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Curso na Bahia quer democratizar produção de vinho

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Publicado em 08/10/2021, às 18h14   Pedro Vilas Boas


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Do manejo no solo à ingestão da bebida, o Projeto “Winemakers - Chapada Diamantina” quer democratizar a produção de vinhos. Associado à elite, o consumo deve ser popularizado, como explica o sommelier Marcelo Freitas, um dos idealizadores do curso. 

“Às vezes o cara quer comprar um carro mais caro pra se sentir melhor do que o cara que tem um carro mais barato. O vinho foi virando isso pra algumas pessoas. Eu quero ir no sentido contrário”, conta Freitas, em entrevista ao BNews

O projeto é realizado na sede da Vinícola Vaz, em Morro do Chapéu, e cumpre oito etapas distribuídas em 144 horas. No local, os interessados acompanharão a brotação e floração dos vinhedos, a chegada das uvas, a colheita e a vinificação até chegar a noções de sommeliaria e engarrafamento. 

As aulas serão ministradas por nomes como Jairo Vaz, Engenheiro Agrônomo, o Enólogo Flávio Durante, um dos responsáveis pela produção do projeto Testardi, e o Sommelier Marcelo Freitas. Interessados podem ter mais informações no site www.wmchapadadiamantina.com.br

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

BNews: O que te motivou a lançar o projeto?

Marcelo Freitas: Eu sou economista e morei na Europa por três anos, em Lisboa, e tive a oportunidade de aprender muito sobre vinho, virou um hobby meu, virou um hobby caro. Só que o mundo do vinho é como vários outros mundos, né? Às vezes o cara gosta de carro e quer comprar um carro mais caro. E ele usa aquele carro pra se sentir melhor do que um cara que gosta de carro, tem um carro mais barato, e o vinho foi virando isso pra algumas pessoas, e eu quis exatamente ir no sentido contrário. A gente quer tentar educar o cara que vai entrar nesse mundo. Ensinar pra ele as causas e os efeitos. Começar a ensinar um pouco sobre como o vinho é feito no solo, na terra, o relevo, a vegetação, e mostrar pra ele que o rótulo que ele bebe, o vinho que tá na taça dele é resultado de um trabalho muito mais profundo do que simplesmente a vaidade pelo vinho. 

Então, em 2020 eu comecei com a ideia embrionária, e hoje é um curso de formação pra enólogos amadores que vai capacitar pessoas que queiram atuar tanto como enólogos amadores, em suporte a enólogos já profissionais, como alguém que queira atuar na parte de restaurante, alguém que queira trabalhar na vinícola ou que quer trabalhar com o solo. É uma escola de fazedores de vinho.

BNews: As 20 vagas já foram preenchidas nessa primeira edição, não é?

MF: Já conseguimos a turma. Pra essa primeira edição a gente não vai mais abrir vaga porque já está no limite que a gente conseguiria fazer. Antes de conseguir fazer a publicidade a gente já preencheu as vagas, então, não seria possível abrir pra mais ninguém, porque aí eu estou falando hoje, no mínimo, de 20 x 60, né? Tô falando de 1.200 garrafas de vinho que vão ser produzidas por esse alunos. Então, não teria mais como abrir, mas no ano que vem a gente vai abrir de novo e quem quiser mais informações tem o site pra entrar já pra fazer uma pré-inscrição, cadastro e reserva pro ano que vem.

BNews: Qual sua expectativa para o curso?

MF: A gente tá com a expectativa muito boa. Nesse curso a gente vai ter tanto apaixonados que querem estampar seu próprio rótulo, quanto pessoas que estão buscando o vinho como uma oportunidade de negócio pra si, entendeu? Eventualmente abrir uma adega ou fazer uma distribuição ou trabalhar com a parte de turismo. Você tem aí um universo de gente que pode tá querendo fazer uma área experimental ou o cara que pode tá querendo fazer uma distribuição de vinho. A gente já conhece um pouco do perfil dessas pessoas, mas podem nascer diversos negócios, porque de fato é uma nova vertente econômica hoje no Estado. Vai desde o turismo à distribuição de vinho, a parte comercial, a produção de vinho. Então, a expectativa da gente é que nasçam alguns negócios que, inclusive, vão surpreender a gente. 

BNews: Qual avaliação você faz da produção e consumo de vinhos na Bahia?

MF: A Bahia é muito promissora em relação a terroir, né? Condições de solo, clima, relevo, vegetação. A Bahia já vem despontando com alguns produtos muito bons, a exemplo do Vale do São Francisco, que desde 2001 já vem sendo pioneiro. Então, hoje, a gente tem vinhos no Vale do São Francisco na faixa de R$ 180, um vinho, de fato, de qualidade destacada, né? Aí a gente tem mais duas zonas produtoras muito promissoras, que são a região de Morro do Chapéu, onde está a Vinícola Vaz, que é minha parceira nesse negócio, né? Em Mucugê a gente tem um projeto muito grande chamado “Vinícola Uva”,  que vai também inaugurar esse ano. 

Então, a Bahia começa a se colocar numa condição de uma boa produtora de vinhos. Com cuidado, com estudo de área, com requinte na produção de vinhos de qualidade. Eu diria pra você que, hoje, com os espumantes que a gente faz, tanto no Morro do Chapéu, quanto no Vale do São Francisco, dentro de pouco tempo o vinho baiano pode alcançar o mercado internacional com uma qualidade significativa.

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