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Tarcízio afirma que foi prejudicado por aliados de José Ronaldo

Imagem Tarcízio afirma que foi prejudicado por aliados de José Ronaldo
Clima esquenta na última semana antes da realização das eleições em Feira de Santana  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 02/10/2012, às 00h00   Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf)


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A eleição se avizinha e o clima em Feira de Santana é beligerante. Nas últimas semanas sucessivas denúncias entre os três principais concorrentes pautaram a agenda da cidade. O segundo maior município do estado tem um cenário peculiar. O ex-prefeito José Ronaldo (DEM) aparece como primeiro colocado em todas as pesquisas divulgadas e até a última semana pouca gente se aventurava a admitir a possibilidade de segundo turno, contudo, a curva descendente do representante do Democratas acabou dando confiança ao deputado estadual José Neto (PT) e ao atual prefeito Tarcízio Pimenta (PDT). Na apertada agenda do final de semana que precede a eleição, os três conversaram com a reportagem do Bocão News separadamente.

De um modo geral, todos se queixam da troca de farpas em detrimento das propostas. Confira a entrevista:

Bocão News: Reta final da campanha e o cenário demonstrado nas pesquisas não parece favorável à sua reeleição. O senhor acredita numa virada, ou melhor, em um resultado diferente do apresentado nas pesquisa eleitorais?

O único cenário que nós temos conhecimento aqui em Feira de Santana é o traçado pelo Ibope, que para mim, não tem a credibilidade suficiente para determinar que a eleição está definida. O Ibope já traz consigo a marca de fabricar pesquisas para atender o contratante. Foi o Ibope que dizia que Paulo Souto ganharia no primeiro turno, que dizia que João Henrique perderia a eleição em Salvador, então, não dá para acreditar, nem o povo nas ruas acredita. Ainda hoje (sábado 29) fui gravar um programa eleitoral e perguntei a todo mundo quem acreditava no Ibope. Nem as crianças acreditam no Ibope. Portanto, não sou eu, que não acredito mais em Papai Noel, que vou acreditar em pesquisa do Ibope. Eu espero o resultado da eleição para ter o balizamento correto.

A pesquisa também aponta um alto índice de rejeição, acima de 50%. Ao que o senhor atribui isto? Como o senhor avalia a sua administração?

Já botaram até 80% agora baixou para 50%. Minha administração foi voltada para atender necessidades da sociedade, investindo, em áreas essenciais como Educação, Saúde, Ação Social. Investimos na Infraestrutura da cidade. Segurança e tudo aquilo que toca na vida das pessoas. Nós tentamos fazer uma gestão voltada muito mais para atender as necessidades do social, investir nos bolsões de miséria, investir na saúde digital, na educação, dando estrutura nas escolas públicas porque não tinha. Joguei na cidade mais 45 mil toneladas de asfalto. Por exemplo, esta avenida (Maria Quitéria) foi toda asfaltada por mim. Dei um cenário de metrópole a esta cidade. Investi na cidade digital que é muito importante. Nossas crianças têm acesso à internet, banda larga gratuita. Centros digitais na zona rural. Toda esta expansão social nós fizemos. Saí de 20 mil bolsas família para 80 mil. Atacamos os bolsões de miséria que estavam abandonados nesta cidade. Isto é fazer valer a questão social de uma cidade.

O senhor acredita que setores do seu secretariado boicotaram a gestão. Pessoas ligadas ao ex-prefeito José Ronaldo (DEM)?

Quando eu entrei na administração mantive 80% dos cargos e secretários ligados ao ex-prefeito para respeitar um acordo político que existia. Portanto eu respeito o acordo político. Quando ele perdeu a eleição para o Senado automaticamente se lançou candidato a prefeito. Estas pessoas que já tinham raízes fincadas com ele, que já estavam entrelaçadas, algumas ficaram para tumultuar, dificultar a administração, monitoradas por ele (José Ronaldo) e outras já tinham tendência a partir para o lado de lá e seguiram. Se o objetivo era prejudicar a mim, prejudicou muito mais à cidade. Eu acho que isto é o mais condenável. Prejudicar uma cidade em detrimento de uma bandeira política partidária de alguém que diz que ama esta cidade.

