo quadro a indicar? 

Jabes Ribeiro: Não existe essa hipótese. Se nós temos o Plano L de Leão, ele não pode ser vice. Não trabalhamos com uma outra possibilidade. Você na pergunta anterior citou Rui. Bem, imaginemos que exista uma decisão de Rui ir pra o Senado, isso é possível? Vai depender de pesquisas das mais diversas, engenharia política. Rui tá bem avaliado na Bahia, com 70% de avaliação, podemos chegar no momento nos próximos dias que seja necessário Rui na chapa para contrubuir com a eleição. Regra geral o governador puxa o senador, mas você pode ter uma noção de que o governador esteja tão bem que ele no Senado possa puxar, contribuir com a vitória. Já ouvi muita gente falando isso. Esse é possibilidade real. Leão, neste caso, estaria comprometido em cumprir o restante do mandato contribuindo com a vitória do grupo. Leão tem na chapa duas possibilidades ou numa possibilidade de Rui ir pra chapa ele assumir o governo. Otto é profissional e tem responsabilidade com o governo, Wagner, Rui, Lídice, Davidson e tantos outros, então não há essa dificuldade. Não enxergo. Não hora H que a gente analisar que o melhor caminho é esse vai ter que todo mundo ceder um pouco. É possível o PSD ceder? Otto tem visão estratégica e gosta de ganhar. Tem conversa, é natural da luta política. Acho que nós não devemos agir nesse momento naquela visão precipitada de brigar e isso e aquilo. Estamos juntos, tem dado certo, as coisas tem acontecido. De todos nomes que te falei, não vejo dificuldades. Tenho conversado muito com Wagner. No domingo da semana que Lula esteve aqui, tivemos um almoço e jantar com Wagner e acertamos esses movimentos. Primeiro: a questão nacional não nos afeta, pois o partido precisa de bancada forte e temos cumprido nossa parte. Segundo: queremos continuar no grupo que ajudamos a formar e ganhar. Terceiro: questão de inteligência política para construirmos uma melhor chapa para as eleições. 

BNews: Ainda falando sobre chapa, houve uma tentativa de emplacar uma articulação que envolve também a presidência da Assembleia Legislativa. Lídice e o PSB defendem colocar na presidência da Assembleia Legislativa algum quadro dos partidos que não foram contemplados na majoritária. Qual é a sua opinião sobre essa fala e sobre essa articulação da ALBA? 

Jabes Ribeiro: Acho que é razoável. O governo do Piauí, que é o governo do PT, do Wellington, faz isso já. Do acerto político as coisas não tem briga. No nosso caso no jogo jogado e articulado de governo não tem problema algum. Óbvio que se Leão fica governador a gente entra nessa disputa porque, em tese, não participaremos da chapa majoritária. Então eu acho que isso é natural, é da conversa política, entendeu? E quem sabe até evita de situações como ocorrido aí recentemente em que acabou tendo desgaste, estresse, totalmente desnecessário.

BNews: Sobre o TCM. Houve articulação de Nelson Pelegrino assumir essa vaga em uma cadeira que o PP teria interesse e chegaram a citar Nelson Leal…

Jabes Ribeiro: Sinceramente não. Quando começou a discussão disso nós não fizemos nenhum movimento nesse sentido, até porque já temos um nome indicado pelo partido no TCM que é o ex-ministro Mário Negromonte. O que eu sei é o seguinte: Governador Rui Costa pegou o telefone me ligou pedindo pra ter uma conversa com ele e eu não sabia nem qual era o assunto. Rui não é de chamar muito, mas quando chamou eu fiquei curioso (risos). Resultou no café da manhã. Nesse café ele pediu, conversou com o Leão onde havia um movimento no sentido de indicar o nome do deputado Nelson Pelegrino. Nós tínhamos, evidentemente, não dá pra esquecer isso, que havia uma conversa na Assembleia, cujo objetivo era, na visão de que temos um deputado suplente, Luis Augusto, pra que se efetivasse como deputado e a indicação seria de um deputado estadual e, quem sabe, mesmo que o PT indicasse o nome que fosse digamos um nome da Assembleia porque aí geraria condições de titularizar. Nós da executiva não participamos disso. No outro dia, depois do café, nos reunimos e foi o PP o primeiro a fazer a nota de apoio a Pelegrino, tá lembrado disso? 

