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Zé Neto quer reparação por acusações caluniosas

Imagem Zé Neto quer reparação por acusações caluniosas
Petista acusa candidato do DEM de plantar notícias mentirosas sobre ele  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 02/10/2012, às 00h00   Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf)


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A eleição se avizinha e o clima em Feira de Santana é beligerante. Nas últimas semanas sucessivas denúncias entre os três principais concorrentes pautaram a agenda da cidade. O segundo maior município do estado tem um cenário peculiar. O ex-prefeito José Ronaldo (DEM) aparece como primeiro colocado em todas as pesquisas divulgadas e até a última semana pouca gente se aventurava a admitir a possibilidade de segundo turno, contudo, a curva descendente do representante do Democratas acabou dando confiança ao deputado estadual José Neto (PT) e ao atual prefeito Tarcízio Pimenta (PDT). Na apertada agenda do final de semana que precede a eleição, os três conversaram com a reportagem do Bocão News separadamente.

De um modo geral, todos se queixam da troca de farpas em detrimento das propostas. Confira a entrevista:

Bocão News: Reta final de campanha e você chegou a um percentual surpreendente nas pesquisas. Você acredita que este crescimento levou a campanha para o campo dos ataques mútuos entre os candidatos. Como o senhor avalia esta saída do campo das ideias, das discussões de projetos para o da denuncismo?

Zé Neto: Primeiro quero dizer que a eleição ainda está aberta e muita coisa vai acontecer até o dia 7 de outubro. Eu fui vítima, nestes últimos 30 dias ou mais, de um processo duro de ataques. Fui chamado de mentiroso, traidor, Zé bobo, Zé pongador e outras tantas situações. Por fim, fomos vítimas de duas situações extremamente duras: a primeira diz respeito a um ex-policial, que se dizia, no programa do candidato do DEM, demitido na última greve da polícia, se dizia injustiçado. Passou algum tempo me agredindo e me chamando de tudo, depois nós descobrimos que ele é um ex-policial que foi demitido por outras razões e em 2008. Foi demitido por um crime cometido em 2002 e pelo qual responde em liberdade. Os ataques dele foram duros para nossa caminhada e agora, por fim, um vereador do DEM disse que recebeu, por baixo da porta, uma gravação truncada que a própria Justiça já mandou tirar do ar.

O que o senhor chama de truncada?

Dizer que é minha voz? Vamos ver se é. Agora, dizer que GTE, que é Grupo de Trabalho Eleitoral seria Gratificação de Trabalho Extraordinário é outra coisa. Quando eu digo lá, se é que é a minha voz, que os R$ 5 mil do GTE eu cuido. Os partidos têm estes grupos, eles são legais. Dentro dos partidos ou mandatos. É um grupo e disseram que é gratificação. Isto porque não encontraram nada para me agredir e todo mundo sabe disso na minha cidade, no meu estado. A imprensa que cobre a Assembleia Legislativa sabe disso também. Mas isto tudo veio, para fazermos jus à verdade, quando dissemos num programa de televisão que ele teria três processos em curso na Policia Federal. Até porque ele havia dito durante o programa que nós éramos Fichas-Sujas, do time do Mensalão, e que ele era ficha limpa e não tinha nenhum processo. Acho que o time do Mensalão não tem nada a ver com a Bahia, não tem ninguém da Bahia envolvido com isto e Mensalão, diga-se de passagem, nós temos é que nos orgulhar de dizer que o Brasil agora é outro. Pela primeira vez na história, inclusive tendo como mais ferrenho juiz contra o Mensalão, um negro (Joaquim Barbosa), indicado por Lula e que tem a independência para fazer o que tem feito. Hoje nós temos um Brasil muito mais livre e democrático. Voltando à campanha, nós perguntamos ao ex-prefeito (José Ronaldo) como andam os três processos dele que estão em curso, caminhando. Ele pode, dentro de poucos meses, estar ao lado daqueles vários que já foram julgados e que estão com os direitos políticos perdidos. Aquela máfia que comprava ambulância superfaturada para Saúde, o chamado “Sanguessuga da Saúde”. Isto ele não respondeu e continua a me agredir e a me atacar. Deve acontecer nos próximos dias outras ações de ataques deles, como, no meu ponto vista, foi mais uma invenção a história de uma suposta bomba na casa do mesmo vereador que me denunciou. Para tentar jogar para a população um entendimento de que pudesse haver de nossa parte um ato de violência. Não existe isso. Mesmo com tudo que aconteceu eu quero deixar claro que não perdemos o nosso foco que está sobre os projetos e assim iremos até o fim. Evidentemente que respondendo algumas coisas. Porque não podemos deixar que a mentira prevaleça, mas não deixaremos de apresentar as propostas para a nossa cidade.

A última pesquisa Ibope deu 63% para José Ronaldo, 16% para você. Apesar de você ter crescido e ele caído, não há indicação de segundo turno.