O senhor confirma que havia um acordo quando foi lançado à prefeitura em 2008, firmado com José Ronaldo de que Tarcízio Pimenta seria apoiado por ele agora na reeleição?

Discurso dele. No dia da posse lá na prefeitura ele fez este discurso. Ele saiu candidato ao Senado, não logrou êxito e como achava que a única opção era voltar para a prefeitura fez esta questão toda de traçar um novo destino político para ele, começando por Feira de Santana.

A campanha perdeu o prumo a partir do momento em que se passou a priorizar as denúncias aos adversários em relação aos projetos?

Eu acredito que sim. Há muito tempo eu não vejo uma campanha política em Feira com este rumo. Acusações mútuas de quem roubou mais com quem roubou menos, quem levou mais e quem levou menos. Quem se envolveu com corrupção e quem deixou de se envolver. A campanha transformou-se numa briga sem qualquer proposta deles dois lá. Os dois (Zé Neto, PT, e José Ronaldo) começaram a jogar propostas no vazio, o povo não entendeu e eles partiram para as acusações mútuas. Nós apresentamos nossas propostas de governo. O que a gente quer para Feira, o que planejamos. Enquanto isso é panfleto de um lado, gravação do outro. Isto acaba fazendo com que o eleitor fique com nojo disto tudo. Na realidade, o eleitor está enojado da política em Feira de Santana.

Vamos passar para outra etapa da entrevista. Vamos falar brevemente sobre algumas propostas do senhor para seguimentos importantes da sociedade. Começaremos por Infraestrutura?

Nós estamos trabalhando para isto. Nós não tínhamos, por exemplo, um plano de tratamento dos resíduos sólidos. Feira de Santana não tinha isto. Quer dizer que não podíamos planejar a limpeza pública da cidade daqui um ano, dois anos e dez anos. Nós fizemos este plano. Contratamos uma empresa de alta competência na área, porque não tínhamos técnicos suficientes para isto. Colocamos a empresa para fazer este gerenciamento. Enfim, estamos trabalhando este seguimento. Constituímos um plano para fazer a reconstituição, que já está no Ministério das Cidades, para fazermos o novo PDDU da cidade. O PDDU de Feira de Santana é de 50 anos atrás. A cidade não estava estruturada. Não tinha o mínimo para partir para uma grande gestão. Feira não tinha gestão compartilhada do meio ambiente. Licenciamento de um posto de gasolina em Feira de Santana tinha que ser feito em Salvador. Recuperar o mercado na área da agropecuária. Feira sempre foi padrão de preço arroba de boi para o nordeste. Nós tínhamos perdido isto aqui. Porque a agropecuária de Feira naufragou. A Expo-Feira praticamente deixou de existir, o ex-prefeito acabou da Expo-Feira. Eu tive que nos últimos quatro anos reerguer este evento. Plano de Cargos e Salários dos funcionários públicos de Feira de Santana foi jogado no lixo. Os professores deixaram de ganhar o mínimo do mínimo e hoje eu estipulei e os professores ganham o piso nacional. Projetos para estruturar a cidade como passarelas, ciclovias, BRT – transporte de massa- já está aprovado no Ministério das Cidades. É preciso que se entenda que o governo precisava se estruturar.

Saúde

Nós temos o maior e melhor plano de investimentos em Feira de Santana. O Saúde Digital. Ainda ontem implantamos mais duas unidades do plano aqui no Parque Getulio Vargas. É um programa de investimento que dá ao sistema de atendimento à saúde a modernização. Nós não tínhamos em Feira. O atendimento aqui era muito precário. As consultas eram feitas simplesmente numa folha de papel. Fizemos o prontuário eletrônico, atendimento com a biometria. O cidadão deixa o histórico dele em todo o sistema que funciona interligado. Além do mais, a utilização dos serviços. A economicidade disso. Controlamos a atividade dos profissionais, a carga horária, evitando despesas desnecessárias. É o maior sistema público de saúde este que está em Feira de Santana e eu o fiz sozinho. Só a prefeitura. Não tive apoio do governo do estado e não tive apoio do governo federal. Já existe em Feira mais de 60 unidades funcionando com o Saúde Digital. Além do Hospital da Mulher que eu recuperei porque estava na lama. O hospital hoje tem enfermaria com ar condicionado, com televisão em todos os quartos, berço aquecido. UTI neonatal, não tinha, nós criamos mais 30 leitos deste tipo em Feira de Santana. Investimentos que aconteceram e melhoram a vida do nosso município.

