Acidente

“Foi coisa de Deus mesmo”, relembra sobrevivente de acidente com elevador no Corredor da Vitória

Vagner Souza
João Borges conversou com o BNews e contou o que aconteceu com o elevador da obra  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza

Publicado em 19/03/2019, às 19h40   Brenda Ferreira


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João Aragão Borges, 44 anos, único sobrevivente do acidente em um prédio de luxo de Salvador, falou com exclusividade ao BNews sobre a versão desconhecida da tragédia: de quem pensou rápido e pôde escapar da morte. Nesta terça-feira (19), ele prestou depoimento na 14ª Delegacia, na Barra.

Dois trabalhadores morreram na manhã de segunda-feira (18), na Mansão Carlos Costa Pinto, no bairro Corredor da Vitória, após a queda de um elevador usado na parte externa do edifício.

“Foi coisa de Deus mesmo. Duas pessoas que estavam no mesmo lugar que eu, vieram a falecer e eu consegui ficar quase que ileso. Não sei como agi no momento da queda, foi uma coisa muito rápida, coisa de segundos”. 

João tem 20 anos de experiência na área e relatou à reportagem que subiu no equipamento para começar o serviço de revestimento que seria feito na fachada do edifício. “Apresentou defeito. O pessoal que estava operando, parou o equipamento, olhou visualmente, só para ver se tinha alguma coisa na máquina, mas ela estava perfeita. Achamos melhor descer de volta”. 

“Vamos descer porque ela já fez barulho. Quando ligou para descer, ela despencou com a gente”, lembrou João Borges.

Com alguns arranhões pelo corpo e o pé machucado, o funcionário disse que, minutos antes da queda, pensou em se segurar em alguma coisa fixa da própria máquina.

“Foi isso que acho que me salvou. Quando a máquina bateu no chão eu estava 100% apoiado. Os outros dois, infelizmente, não tiveram esse mesmo pensamento que eu tive e ficaram quicando e vieram a falecer. Mas sofri pouca coisa, nada que venha me incomodar”. 

“Eles estavam presos no cinto. O pessoal, no momento, estava em cima da máquina e eu estava meio afastado. Talvez tenha sido minha idade ou meu tempo no serviço. Então [isso] me levou a me tocar. Infelizmente não pude salvar todos. No momento, eu tinha que me preocupar em encostar em algo que pudesse me salvar e fiz o certo. Hoje eu estou aqui para contar a história”, detalhou.  

João garantiu que todos estavam usando equipamento de segurança adequadamente. “Cinto, com botas de alta pressão, capacete, tudo certinho para o trabalho. Foi uma falha mecânica mesmo. Eu não posso afirmar nem que foi isso ou aquilo porque não tenho muito conhecimento da máquina, porque é de outra empresa, nada a ver com a empresa que eu trabalho. No momento, eu só subi na máquina para conhecer. Aconteceu na viagem de teste, mas tinha que subir com uma pessoa que montou a máquina para me mostrar como ela trabalha”, finalizou. 

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