Olha, tivemos dois momentos neste último período. O primeiro quando Lula veio aqui e a nossa campanha cresceu muito. Depois começaram a derramar estas denúncias e agressões de todo o tipo e a gente viu que a campanha deu uma estagnada. Nos últimos cinco dias a campanha voltou a crescer. Eu tenho a convicção de que Feira de Santana vai ter segundo turno. O que está na rua está posto. Nos últimos dias a cidade já começou a entender que é para alinhar cabeça com cabeça pensando num projeto para o povo. Ou se vai voltar a conviver com um prefeito que tem tido muita dificuldade de diálogo interno com a cidade e externo com os dois governos (federal e estadual).

Você pautou o início de sua campanha no entendimento de que José Ronaldo teve uma influência direta no governo de Tarcízio Pimenta (PDT). Neste sentido, qual a sua avaliação do governo de Tarcízio e num eventual segundo turno entre você e Ronaldo, o apoio de Tarcízio seria bem vindo?

O mais importante é chegar no segundo turno. Cada coisa tem seu tempo. Agora, que ando triste com Tarcízio (Pimenta) eu ando. Na verdade, ele tem tomado algumas posições que são bastante equivocadas. Para tirar proveito de uma polarização que há hoje de debate em relação ao candidato do DEM, ele acaba agredindo a nossa candidatura, a nossa campanha e isso deixa a gente triste. Porque durante todo o tempo, eu nunca sentei politicamente com ele para nada, mas ajudei muito a cidade durante o mandato dele. Ajudei a resolver os problemas da Saúde, Saneamento, ampliação do número de Minha Casa, Minha Vida, agradeço ao governador Jaques Wagner e ao ex-presidente Lula pelo carinho com Feira de Santana. E outras tantas ações que foram possíveis fazer com relação a convênios e parcerias com o município no plano administrativo. Então, eu acho que neste momento, o atual prefeito deveria ter o bom senso de não nos agredir porque não estamos nesta disputa se não para fazer um debate de ideias.

Qual a avaliação que você faz do governo dele?

Quem avalia é o povo. As pesquisas todas apontam uma rejeição muito grande. Acima dos 50%. O fato é que a cidade não entrou em um caos, tiveram algumas dificuldades administrativas, acho que a maioria oriunda da falta de harmonia com o time que era comandado pelo ex-prefeito. Tarcízio administrou um time que não tinha gente dele. A maioria das pessoas que estava na prefeitura até poucos dias, não digo nem poucos meses, eram pessoas do ex-prefeito José Ronaldo e que agora já voltaram e estão fazendo campanha para o ex-prefeito. Ele (Tarcízio) ficou muito refém deste cenário.

Mas ele enquanto prefeito poderia ter dado um corte nisto e mudado o secretariado?

Ele ficou muito à deriva no processo administrativo e no processo político e ficou, talvez, sem força, para fazer os rompimentos na hora adequada.

Vamos falar brevemente dos principais projetos do senhor começando com Infraestrutura.

A Trivia que são três avenidas em uma com 15,8 km de extensão, 3,5 km de suspensão. É um projeto que vai custar R$ 250 milhões que eu vou buscar junto aos governos federal e estadual.

Saúde

Um novo Hospital Geral da Cidade precisa ser feito, para que possamos atender a toda a região, com 300 leitos. O Aeroporto precisa funcionar perfeitamente. Entregar a obra da Lagoa Grande que vai ser o maior espelho d’água do nordeste. Com equipamento de diversão e de convivência com a cidade. Além das ciclovias. Temos que colocar na pauta duas grandes avenidas. Uma é a Perimetral Norte que precisa se construída Ela vai sair da Nestlé, na BR 324 para a BR 116, nas imediações do Novo Horizonte, passando pelo Aeroporto e pelo Papagaio que são áreas de desenvolvimento da cidade. Esta será uma tarefa grande que vai custar cerca de R$ 80 milhões. A outra é construir a Ceasa, para tirarmos o atacado de dentro do Centro de Abastecimento para melhorar todas as condições do centro. Vamos formular uma política mais agressiva do ponto de vista da logística da cidade, tanto com a Ceasa como pelo Centro de Logística. Tem muita coisa para ser feita na infraestrutura, nós apresentamos durante a campanha alguns destes projetos. Sem contar com a nossa expectativa de aprovar, até novembro, no PAC 2 os recursos para a construção da última bacia de Feira de Santana para saneamento, que é a Bacia do Pojuca. Feira já está com cerca de 80% contratado, 68% já entregue, vamos chegar daqui a um mês a 80% formulado e queremos agora terminar com a Bacia de Pojuca que vai fazer com que Feira tenha 100% de cobertura de esgoto.