Educação

Esta é uma das nossas bandeiras da atual administração. As escolas estavam muito ruins, condições péssimas. Havia escolas que os alunos não tinham condições de entrar para assistir aula. Aluno assistindo aula em casa de farinha comunitária. Sala com chão de terra batida. Sem carteira, sem separação de uma sala para outra. Plantei lousa digital nas escolas públicas, 40% das escolas têm este equipamento atualmente. Demos o fardamento completo para os alunos de Feira de Santana, que não tinha. Eles iam para a escola, às vezes, de sandália porque não tinham um tênis. Programas didáticos, distribuição de kits escolares para os alunos e professores. Agora, vamos implantar o tablet.

Tem dinheiro para isso?

Dinheiro para Educação nunca falta. Desde que nós priorizemos isto. E nós vamos priorizar.

O Senhor falou em um Bolsa Família municipal, tem dinheiro para isso?

Vou fazer. Tem município menor que Feira de Santana que faz. Por que Feira não pode fazer? Nós vamos fazer de acordo com a qualidade, a quantidade e percentual que nós possamos investir.

Segurança Pública é um assunto que está posto nas eleições municipais. A despeito de ser uma área em que o governo do estado deve atender?

Feira de Santana pelo próprio índice de violência que hoje impera, a sociedade cobra a intervenção da prefeitura. Para se ter uma ideia: aqui temos uma morte por dia. Todo dia tem que morrer uma pessoa. Nós somos o primeiro município da Bahia a criar a Seprev – secretaria de Prevenção a Violência e Direitos Humanos – vídeo monitoramento, como mais de 40 câmaras espalhadas pela cidade e sendo ampliado. Este vídeo monitoramento existe na cidade. Conseguimos pela primeira vez colocar Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiro, todo mundo junto numa sala monitorando esta cidade. Conseguimos fazer esta parceria. Fizemos parceria com governo do estado e hoje todos os nossos distritos têm viaturas compradas pela prefeitura e cedidas ao governo. Eu estruturei a Guarda Municipal que não existia antes.

O alinhamento político entre os governos federal, estadual e municipal é fundamental?

Acredito que sim. Existem determinadas obras que sozinho não tem como fazer. Esgotamento sanitário, saneamento básico são exemplos disso. É difícil a prefeitura ter como fazer isso. Ações para o transporte de massa também exigem a intervenção do governo do estado e do governo federal. Hoje, o próprio PAC da Mobilidade Urbana prevê isso.

A sua administração nos últimos quatro anos sofreu diversas denuncias tais como a do Banco Subaé, entre outras, ao que o senhor atribui estas acusações.

Todas estas ações estão resumidas no debate deles (Zé Neto e José Ronaldo) de televisão. Acabou por cair em cima deles. Tentaram jogar para cima de mim, mas voltou para cima deles.

Por que a população de Feira deve ter a chance de administrar a cidade mais uma vez?

Tinha que me dar a chance de administrar a cidade novamente para eu fazer o meu governo. Constituir a minha equipe de trabalho e começar do ponto zero. Eu trabalhei muito, mas não pude fazer tudo porque fui torpediado, fui minado, isto se configurou logo após a saída do ex-prefeito como candidato. Dificultou, mas isto não foi fator impeditivo para que a gente pudesse prosseguir. Eu agora preciso ter a oportunidade, a chance, para fazer o meu governo. Com a qualidade que eu quero. Fazer sem estas amarras, seguindo, em parceria com o povo, com a comunidade. Isento de qualquer compromisso político que deixe minha administração mais morosa e dependente de algumas pessoas.

Fotos: Daniel Pinto em colaboração ao Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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