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Muito passageiro para pouca vaga 

Imagem Muito passageiro para pouca vaga 
Bnews - Divulgação

Publicado em 25/10/2021, às 05h00   Victor Pinto


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Enquanto a base de Jaques Wagner (PT), no rascunho da chapa majoritária, consegue ter uma noção de probabilidades dos quadros para os acentos, na base de ACM Neto (DEM) o ritmo segue em marcha diferente. Acostumado a deixar de molho seus aliados e na hora certa, quase que nos 45 do segundo tempo, montar os quadrados como quer, o ex-prefeito de Salvador terá um bom tempo para analisar os currículos dos “candidatos a candidato”.

São três as cadeiras principais da chapa de 22: governador, vice e senador. A primeira é para um nome certo, mas a segunda e a terceira seguem com uma grande interrogação. O PSDB com João Gualberto, como eu escrevi em julho, carrega a faca nos dentes pela vice. O tucano tem dinheiro e outros acessórios para injetar em uma campanha que precisa de recursos. 

O Republicanos, da Igreja Universal, vive um momento de incertezas sobre João Roma, ministro, ficar ou não de carona nas suas fileiras. Eventual candidato a governador que seria ungido e trilhado na teologia da prosperidade está fora de cogitação e não terá guarita. Márcio Marinho quer se emplacar. Mas, na dividida, fica a escanteio. Nem sessão do descarrego resolve e as últimas eleições mostraram isso. Agora pode ser diferente?

O PDT de Ciro Gomes, cujo apoio de Neto a presidência da República não está 100% garantido, tem Felix Mendonça Júnior. Esse luta escancaradamente pela cadeira no Senado. Precisa saber da majoritária para arrumar sua vida: se sai candidato a reeleição a deputado federal, se coloca a irmã, a ex-vereadora Andrea Mendonça, ou se deixará um caminho aberto a Léo Prates. 

Quem tem dado recados no estilo “oi, sumido” é o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, que tentou guarita na esquerda em 2020 e não conseguiu a unção. Difícil o grupo netista querer um forasteiro sem uma articulação antecipada e casada desde já numa sigla de peso. Se Neto o impor, como tem o costume de fazer em determinadas situações, gerará um mau estar difícil de digerir. 

Da sigla de Neto tem outro nome: José Ronaldo. Esse tem rodado os quatro cantos da Bahia, tem feito uma agenda própria de visitas e tem buscado cavar uma cadeira importante e, convenhamos, depois de um 2018 atribulado para o grupo, cujo ex-prefeito de Feira de Santana se lançou ao desafio contra Rui Costa após o recuo de Neto, é justo buscar por um lugar ao sol. Vai ser difícil conquistar a proeza.

Das duas uma: ou ACM Neto cozinhará todas as siglas e nomes para assegurarem seus apoios irrestritos e só em meados da semana santa do ano que vem para sacramentar os nomes - o mais provável - ou buscará dar a deixa clara de como será a acomodação até para não empatar possíveis atalhos de percurso dos futuros preteridos.

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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