Saúde

Construir o novo Hospital Geral, que vai ser construído no terreno da Colônia. Depois vamos construir mais quatro UPAs. Uma no Dom Pedro de Alcântara e as outras em cada região distrital. Cada uma dessas regiões vai ter Casa de Parto, com ambulância especializada e uma unidade do Samu avançada funcionando 24 horas para servir à nossa população. No Clériston Andrade vamos manter ele como hospital com duas funções. Dois blocos. Um vai ser para o tratamento de jovens com dependência química e psiquiátrica. Que vai absorver as demandas do Hospital Colônia e a outra vai ser uma unidade obstetrícia, para termos uma maternidade com mais 50 leitos, o que vai melhorar a qualidade do serviço. O município não tem oferecido este serviço adequadamente e o governo do estado acaba pegando mais esta demanda. Este é o trabalho da Saúde, que também será uma Saúde linkada com a educação primária básica, fazendo com que os agendes comunitários e de endemias sejam mais integrados nos processos de decisões e tenham melhores condições de trabalho para que possam exercer a função de tal forma que possamos melhorar a atenção básica. Vamos reformar todos os postos de saúde para termos mais ambulatórios funcionando. Estes ambulatórios vão funcionar até 22 horas para que a gente possa ter mais gente sendo atendidas, evitando o que está acontecendo hoje. Quase 40% da demanda do Clériston poderia ter a sua situação resolvida ou na atenção básica ou ter sanada a dificuldade maior na atenção ambulatorial.

Educação

Temos que pensar que Feira de Santana poderia ter 29 creches federais e só tem uma, que ainda está sendo construída e que vai demorar já estando atrasada, além disso, nós temos um trabalho consistente no sentido de fazer com que os cursos técnicos possam fazer parte do elenco dos oferecimentos da educação do município. Através dos convênios com Senai e Escola Técnica Federal, que já está instalada em Feira, para levar ao bairros mais vulneráveis, que são 10, e são responsáveis por mais de 60% da violência, oportunidade. Vamos também deixar o canal de diálogo aberto com os professores para que a gente possa conseguir estabelecer um cronograma adequado do plano de carreira, o que não vem sendo cumprido. No mais é fazer com que a Educação esteja junto com a Saúde para que a escola possa fazer uma triagem.

O alinhamento político é fundamental?

Quem mais defendeu esta história foram eles. Tinham uma campanha que dizia: a hora é essa. Quando o DEM ganhou a prefeitura de Feira de Santana após muitos anos. Mas não tem isto. Eu defendo que nós precisamos estar alinhados é com cabeça pensando na mesma direção. Eu sou deputado e não persigo a cidade, tenho, ao contrario, ajudado muito, inclusive o Dom Pedro de Alcântara, que é um hospital que ele se projetou a partir dele. Nós temos ajudado muito. A gente sabe que é importante estar alinhado no projeto, no jeito de fazer e no sentimento do porque fazer. O povo sabe que Lula, Dilma, Wagner e eu também temos condições de combinar melhor o jogo, a coversa, a parceria e os enfrentamentos às dificuldades que estão postas. Alinhar Feira é isso: trazer as cabeças que pensam melhor o país e que aqui na cidade possam ter alguém para ajudar a construir com a população o que fizemos com o Brasil. Quero que Feira seja exemplo para a Bahia de administração correta, coerente, que possa distribuir as riquezas que a cidade tem. Ampliar a industrialização, se modernizar e com a possibilidade de fazer a diferença.

Zé Neto, você enfrentou dois momentos difíceis enquanto líder da bancada governista na Assembleia Legislativa. As greves da Polícia e dos professores prejudicaram a sua largada na corrida eleitoral em Feira de Santana? Vai refletir nas urnas?

Do ponto de vista prático prejudicou pouco. Evidentemente, que sempre deixa alguns arranhões na classe média e com os professores, mas eles haverão de refletir o que vão fazer com o seu voto. Porque em oito anos de Paulo Souto foram 6,1% de reajuste acima da inflação. Conosco, em seis anos de governo Jaques Wagner, a média vai ficar em torno de 41.5%. São oito vezes mais do que Paulo Souto deu. Nós encerramos uma etapa muito fundamental para que nós tenhamos até 2014 as condições de colocar o estado no eixo. É o estado que está com o melhor perfil de dívida, depois de São Paulo, inclusive isso proporcionou que tivéssemos R$ 5.6 bilhões novos para infraestrutura e investimento gerais. A folha nossa hoje está em média 31% acima da inflação para todas as categorias do estado. Nós, neste instante, podemos garantir o seguinte: a hora do sal é a hora para saber o tamanho da nossa responsabilidade também. Eu enfrentei muita responsabilidade sendo líder, como minha avó dizia, comi muito sal com meu governador e com aqueles que apostam no nosso projeto, mas isto não nos tirou uma coisa que é a mais importante. A cada momento que você passa uma dificuldade e sabe que está fazendo o melhor para o estado você fica mais forte. Nós começamos a eleição em Feira com Wagner tendo uma rejeição que nos preocupava, nós estamos neste momento com mais de 67% de aprovação. Isto mostra a nossa vitalidade para mudar o jogo. Eu enfrentaria estas dificuldades todas novamente.

Não existiu “Mensalinho”?

Não existe “Mensalinho”. Até porque o único trecho que aparece como se eu tivesse pegado algum dinheiro não tem nada a ver com gratificação que é GTE. Se aquela voz é minha e é GTE é Grupo de Trabalho Eleitoral. Não tem nada a ver com a Assembleia, lá nós temos o GTS que é um pagamento feito depois que o funcionário sai e que não tem nada a ver com o deputado mais.

Classificação Indicativa: Livre

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