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Falta a Roma um banho de terceira via

Imagem Falta a Roma um banho de terceira via
Bnews - Divulgação

Publicado em 29/11/2021, às 06h39   Victor Pinto


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A terceira via do ministro da Cidadania João Roma na disputa pelo governo do Estado não colou e nem decolou ainda. Apesar das pesquisas mostrarem um teto de 15 pontos, muito próximo do limite de Bolsonaro na Bahia, falta correr por fora e assumir um papel de oposição com as frentes atualmente polarizadas: ACM Neto (DEM) e Jaques Wagner (PT).

Roma até rivaliza com o governo Rui Costa, posta críticas contra a condução de ações petistas em detrimento, por exemplo, às obras encaminhadas pela União no Estado, mas, percebam, não existem críticas contundentes do ainda ministro contra seu ex-aliado. ACM Neto nunca foi alvo de qualquer observação por parte do pretenso candidato. Algumas posições que precisam ser demarcadas ele terceiriza a sua esposa, Roberta Roma, a quem busca transferir seu capital político a fim de viabilizá-la à Câmara.

Roma não bate de frente com ACM Neto e isso, nos bastidores, coloca em xeque toda a contenda dos dois, por mais que existam fatos que comprovam o rompimento explícito e implícito. Outro aspecto que nos traz a observação: falta coragem para assim fazê-lo, mostrando independência, de fato, do grupo político que já fez parte. Pode até não obter êxito neste momento, mas poderia ser uma construção de futuro, de uma nova frente política.

O ministro Roma, com esse contexto, ainda tem demonstrado, com a falta de pulso contra os dois polarizadores, ser um satélite que orbita o grupo, uma linha auxiliar, do que foi a senadora Lídice da Mata (PSB) em 2014 na corrida por Ondina. Naquele ano foi forçada fazer o palanque para Eduardo Campos (PSB) e romper com JW em detrimento da candidatura de Rui. Não aliviou para Paulo Souto (DEM), a época, mas também não pegou tão pesado com o petista.

Logo no início carregavam a ideia do receio de Roma tirar votos de ACM Neto que poderiam ser casados com o voto em Bolsonaro para presidente, algo que ocorreu com o grupo em 2018. Fui adepto desse raciocínio. Da divisão de voto em um mesmo grupo.

Mas agora uma corrente defende e, a cada dia fico convencido da sua veracidade, que João Roma mais beneficia ACM Neto do que o atrapalha. Vejamos: o ainda deputado do Republicanos receberia em seu colo a base bolsonarista. Seria o porta estandarte do governo e fazedor do palanque que Bolsonaro precisa para buscar manutenção eleitoral.

Puxar para si Bolsonaro isentaria Neto de qualquer digital na hoste, mesmo seus deputados federais, por exemplo, votarem bem alinhados com o Planalto com o intuito de receber suas benesses ou as emendas de relator. Isso dificultaria a tática petista, repetida reiteradamente, de que Neto é Bolsonaro e Bolsonaro é Neto.

Ou assume sua situação como opositor das duas frentes, toma Bolsonaro como seu abridor de caminhos - pois sentar no ministério da Cidadania, gestor de projetos sociais fortes, não é para qualquer um - ou sairá desmoralizado nessa queda de braço de eventual terceira via fajuta. Se ficar em cima do muro, como diz o ditado popular, vai receber pedrada de tudo que é lado.

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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