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Junho Verde: ESG é sobre gente

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No começo e no final, é tudo sobre pessoas  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 18/06/2023, às 06h00   Leana Mattei


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Talvez a sigla mais falada nos ambientes corporativos, atualmente, seja ESG. A sigla teve origem em 2004, no relatório Who Cares Wins (Quem se Importa Vence, do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o Banco Mundial e rapidamente foi adotado pelo mercado financeiro para a avaliação de empresas baseada em práticas ambientais, sociais e de governança. O fato que muito se diz, mas pouco se pensa sobre o que essas três letrinhas querem dizer e como elas podem ser traduzidas em impactos reais sobre a vida das populações.

A primeira pergunta inconveniente é: como falar de gestão ESG e indicadores corporativos num mundo onde mais de 850 milhões de pessoas passam fome? Como falar da versão brasileira das empresas comprometidas com boas práticas socioambientais se, em 2022, voltamos a integrar o Mapa da Fome, com mais de 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar? Não é à toa que o ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU) número 1 seja "erradicação da fome e da pobreza”, tendo como objetivo “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”. Esse talvez seja o maior desafio da humanidade do momento, mas não é o único.

Nas mesas dos conselhos das grandes corporações mundiais, a inquietação que circula é quase sempre a mesma: qual problema socioambiental a empresa irá ajudar a resolver? São tantos que é inadmissível que, ao menos um, não seja abraçado. Mas, apesar de termos uma infinidade de desafios, todos eles começam - ou deveriam começar - tendo o ser humano como centro de tudo. 

No que diz respeito ao S do ESG, que se refere à sociedade, além dos aspectos materiais de acesso ao alimento de qualidade, por exemplo, há uma gama de temas sociais, como diversidade, gestão de pessoas, contratação de terceiros, saúde emocional, responsabilidade social, projetos sociais, inclusão, representatividade, gênero, raça, etarismo, capacitismo, justiça climática, racismo ambiental. Tem de tudo. 

No começo e no final, é tudo sobre pessoas. Para além de todo CNPJ, é em cada CPF que as políticas empresariais precisam fazer sentido. Faz-se necessário e urgente que as teorias sejam, de fato, transformadas em práticas. Do contrário, estaremos apenas fazendo maquiagem de ser do bem, transformando ética em estética. 

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