BNews: Sim, tô lembrado. 

Jabes Ribeiro: Nós fizemos a nota de apoio a Pelegrino, começamos internamente com os companheiros, olha, ao nosso ver, PSD tem cadeira lá, me parece justo esse pleito do Partido dos Trabalhadores e não deu outra, saímos na frente, fizemos a nota, mostrando um grande quadro amigo nosso, companheirom experiente e os demais partidos vieram e apoiaram então é natural, entendeu? É natural isso da política, tá certo? Eu fui deputado federal essas coisas acontece no dia a dia o que vale mesmo é o final: apoiamos e demos nota de apoio. 

BNews: Sobre a proporcional. Eu vejo claramente uma queda de braço de lideranças do PP e do PSD, as siglas da direita na esquerda da Bahia, que tem um polo muito semelhante de atuação, então existe aí uma briga de liderança. Vocês, por exemplo, tem filiado alguns prefeitos, vereadores, lideranças que tem saído de partidos como o PSD, a exemplo do nome de Eures Ribeiro, ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa e ex UPB que deve sair do PSD e ir pro PP. Como tá essa negociação, esse jogo de sigla e essa arrumação para a proporcional?

Jabes Ribeiro: Primeiro que nossa relação com Otto é a melhor possível. É natural que você tenha divergência ali, acolá, mas relações absolutamente civilizadas, educadas, nenhum problema. É óbvio que isso vai acontecer daquele trabalho de lá pra cá, por exemplo. O Eures teve uma conversa conosco, nós vamos conversar e tivemos um diálogo de observação de troca de opiniões. Vamos deixar claro o seguinte: nós não estamos aqui fazendo, digamos, tirando ninguém do partido. Não é isso. Mas se o cidadão, dentro da base aliada, nos procura para que dizer não está confortável por qualquer razão e isso não teve nenhuma conclusão ainda não há razão para não conversar. O nosso papel é o seguinte: conversar com o governador, com Otto e mostrar o caso. O que é melhor, vamos ser objetivos: é melhor para base que ele saia do PSD e venha pro PP ou qualquer partido da aliança ou ele ir para o outro grupo político? O prejuízo é maior né? É preciso ter esse cuidado. Eu não sinto esse confronto. Tem muitos locais que disputam o PP com o PSD pelo fato do tamanho que PSD tem com 100 prefeito, nós temos o mesmo número. Otto é experiente e não gosta de perder. Então eu não vejo problema na hora de sentar e dizer: “olha pra ganhar a melhor chapa é essa, melhor chapa é essa para ganhar”. Certeza que um vai abrir mão aqui, outro ali. Vejo o que eu acho que não dá pra pedir pro PP, sinceramente, esteja fora. Eu acho que não dá pra fazer esse pedido, pois Leão todo mundo conhece, tem responsabilidade, seriedade, ninguém melhor do que esse jeitão dele, o tipo dele. Eu não acho justo, não acho justo além dos aspectos eleitorais, não acho justo politicamente jogar fora, pelo contrário, eu sinto que ele é fator fundamental pra gente vencer as eleições. 

BNews: E sobre o fator ACM Neto? Qual é a análise que Jabes faz da articulação do prefeito Salvador que tem corrido trecho pelo interior tendo liderado vários pesquisas? Vai ser uma disputa acirrada e mesmo sendo assim vocês ainda creem numa vitória? Não acha que o desgaste nos ano no poder vai pesar?

