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Brasil dos insensíveis

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Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 01/03/2021, às 09h54   José Medrado


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O Brasil sempre guardou a fama de ser um país de pessoas generosas, solidárias. Todavia, esta pandemia do novo coronavírus não tem evidenciado teoricamente tais afirmações. Temos visto as pessoas sem empatia, não guardando, de forma geral, as recomendações aceitas pelas organizações internacionais, em especial a OMS, vaticinadas pela ciência, das necessidades mínimas de proteção de si e dos outros para tentar conter o contágio do insidioso vírus, em especial nesta última onda. Os números estão sendo vistos apenas como meros números. Não se tem considerado que por trás deles há pessoas, vidas que se foram, famílias destroçadas. Na prática, no entanto, das pesquisas sobre o ranking de países solidários, já se sabia que o Brasil não configurava entre os primeiros, em verdade é um dos últimos em generosidade.

O último levantamento do Índice de Generosidade de 2018 da CharitiesAid Foundation – CAF (Fundação de Auxílio às Instituições de Caridade, em tradução livre), organização britânica do terceiro setor representada no Brasil pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) noticia que  os brasileiros ocupam a 122º posição do ranking de 146 países com 23% de pontuação. O Brasil é o pior colocado da América Latina.Em comparação com os dados de 2017, o Brasil estava em 75º lugar com 32%. Isso representa a queda de 47 posições. Segundo o estudo, o país se encontra 36 pontos percentuais atrás do primeiro colocado, a Indonésia, e a somente 8 pontos percentuais à frente do último lugar, o Iêmen.

Ranking dos 10 países mais generosos temos:1. Indonésia – 59%; 2. Austrália – 59%; 3. Nova Zelândia – 58%;4. Estados Unidos da América- 58%; 5. Irlanda – 56%; 6. Reino Unido – 55%; 7. Singapura – 54%; 8. Quênia – 54%/; 9. Myanmar – 54% e 10 Bahrein – 53%. Não deixam de ser constatações lamentáveis, que só evidenciam que o sentimento, não diria nem cristão, já que o Brasil é o país mais cristão do mundo, não falo dele. Falo de uma consciência de cidadania, de compartilhamento. 

Quem não tem se chocado como essas demonstrações de uma contra empatia, quando, por exemplo, vimos as recentes enchentes de Rio Branco, no Acre, onde pessoas estavam saqueando casas simples alagadas pelas águas, fazendo com que seus moradores, que haviam perdido quase tudo, ainda tinham que ficar em vigia para não deixarem roubas o que lhes restaram? Quem não se indignou ao ver aplicadores de vacinas simulando, nas vacinas de vento, a imunização de idosos, sem qualquer constrangimento? E os desvios de recursos da Saúde, em diversos Estados, sem qualquer sensibilidade com a dor dos outros? Pois é, o Brasil não é mais aquele país dos bonzinhos, o que vemos é o mal grassando e assumindo valores que se têm degradado por uma total falta de amor ao próximo. Triste, muito triste.  

Classificação Indicativa: Livre

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