Jabes Ribeiro: Veja, é indiscutível a liderança que ACM Neto exerce, né? Foi oito anos prefeito de Salvador, bem avaliado, fez sucessor. Indiscutivelmente vem de uma família com bagagem, certo? Então é um nome que tá colocado, tá no no tabuleiro, entendeu? E que a gente vê com muita atenção. Não dá pra desprezar. São quatro mandatos do PT dessa base, é preciso ter esses cuidados. Mas vamos lá: número um é que Rui tá bem avaliado. Se a gente, como me parece, garantir a preservação da unidade da base, nós somos muito fortes pra enfrentar o processo, porque além disso tem Rui bem avaliado e tem a presença de Lula que indiscutivelmente é um nome que, digamos, numa eleição, vai ser importante por causa dessa polarização nacional, eu acho que ajuda muito…

BNews: Mas ACM Neto acredita que ano que vem a nacionalização da eleição não vai influenciar tanto na conjuntura da Bahia… 

Jabes Ribeiro: Eu acho que ele precisa acreditar nisso, não é? Até porque, ao meu ver, o ACM Neto vai marchar com Ciro, minha visão. Veja a posição do PDT nacional e do PDT baiano. Saiu da base aliada de Rui. Tá hoje na prefeitura de Salvador. A vice-prefeita de Bruno Reis é do PDT, os pronunciamentos que eu vejo do Félix do PDT é de que claramente há uma relação entre o apoio do PDT e a candidatura de Ciro Gomes no plano nacional. Bem isso é um problema dele e isso pode levar a uma divisão dentro da base dele. Também tem uma possível candidatura de João Roma, quem sabe pra dar o palanque a Bolsonaro. Os netistas sonham com a possibilidade de ter vários palanques, né? Bolsonaro, Ciro, mas tem que combinar com os gringos. Essa coisa é muito boa assim quando você pensa, tipo: “pra mim vai ser ótimo, beleza”, sim e os caras lá em cima acham isso? Eu acho que sinceramente o quadro que eu vejo hoje é de pelo menos três candidaturas na Bahia. 

BNews: Três nomes na majoritária baiana?

Jabes Ribeiro: Eu acho que o Bolsonaro, com todas as suas características, precisa de palanque na Bahia. Então isso leva a quê? Pra você ter uma candidatura de João Roma. Isso significa o que? Que a base de Neto se divide. Isso é bom para o lado de cá. Daí nós temos que ter o cuidado, no nosso grupo, pra não ter divisão, nem tem problema do famoso teodolito que Leão se refere. Veja, tá longe ainda, estamos há um ano e pouco mais das eleições. Se essa base ela se articula bem de forma inteligente, capaz, se ela tem uma análise do processo todo e não erra na decisão, porque se errar, erro em política custa caro, né? Tá todo mundo pensando com cuidado para continuar o projeto.

BNews: O atraso da obra da Ponte Salvador Itaparica não prejudicaria vocês? Leão tomou para si o projeto e ela está extremamente atrasada.

Jabes Ribeiro: Eu vejo essa obra como algo do governo. Evidente que Leão fez um papel de acreditar, lutar, brigar. Tem projetos eles são projetos estruturantes que demoram. Vamos no caso da minha região, minha querida cidade de Ilhéus e minha região. Olha a ferrovia oeste leste que é uma luta de anos, olha o porto sul. Quando fui prefeito lutei com Wagner pela ponte de Ilhéus, demorou muito, teve empresa envolvida com Lava Jato, demorou e o outro prefeito que inaugurou. Sobre a Ponte Salvador Itaparica a pandemia atrapalhou. Sem dúvida. Acho que, é muito pessoal, essa instabilidade política que o Brasil vive acaba fazendo com que as pessoas pensem com mais atenção sobretudo que você trata de investimentos aqui, mas isso passa. O meu sentimento é que a gente vai começar esta obra no mais tardar início do próximo ano, não é nem como essa obra, começar trabalhos efetivos, entendeu? Tá tudo montado. Claro que você tem problemas há um tempo, o chinês já olha aqui, digamos, processo inflacionário. Então não vejo isso como uma coisa que afeta diretamente a mim. Acho que afeta um pouco o grupo inteiro, mas eu acho que tem resposta o suficiente para mostrar que esse é um caso que vamos enfrentar.

Classificação Indicativa: Livre

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